“Cheguei a sénior: e agora?”, uma questão de todos os desportos
Muitos são os desportos em que os praticantes ponderam e, na grande maioria das vezes, abandonam a prática desportiva ao chegarem ao Ensino Secundário. Essa situação ainda se agrava mais quando chegam ao escalão de seniores, geralmente coincidente com a entrada na idade universitária. Como é óbvio, a Patinagem de Velocidade não foge à regra.
Podemos constatar nas competições nacionais de Patinagem de Velocidade que o numero de patinadores seniores em atividade é muito diminuto.0
Se nas modalidades olímpicas essa realidade ainda se vai esbatendo por força dos (parcos) apoios a essas mesmas modalidades, nas que não são olímpicas essa dificuldade torna-se ainda mais acentuada. No entanto, estaremos nós a fazer tudo ao nosso alcance para que esta realidade seja diferente?
Sabemos de antemão que a vida académica no ensino superior e até mesmo no secundário, bem como as exigências que essa faixa formativa acarretam são superiores até pelo próprio modelo educativo em vigor.
Porém, a conciliação entre a vertente desportiva federada ou de alto rendimento e um percurso académico de excelência são muitas vezes dificultados por inércia das Instituições quer académicas, que não valorizam o esforço de conciliação desta duas áreas importantes na vida de qualquer aluno, nem por parte das Federações, que assumem que os atletas destas idades “já deram tudo o que podiam” ao seu desporto.
Até por todas as questões relacionadas com a abordagem e treino das várias modalidades, a esmagadora maioria dos atletas (onde a Patinagem de Velocidade é um caso flagrante) não atinge sequer o auge do seu potencial de treino, pois as medalhas conquistadas com 8, 9 ou 10 anos é que são as que importam.
E como “ninguém vive disto…”, a opção é quase sempre a de relegar para segundo plano ou abandonar a prática desportiva federada ou de alta competição. Quando as Federações e Clubes se demitem de tentar cativar com todos os meios os atletas para se manterem na modalidade, dando o seu contributo através da experiência que adquiriam ou de prestações internacionais (sim, em Juniores e Séniores é que o resultado passa a ser a meta por excelência, pois é também quando a maturação biológica e psicológica está no seu auge), apoiando com projetos válidos para a obtenção da excelência desportiva e criando uma perspetiva de futuro para os seus praticantes.
O que acontece em muitas modalidades, entre as quais a Patinagem de Velocidade de forma dramática, é que se fica à espera que os clubes façam (e bem) o trabalho de projeção e apoio dos seus patinadores, mas depois não existe continuidade desses projetos (nem tão pouco articulação) com qualquer espécie de projeto federativo para que os patinadores (neste caso) tenham vontade de tomar opções de conciliação entre os estudos e a sua prática desportiva a partir dos 16 anos… E se Portugal tem obtido resultados de relevo ao longo dos últimos anos, imaginemos o que não teria sido que houvesse realmente uma ideia sustentada de trabalho que permitisse enquadrar as várias gerações de patinadores que foram verdadeiramente “queimados” no seu percurso desportivo nos últimos anos.