Futsal: o que esperar da pré-época

Terminou a época, muitos jogos, muitos treinos, muitas dores de cabeça, algumas boas outras autênticos pesadelos, tudo isto faz parte da vida de um treinador. Finda a época, é altura de descansar, fazer ‘reset’ para iniciar a próxima época, esperando que tenhamos clube/projeto para continuar a exercer o nosso trabalho e a colocar em prática o que vamos imaginando, pensando e moldando, mas antes disso, há que voltar a trabalhar, trabalhar na ‘off-season’.

No mercado do feminino, não é abundante. Poucas jogadoras, muito envolvidas na região geográfica, e não são todos os clubes que tem capacidade de trazer jogadoras por exemplo, do sul do país para o norte, o vice-versa.

Por isso, o leque de escolha é limitado, os clubes andam a tentar angariar as melhores jogadoras e é uma altura estranha, mas com o plantel fechado, o que esperar da pré-época?

Clube novo? Clube já com pelo menos um ano de trabalho? São coisas diferentes.

Continuação no clube – adaptar às necessidades – inovar e melhorar condições

Clube novo tem de haver uma adaptação – equipa técnica – staff – jogadoras

Mas existem linhas gerais que acredito que sejam importantes quer num caso, quer no outro, ora vejamos.

Construção do nosso modelo de jogo, trabalho mais complicado talvez de fazer passar do papel à prática. Inicialmente, perceber as atletas que temos e o que podemos esperar delas, perceber o melhor que elas trazem ao jogo e à equipa e criar o modelo de jogo relativamente a essas informações, mantendo a nossa identidade – mas adaptado ao contexto – nacional, distrital, séniores, formação, etc.

Ideia principal, introduzir os conceitos de jogo, na minha opinião de conceitos macro (maiores) para micro (menores), aos poucos elaborando as ideias/conceitos/fundamentos que nos irão dar a base/alicerces ao nosso modelo de jogo – perceber por onde ir, o que esperar e o que alterar são ideias fundamentais para que no final da pré-época, a equipa tenha o maior número de conceitos assimilados.

Objetivos, falar abertamente e sem rodeios, sobre os objetivos que são pretendidos ao longo da época, assim como, por objetivos ir começando a implementar os conceitos básicos do modelo de jogo, perceber se as atletas se sentem confortáveis com o modelo de jogo, se acreditam nele, fazer ver o porque desta ou daquela abordagem, explicando sempre de um modo abrangente para o individual e particular, para que cada jogadora saiba o que vai ser esperado dela, e o que o treinador espera dela, idealmente é quando as duas ideias/personalidades vão lado a lado e trabalham e crescem em conjunto.

Preparação, a periodização é algo já habitual nos treinadores, e o treinador de futsal, se quer evoluir, crescer, tem que periodizar os seus treinos e os seus conteúdos – organizar tudo – modelo de jogo, ataque, defesa, estratégia, tudo isto tem que estar em sintonia antes do primeiro jogo da temporada, para a partir daqui todos, crescerem e evoluírem.

Acredito que os modelos de jogo não são estanques, transformam-se e evoluem, o treinador que não o faz, não evolui nem faz as suas jogadoras evoluírem, as equipas evoluem e são transformadas, resta é perceber o caminho para onde podem evoluir e como podem ser transformadas.

Por último, COESÃO DO GRUPO, é talvez o assunto mais importante, podemos ter um modelo de jogo completamente adaptado às atletas que temos, podemos ter as ideias todas lá, todas saberem tudo, o que é para fazer em determinada situação, planeamos tudo ao ínfimo pormenor, organizados e metódicos, MAS se não tivermos espírito grupal, se o grupo não funcionar, esqueçam que não se vai a lado nenhum.

Na minha opinião, pela minha experiência, essa coesão de grupo cria-se com pequenos passos, formar um bom grupo, fortalecer os laços que aos poucos, quanto mais o grupo estiver coeso, melhor será a resposta em momentos de adversidade, e isso é o mais importante, é o que se faz após uma queda, todos juntos, irão conseguir levantar-se muito mais rapidamente.