Provas de Indoor: necessidade ou “moda” da Patinagem de Velocidade?
No passado fim de semana decorreu o segundo Campeonato Nacional Indoor da época, destinado aos escalões de Iniciados, Juvenis e Seniores. Já há cerca de 15 dias tinha decorrido o campeonato destinado a Cadetes e Juniores, embora os intervenientes nos dois campeonatos não oscilem muito devido às subidas de escalão permitidas pelos regulamentos nacionais.
Desde há alguns anos a esta parte a FPP voltou, na minha opinião bem, a organizar estes Campeonatos Nacionais, embora tenha sido sempre muito discutido em que fase da época é que estes deveriam ser levados a cabo. Já foram na parte final da época, agora são na fase inicial da época, tendo sempre em conta que a época funciona por ano civil. E aqui começam as discordâncias: primeiro, porque tendo em conta toda a organização da sociedade portuguesa, a época por ano civil não favorece a modalidade; depois, porque o fator clima também condiciona a organização de eventos ao ar livre entre outubro/novembro de um ano e março do ano subsequente; e para terminar, qual o verdadeiro propósito da realização destes campeonatos?
Defendo desde há algum tempo que o indoor é uma vertente muito técnica na nossa modalidade e o patinador português não é, por excelência, um patinador muito técnico. Logo, esta vertente faria sentido no início da época, tal como vem sendo feito nos últimos anos. Mas é dada realmente essa importância aos Campeonatos Indoor? Temos pavilhões adequados para a realização destes eventos?
Se formos analisar o panorama internacional, verificamos que existem países como Itália, França, Áustria, Inglaterra, Estados Unidos (para citar os que tiveram mais visibilidade mediática este ano nas redes sociais) que realizam este tipo de provas em pavilhões idênticos as nossos, com a exceção dos americanos (que é um mundo à parte neste âmbito dos “indoor”). Os italianos fizeram este ano um campeonato “indoor” numa pista coberta, o que quanto a mim desvirtua o conceito da competição.
A essência técnico-tática acaba por se desvanecer, embora se tratasse de uma pista com algum cariz técnico dado o tipo de relevê. Mas quanto a mim, as provas em pavilhão trazem uma riqueza muito grande, desde a capacidade e consistência técnica, variantes de trajetórias, destreza e velocidade de reação / tomada de decisão. Não precisamos é de equiparar as provas de indoor às de pista… pois são variantes distintas, mas que se complementam.
Outra variável a ter em conta: quantos treinos semanais têm os patinadores mais evoluídos em pavilhão? Desenvolvem competências que possam por em prática neste tipo de campeonatos? Ou deixamos apenas os mais novos no pavilhão para quando chegamos a Cadetes enveredar apenas pelo treino de pista e estrada? Não havendo Campeonato da Europa e do Mundo de Indoor entende-se como desperdício de tempo trabalhar o Indoor nos escalões mais velhos… será mesmo?
E então o que pretende Portugal? Organizar uma competição de arranque de época, pura e simplesmente, ignorando os benefícios que uma vertente desse tipo pode trazer aos seus patinadores? Ou proporcionar um espaço de evolução técnico-tática? Aqui precisamos, então, de rever toda uma série de fatores, a começar pela regulamentação destas provas (tipos de prova a efetuar, forma de ajuizamento, etc.) para que efetivamente se possa tirar partido destes investimentos. Isto entronca, evidentemente, num suposto plano de desenvolvimento da modalidade que ainda não é do conhecimento das Associações e Clubes. Pode ser que esteja para breve. Esperamos nós…