Regresso à “normalidade”: os cuidados a ter com os atletas
Pela 3ª vez no espaço de um ano, o desporto português “recomeçou” após o isolamento obrigatório e a paragem total do desporto, em particular o de formação, e o Coordenador Técnico da secção de Patinagem de Velocidade do CS Marítimo voltou a contar a experiência do retorno à normalidade e os desafios a ultrapassar nos treinos e não só.
A expetativa para perceber quando arrancava a época 2021 era grande… os dados apontavam para abril, mas ninguém queria dar certezas. No entanto, eis que se começam a abrir algumas portas para que se reinicie a competição em maio deste ano. Com um calendário ambicioso e algumas novidades a FPP arranca com a sua época competitiva nacional a 8 e 9 de maio, com o Campeonato Nacional de Clubes. E logo num ano tão importante, onde o campeonato europeu da modalidade está destinado a ser organizado por cá, em Canelas – Estarreja!
Já aqui falámos do trabalho a efetuar em tempo de pandemia, com a grande preocupação a centrar-se em manter alguns índices de treinabilidade e condição física, principalmente para os patinadores que não estão integrados no regime de alta competição. Agora, urge pensar a forma de reintegrar / normalizar todo o processo de treino em função dos objetivos de época traçados e que, com certeza, foram ajustados em função das vicissitudes.
À primeira vista, a importância do trabalho de prevenção de lesões parece-me, desde já, fundamental. Conversando há uns tempos com o meu fisioterapeuta de eleição e amigo pessoal, Mestre Celso Silva, trocávamos ideias sobre a questão do regresso à execução técnica em situação de excelência (na pista) e em como o elevado tempo de inatividade específica poderia desencadear falta de adaptação aos estímulos provocados.
Desta forma, o princípio da progressão do treino parece-me fundamental para que se consiga voltar a dar adaptabilidade a todo o sistema locomotor em termos de gesto técnico específico, sendo que no caso da Patinagem de Velocidade será ao ato motor de patinar (na execução da técnica de reta, de curva, das partidas, das mudanças de direção e posicionamento…). Assim, urge alocar uma parte importante na prevenção de lesões, estimulando de forma adequada as estruturas mais solicitadas em contexto de ação técnico-tática específica, aproximando-se gradualmente do contexto de prova. Mesmo havendo um grande foco na componente física geral esta não substitui de forma alguma a preparação específica para o regresso ao ativo em modo “normal”.
A execução do gesto técnico fracionado com complementaridade de estímulos ao nível propriocetivo (pequenos desequilíbrios, placas de instabilidade e outros aparelhos), o trabalho de controlo motor (fundamentalmente ao nível do CORE, estrutura importantíssima para o ato de patinar através da estabilização da bacia e evitando desequilíbrios contraproducentes à otimização do gesto técnico) e um bom plano de compensação para “normalizar” a postura parecem-me ser aspetos deveras importantes para que se consiga continuar a evoluir em termos desportivos e tentar evitar paragens por lesões advindas da supersolicitarão das estrutura locomotoras que servem o patinar. Em caso de dúvida, contacte um especialista!