Quão longa será a Dinastia dos Warriors?

João PortugalJunho 23, 20186min0

Quão longa será a Dinastia dos Warriors?

João PortugalJunho 23, 20186min0
O GM dos Warriors, Bob Myers, ficará para sempre ligado à grande dinastia do século XXI na NBA. Dificilmente o resto da NBA voltará a deixar acontecer algo assim. Analisamos os principais pontos que permitiram este domínio que não vai parar tão cedo.

Os Golden State Warriors ganharam mais um título da NBA, o terceiro troféu Larry O’Brien em quatro anos. Criaram a última dinastia da liga e não mostram qualquer intenção de parar. Numa semana em que surgiram rumores de que Kawhi Leonard pode provocar uma revolução e erguer uma nova super equipa em Los Angeles, levando os Lakers a fazer trocas para conseguirem Lebron James e um de Damian Lillard, Paul George ou DeMarcus Cousins, continua a parecer que ficará sempre aquém deste plantel fabuloso montado em Oakland.

Há muito tempo que não aparecia um plantel tão bem estruturado que fosse capaz de assustar e criar uma revolução tão grande nesta liga. É o actual plantel perfeito. Conseguem sempre ter ball handlers, shot creation, lançadores, capacidade de trocar na defesa sem criar desequilíbrios que os adversários possam explorar e abusar em cada ataque (basta ver quão Steph Curry se esforçou a defender contra Houston e Cleveland nestes playoffs). Mesmo assim podiam ter perdido em 6 ou 7 jogos na Final do Oeste…portanto em que é que ficamos?

Este artigo serve principalmente para dar mais mérito a Bob Myers, o General Manager dos Golden State Warriors, que por esta altura já ganhou tantas vezes Executive of the Year, como Curry MVP’s ou Durant Finals MVP’s, dois. Steve Kerr só tem um prémio de Coach of the Year. Será mais por haver fantásticos treinadores na NBA ou porque o seu real valor aparece nos momentos em que os Warriors andam à deriva e a sua capacidade motivadora de fazê-los jogar ao mais alto nível, de “carregar no interruptor”, quando têm que ser decisivos? É um pouco das duas, mas sem achei Kerr limitado em certos aspectos técnicos e na gestão das rotações, principalmente nos playoffs. Contudo o homem ganhou 3 títulos em 4 anos com esta malta, por isso não vale a pena continuar a criticar, ok?

Myers juntou-se a Golden State em Abril de 2011 como Assistant GM, mas no importante draft de 2012, já tinha sido promovido ao cargo que ocupa actualmente. 2012 foi o ano de viragem neste franchise, rumo ao primeiro título em 40 anos, em 2015. Tinham 3 escolhas e conseguiram Harrison Barnes, Draymond Green e Festus Ezeli. Barnes será sempre gozado pela fraca prestação na Final de 2016, pelo facto de achar-se merecedor de um max contract nesse ano ou por fazer parte do big four dos Warriors, o que é certo é que teve de defender Lebron James em centenas de posses de bola nos primeiros anos de carreira.

Green foi o grande achado de Myers – Fonte: GoldenStateofMind.com

Ezeli teve o salto para o estrelato depois de sucessivas lesões de Andrew Bogut e ajudou imenso Draymond Green em match ups contra postes muito maiores antes de Draymond ser Draymond, o defesa mais versátil que alguma vez vimos. Ezeli saíu no verão de 2016, com Barnes porque os Warriors tinham um plano grandioso para executar e precisavam de cap space, porém o contracto que assinou com Portland nesse verão (16 M$ por 2 anos) parecia justo considerando a progressão na carreira, a necessidade da equipa e o enorme aumento do cap. Infelizmente, os problemas nos joelhos não o deixaram em paz desde então.

Outra altura que se tornou fundamental foi a offseason de 2014, pela aposta feita em Klay Thompson, draftado em 2011 (primeiro ano de Myers na Bay Area), 11º lugar, à frente de Kawhi Leonard ou de Jimmy Butler (não, ninguém alguma vez criticará os Warriors por escolherem um Hall of Famer à frente de outros, só estou a escrever isto porque toda a gente goza com os Timberwolves por draftarem Jonny Flynn e Ricky Rubio à frente de Steph Curry, mas…espera lá?! Minnesota tinha a 2ª pick no draft e escolheu Derrick Williams à frente de Thompson, Leonard e Butler? Podem sempre rir-se dos Wolves!)

Por que é que fiz esta piada de mau gosto sobre um franchise que nada está relacionado com este artigo? Porque queria introduzir o facto de a posição de General Manager ainda ser a mais “incompetente” da liga e terminar a importância do verão de 2014. Portanto, Klay Thompson ia ser trocado por Kevin Love, dos Wolves, ah bolas, afinal Minnesota estaria sempre ligada a este artigo, Bob Myers não queria incluir Klay nessa troca mas acabou por ceder.

O significado de 3&D – Fonte: Bantumen.com

Felizmente para Oakland, Jerry West, que na altura tinha uma posição de conselheiro nos Warriors, não permitiu que o negócio fosse para a frente porque viu the bigger picture. A NBA caminhava para uma era de run and gun, onde Thompson se tornaria elite, enquanto que Love teria dificuldade em adaptar-se.

A decisão, naquele momento, foi espectacular, mas Kevin Love acabou por adaptar-se bem à NBA moderna, ao lado de Lebron James nos Cavs. Todavia, quando o Logo da NBA ameaça demitir-se se fizerem algo contra a sua vontade, é muito provável que ir avante com tal coisa seja um tremendo erro.

Voltando à incompetência dos GM’s, para terminar, o meu objectivo não é criticar X ou Y pelo historial de más decisões que têm à frente de um franchise. Simplesmente defendo que é a posição que mais garante o sucesso das equipas. É quem toma as decisões no draft, negoceia trocas e contractos, ainda por cima nas principais ligas norte-americanas existe a preocupação adicional de gerir o tecto salarial, ou seja um mau contracto pode hipotecar as hipóteses de uma equipa lutar pelo título durante muitos anos. Um treinador fora-de-série só poderá superiorizar-se a um bom treinador até certo ponto. Um GM fora-de-série pode criar dinastias, por muito boa que seja a concorrência.

Não existe qualquer incompetência ao mais alto nível das organizações da NBA. A pessoa que em 2016 decidiu dar 136 milhões de dólares distribuídos por 4 anos a Luol Deng e Timofey Mozgov no primeiro dia de free agency foi contractada para o cargo de GM dos Charlotte Bobcats há dois meses. Há outra pessoa que vendeu Jordan Bell aos Warriors por 3,5M quando não iria lutar por nada na temporada que terminou e trocou Jimmy Butler por Lauri Markkanen e dois bases com tendências para lesão elevadas que nunca terão jogo para a NBA moderna, e ainda teve de dar uma escolha de primeira ronda no negócio. Há um GM que se chama Vlade Divac.

Os Warriors vão continuar a ganhar, o ano da reviravolta da liga era este, o resto da NBA falhou. Agora só os problemas que surgirão com as renovações de Klay Thompson e Draymond Green, juntamente com o aproximar do final de carreira de Andre Iguodala, abrandarão a dinastia de Oakland. Isto é, até Anthony Davis se juntar a Kevin Durant e Steph Curry num par de verões…

 

Inevitável? – Fonte: GoldenStateofMind.com

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