Boston Celtics: uma história de sucesso sem final à vista

Rui MesquitaAbril 4, 20187min0

Boston Celtics: uma história de sucesso sem final à vista

Rui MesquitaAbril 4, 20187min0
Os Boston Celtics são, neste momento, segundos no Este. O que esperar do presente e futuro dos verdes da NBA?

Depois de uma final de conferência perdida para os Cleveland Cavaliers, muita coisa mudou em Boston. Do plantel da época passada mantêm-se Jaylen Brown, Al Horford, Terry Rozier e Marcus Smart. Mudanças radicais que Brad Stevens (treinador) teria de encaixar em apenas uma época. As adições de Irving e de Gordon Hayward seriam as mais sonantes, mas Hayward lesionou-se no primeiro jogo da época. Sem o ex-Jazz, o planeamento para época foi por água abaixo.

Apesar do duro revés podemos, agora, ver que a época tem sido excelente em Boston. Segundo lugar no Este (a 2 jogos de Toronto) e a melhor defesa da Liga. Em que se assenta o sucesso desta equipa?

Gordon Hayward prometia elevar a equipa a outro nível até se lesionar no primeiro jogo da época (Foto: The Boston Globe)

Defesa, o alicerce dos Boston Celtics

A grande diferença em relação à época passada é a defesa montada por Brad Stevens. Se é verdade que Boston trocou Isaiah Thomas (onde residia uma lacuna defensiva gigante), é também verdade que Kyrie Irving não é um defensor de elite. Para além disso os Celtics perderam Avery Bradley e Jae Crowder, dois dos seus melhores defensores.

Boston passou de 108.4 em Defensive Rating (pontos permitidos por cada 100 posses) no ano passado para 103.7 esta época. Passaram de 13º na Liga para 1º. São, assim, a melhor equipa a defender em toda a NBA. Tudo isto com um plantel praticamente novo.

O segredo é motivação. Irving sempre foi capaz de defender bem apenas era desleixado em Cleveland. Com um treinador que o motiva a defender, o base melhorou a olhos vistos. Esta é, também, a vantagem de ter um plantel muito jovem. A motivação de jogares como Jayson Tatum, Jaylen Brown, Rozier e Smart é impressionante. Lutam por cada bola como se fosse a última e, mesmo com erros próprios da juventude, mostram-se muito inteligentes a defender.

A defesa de Boston traduz-se na mais baixa percentagem de acerto de triplo pela equipa adversária. É impressionante como Stevens montou um sistema tão sólido em tão pouco tempo. Diz-se, em vários desportos, que a defesa vence campeonatos. Sem dúvida que o sucesso desta equipa no presente e futuro se baseia neste lado do campo.

A motivação trouxe o melhor de Irving defensivamente (Foto: CelticsBlog)

Ataque, onde Hayward faz falta. Ou não?

A nível ofensivo as coisas não estão tão famosas. De 111.2 de Offensive Rating (pontos conseguidos por cada 100 posses) na época passada para 107.9 esta época. Boston era 8º na Liga para agora ser 17º. A ausência de Hayward é, claro, um fator importante. Ter um jogador que, no seu último ano, apresentou uma média de 21.9 pontos por jogo ajuda qualquer equipa. Mas a perda desta estrela não explica tudo.

Brad Stevens é conhecido pela sua ofensiva empolgante. Muito movimento sem bola, muitos passes sempre à procura do melhor lançamento. Um excelente uso dos 24 segundos com múltiplos screens e muito uso do hand-off. O hand-off é um movimento em que um jogador entrega a bola na mão do outro bloqueando o defensor adversário. No ano passado a ofensiva de Boston era uma das mais organizadas e eficazes da Liga. O que mudou então?

Perder Bradley e Crowder foi um duro golpe. Dois dos maiores contribuidores do ano transato e dois pilares da movimentação dos Celtics. Sem Hayward, as movimentações passam por Jayson Tatum e Jaylen Brown. Ambos são excelentes ofensivamente, mas ainda tem que melhorar nas movimentações sem bola. Por outro lado, Al Horford está a lançar surpreendentemente bem de triplo (43.5%) juntando mais uma arma à armada verde.

De destacar também a contribuição do banco. Terry Rozier, Marcus Smart e Marcus Morris têm todos mais de 10 pontos por jogo como suplentes.

Com a lesão de Irving, é o rookie Tatum que assume a ofensiva dos Celtics (Foto: NBC Sports)

Irving, a estrela maior da constelação

Apesar das razões apresentadas anteriormente, o ponto fulcral da ofensiva de Boston é, claro, Kyrie Irving. O base é motivo por que o ataque funciona tão bem e o motivo por que não funciona como no ano passado. Parece um paradoxo, mas faz sentido! Irving é, com bola, um dos melhores da NBA. O seu drible é fenomenal e o seu ataque ao cesto muito eficaz. A isto junta um bom lançamento de triplo e de meia distância. Mas então qual é o problema?

Irving encaixou bem na ofensiva de Boston, leva 24.4 pontos por jogo com a melhor percentagem de acerto da carreira. É nas assistências que reside o problema. Irving é um excelente passador, mas ainda não o mostrou neste sistema. Kyrie leva 5.1 assistências por jogo, menos 0.7 que na época passada, mas em Cleveland era LeBron que comandava grande parte da ofensiva. Isaiah Thomas terminou a época passada com 5.9 assistências por jogo, bem acima do que tem feito Irving.

Mas Irving está na sua melhor forma de sempre como lançador. A facilidade em criar o seu lançamento que o sistema de Boston lhe oferece faz milagres. Só em clutch time (tempo quando, nos últimos 5 minutos de um jogo a diferença de pontos é de 5 pontos ou menos), Irving leva 4.2 pontos por jogo com 47.5% de acerto. Números que o colocam entre os melhores nos jogos decisivos.

Irving ainda tem de se moldar melhor ao basquete de Boston e de Brad Stevens e vice-versa. Mas juntos, estão num bom caminho para o sucesso.

Irving é um dos jogadores mais clutch da NBA (Foto: TopGlobalNews)

O futuro é sorridente em Boston

Mesmo sem Gordon Hayward o presente dos Celtics é muito prometedor. São segundo no Este e com o regresso de Irving durante os playoffs a equipa pode surpreender na Conferência. Mas o sonho do título não tem o seu auge este ano.

Com um dos planteis mais jovens da NBA, Boston tem um futuro bastante promissor. Irving tem 25 (e mais um ano de contrato) e Hayward tem 27 (com 3 anos de contrato). Duas super-estrelas no seu auge que, na próxima época prometem fazer estragos. Jayson Tatum (19 anos) e Jaylen Brown (21) tem futuros brilhantes à sua frente e Boston é lugar certo para crescerem. Com as oportunidades certas e um treinador que tira o melhor de cada jogador, o céu é o limite para ambos.

Assim, mesmo que os Celtics não cheguem longe nos playoffs, voltarão mais fortes no próximo ano. Terão um dos bancos mais regulares da Liga, dois titulares em galopante ascensão e duas estrelas incríveis. O presente é bom em Boston, mas o futuro parece ainda melhor!

Com um plante jovem e muito equilibrado, o génio de Brad Stevens pode criar um futuro brilhante em Boston (Foto: CelticsBlog)

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