A Vitória dos Blues na Stanley Cup e a mudança do paradigma de gestão dos GMs
Cenário negro e de transição nos St. Louis Blues
Se analisarmos ao pormenor o feito dos St. Louis Blues no ano passado e como isso está a influenciar radicalmente o modo de gestão de alguns General Managers das equipas da NHL, podemos constatar aqui uma relação de causa-efeito, visto que mais ou menos por esta altura, no ano passado, os St. Louis Blues se encontravam em último lugar na conferência Oeste, sem rumo e com toda a gente já a pensar que aquela época só iria servir para a obtenção de uma boa draft pick, isto é, completamente perdida.
Reviravolta e superação contra todas as expectativas
Mike Yeo, o head coach naquela altura foi despedido e o seu adjunto, Craig Berube assumiu funções supostamente temporariamente, Doug Armstrong, GM dos Blues admitiu mesmo que iria fazer uma busca intensiva por “Head Coaches europeus, de equipas universitárias e até mesmo de equipas de formação”. Contudo, esta busca pelo treinador ideal foi demorada e após a aposta de Berube no guarda-redes Jordan Binnington e uma série do maior número de vitórias consecutivas (11) da história do franchising, o ex-adjunto continuou no leme até ao fim da temporada e o resto já se sabe, é história!
Cemitério dos Head Coaches
Na presente temporada e após os controversos e polémicos despedimentos de treinadores (sem considerar o caso dos New Jersey Devils devido ao facto de serem um franchising em reconstrução e não candidatos) como Bill Peters dos Calgary Flames devido ao escândalo racial trazido à tona por um ex-jogador, de Jim Montgomery dos Dallas Stars por problemas de alcoolismo, de Peter DeBoer dos San Jose Sharks pelos maus resultados ou ainda de Babcock dos Toronto Maple Leafs pela mesma razão do último mencionado, os GMs Brad Treliving (Calgary), Jim Nill (Dallas), Doug Wilson (San Jose) e Kyle Dubas (Toronto) seguiram os Blues (tirando o caso dos Leafs em que em vez do adjunto, optaram por contratar o treinador da equipa satélite da AHL) e começaram respetivamente por apostar no modelo de sucesso de Doug Armstrong na temporada passada.
Análise detalhada da ascensão dos Interinos
Atualmente, os interinos ainda se mantêm nos lemes das equipas referidas acima e excetuando os Sharks, em que o sucessor Bob Boughner (6-9-1) não fez nada de melhor ou diferente com a equipa, as outras 3 equipas tiveram claramente uma melhoria significativa quer nos estilos de jogo, quer nas respetivas tabelas classificativas.
No caso de Toronto, Sheldon Keefe (16-7-3) assumiu uma equipa cheia de “vedetas” como Matthews, Tavares ou Marner, sem um hóquei objetivo e com muitas lacunas para resolver, provavelmente a equipa na NHL da qual os media e a enorme massa associativa mais exigem, com isto foi provavelmente destes 4 o treinador que mais pressão sobre os ombros tinha na altura em que foi “atirado aos leões” e para já conseguiu colocar novamente a equipa na corrida dos playoffs, tirar um maior proveito dos melhores jogadores e ainda combater algumas lesões constantes de outras peças fundamentais. Em suma e para já, está a fazer um trabalho claramente melhor que o de Babcock mas ainda longe de ser um trabalho perfeito, principalmente por causa a equipa galática que tem em mãos.
No caso de Calgary, Geoff Ward (14-7-1) mexeu mais nas linhas de ataque e conseguiu para já arranjar um papel mais importante para jogadores jovens como o Mangiapanne ou Dube e ainda de Lucic, cujo salário e exibições não têm lá muita proporcionalidade desde o início da época e desde a chegada de Ward ao comando principal que as suas exibições não têm sido brilhantes, mas sim “menos más”. Passaram também de um 11º lugar na conferência para uma luta acesa a 5 equipas do Pacífico pelo 1º lugar da divisão e ao mesmo tempo por um lugar nos playoffs. Penso que ainda é difícil perceber se o trabalho deste treinador é uma melhoria ou apenas a continuação do trabalho de Bill Peters apenas com uma lufada de ar fresco que ainda dura…resta saber é se é a sério e quanto tempo irá durar!
No caso de Dallas, Rick Bowness (10-6-1) acredito ter sido para já a melhor transição destes casos todos, isto porque as expetativas criadas no início da temporada com Montgomery estavam altíssimas principalmente depois do trabalho protagonizado na época passada pelo mesmo e pelas contratações dos free agents e lendas Pavelski e Corey Perry que não estavam a corresponder à sua qualidade, estando a equipa toda dependente das individualidades de Seguin e do rookie Hintz. Com a ascensão de Bowness, não só as prestações de todos estes jogadores têm sido rentabilizadas como ainda a aposta no outro rookie Guryanov os fez passar de um modesto 12º lugar na conferência para uma disputa atual pelo 2º com os Colorado Avalanche.
Continuação da aposta em Treinadores Interinos? Para manter ou apenas uma fase?
Como indica o título e depois de toda esta análise detalhada, creio que é cedo ainda opinar de forma concreta e absoluta sobre esta nova aposta generalizada dos GMs na “prata da casa”, todavia os aspetos positivos deste novo modelo de gestão são certamente o facto de para além de ficar mais económico aos franchisings promover alguém que estava abaixo na hierarquia a contratar treinadores caros e com currículo e ainda destronar certos “velhos caros do restelo” como Babcock e dar oportunidade a uma nova geração de treinadores que ou estão na fase de desabrochar, ou então, como foi o caso de Berube, treinadores que passaram uma carreira inteira à espera de uma oportunidade para mostrar o que valem.
Acredito certamente que para este modelo de gestão pegar, teremos de esperar a longo prazo e também estar dependentes do sucesso destes interinos.