“Já estamos a Rolar!” – Técnicas de Iniciação à Patinagem (parte 2)
Depois de termos abordado a primeira fase da patinagem propriamente dita, através da locomoção básica e ganhos obtidos com o posicionamento do corpo, hoje vamos falar sobre a utilização do peso do corpo na patinagem e o domínio global dos patins.
Qualquer gesto técnico de uma qualquer modalidade desportiva visa acima de tudo obter o máximo rendimento com o mínimo de esforço ou gasto energético. Assim, a patinagem em linha concebe também uma forma de deslocamento sobre rodas otimizando a energia disponível.
Neste conceito encaixa a utilização do peso do corpo como forma de potenciar a propulsão/impulsão que permita patinar com o menor esforço e maior velocidade.
Acima de tudo esta uma fase de grande perceção corporal, sendo que todos os exercícios/tarefas propostas servirão, acima de tudo, para que o patinador sinta que obtém um maior rendimento com determinado gesto ou colocação dos segmentos corporais. Também se pretende que o patinador controle os patins e não que seja controlado por um conjunto de desequilíbrios.
A corrida lateral, onde o patinador faz passar um pé sobre o outro de forma alternada, irá permitir que seja fornecida propulsão durante um momento de curva / mudança de direção. Se o peso do corpo for colocado na direção do deslocamento iremos obter um rendimento extra e maior facilidade na execução deste movimento.
Percebendo/sentindo como colocar e dominar os apoios relativamente à inclinação do conjunto pernas/bacia/tronco (como para curvar ao andar de bicicleta e de mota) teremos chegado a uma forma de propulsão mais eficiente: a passada de curva. O cruzamento para a frente irá tornar-se numa forma de manter a propulsão mesmo em situação de curva se o diâmetro da mesmo o permitir.
Caso a curva seja mais fechada, poderá sempre utilizar os dois pés em paralelo para a descrever ou até mesmo fazer a aproximação dos calcanhares (com um patim em cada sentido do deslocamento) e utilizando a inclinação do tronco em relação ao centro da curva descrita para “negociar” a trajetória a efetuar.
Será esta uma boa fase para também explorar duas novas situações intimamente ligadas à utilização do peso do corpo e domínio dos patins: deslize de costas (após meia volta) e travagens.
A necessidade de dominar os patins conduzirá, inevitavelmente, à necessidade de travar. Assim, poderemos sutilizar duas travagens mais simples: a travagem convergente (colocando os pés com a frente convergente e os calcanhares afastados) ou a travagem em V, L ou T (utilizando um dos patins para frenar o deslocamento através da sua colocação no solo perpendicularmente ao mesmo – e desenhando um L ou T).
Através do equilíbrio a um pé já trabalhado anteriormente conseguiremos a colocação de um dos pés nesta posição ou, no caso da travagem convergente, manobrando o peso do corpo e a sua relação com a força aplicado no solo com os pés em convergência.
Podemos ainda iniciar a exploração de saltos com saída e aterragem nos dois pés com o objetivo de aumentar o equilíbrio / domínio dos patins.
Mais uma vez o conselho é para serem criativos! Os exercícios apresentados não são um fim em si mesmos, mas apenas ferramentas para atingir as competências propostas no início para a aprendizagem da patinagem.
Leiam um pouco mais sobre a Patinagem de Velocidade:
Batista, P. (2002). “Iniciação à Patinagem: patins de rodas paralelas e em linha”. CEFD/FPP
Figueiredo, F. (2015). “Abordagem da Patinagem na Escola – documento de apoio”.