Quem foram os MVP dos nacionais de juvenis e absolutos?
Os campeonatos nacionais de juvenis e absolutos e Open de Portugal voltaram a disputar-se na piscina olímpica do Estádio Nacional do Jamor e, apesar das normais circunstâncias da fase da temporada (várias ausências), apresentaram um nível globalmente superior aos campeonatos do ano passado.
Ao cabo dos quatro dias de competição foram batidos dois recordes nacionais absolutos (no ano passado tinha sido apenas batido um) e 11 recordes nacionais de categorias (no ano passado apenas 4).
Neste resumo falamos-lhe das melhores marcas e dos melhores nadadores da última competição da temporada em solo nacional.
Rafaela Azevedo (SAD)
Começamos pela primeira grande marca dos campeonatos. Depois da presença da jovem nadadora do Sport Algés e Dafundo nos seus segundos Campeonatos da Europa de Juniores ter ficado condicionada por motivos de doença (mononucleose), Rafaela deu a melhor resposta na última hipótese que tinha para fechar a época com chave de ouro.
Rafaela obteve o primeiro recorde nacional absoluto da sua carreira e foi a primeira, depois de Tamila Holub, a conseguir fazê-lo no primeiro ano de júnior.
Logo no primeiro dia de campeonatos marcou 29.33 na Final A dos 50 metros costas e superou o anterior recorde nacional que era compartilhado por duas nadadoras. Marta Marinho em 2010 e Ana Sofia Leite em 2015 tinham nadado em 29.40.
Rafaela ainda ficou próxima do recorde nacional absoluto dos 100 metros costas nadando em 1:03.69, estando o máximo na posse de Ana Sofia Leite em 1:03.42.
Ana Pinho Rodrigues (ADS)
A nadadora do Sanjoanense foi o grande destaque feminino do Open de Portugal pelas vitórias e pelas marcas, com destaque maior para o que fez nos 50 metros livres quebrando um recorde nacional que já perseguia há muito.
Ana Rodrigues nadou a prova no tempo de 25.66, superando os 25.73 que Patrícia Conceição tinha marcado a 28 de Julho de 2012 no Jamor. Ana bateu este recorde no mesmo dia (28 de Julho), na mesma piscina e a nadar na mesma pista que Patrícia (pista 4). Uma curiosa passagem de testemunho.
Do lado feminino ninguém ganhou mais do que Ana Pinho Rodrigues. Foram 4 vitórias no Campeonato Nacional Absoluto e 4 vitórias no Open de Portugal.
Para além dos 50 livres, a velocista ainda venceu os 100 metros livres com um tempo muito próximo de mais um recorde nacional (56.53; recorde nacional é de 56.41), os 50 bruços com 31.64 (a 29 centésimos do seu próprio recorde nacional) e os 100 bruços com 1:09.19.
Ana foi a nadadora mais dominante nestes campeonatos mas não só. Há anos que Ana Rodrigues é das nadadoras (se não mesmo a nadadora) mais dominante da natação portuguesa nas suas provas. Repare no histórico de títulos nacionais, apenas dos últimos 3 anos:
- Nacionais de Absolutos + Open de Portugal 2018: 4 títulos nacionais [50L + 100L + 50B + 100B] + 4 títulos Open [50L + 100L + 50B + 100B]
- Campeonato Nacional Juvenis, Juniores e Absolutos 2018: 3 títulos nacionais [50L + 100L + 50B]
- Nacionais de Absolutos + Open de Portugal 2017: 4 títulos nacionais [50L + 100L + 50B + 100B] + 3 títulos Open [50L + 100L + 50B]
- Campeonato Nacional Juvenis, Juniores e Absolutos 2017: 4 títulos nacionais [50L + 100L + 50B + 100B]
- Nacionais de Absolutos + Open de Portugal 2016: 4 títulos nacionais [50L + 100L + 50B + 100B] + 3 títulos Open [50L + 50B + 100B]
- Campeonato Nacional Juvenis, Juniores e Absolutos 2016: 4 títulos nacionais [50L + 100L + 50B + 100B]
- Nacionais de Absolutos + Open de Portugal 2015: 2 títulos nacionais [50L + 100B]
- Campeonato Nacional Juvenis, Juniores e Absolutos 2015: 3 títulos nacionais [50L + 50B + 100B]
Das épocas analisadas nunca perdeu os 50 metros livres nem os 50 metros bruços (a única vez que não foi campeã nacional dessa prova – Open de Portugal 2015 – não a nadou) e no Open deste ano não fugiu à regra, desta vez com direito a recorde nacional absoluto aos 50 livres. Das suas quatro provas favoritas só lhe falta o recorde dos 100 livres.
José Paulo Lopes (SCB)
No crepúsculo de uma época de revelação, afirmação e confirmação, o júnior do Sporting Clube de Braga saiu do Jamor como o grande destaque masculino do Nacional de Absolutos e Open de Portugal.
José Paulo Lopes foi penta-campeão nacional e tetra-campeão do Open de Portugal protagonizando provas de grande nível, com destaque para a vitória dos 400 metros livres onde esteve envolvido num duelo bastante renhido com Igor Mogne que levou o bracarense a bater o recorde nacional júnior 18 anos por 1 segundo. O novo máximo (o anterior já lhe pertencia) é agora de 3:53.79, o segundo melhor tempo português de sempre (e o de Mogne – 3:54.38 – é o terceiro melhor de sempre).
Para além da vitória nos 400 livres, Lopes venceu ainda os 800 e os 1500 metros livres e os 200 metros estilos. Nos 400 metros estilos foi campeão nacional mas não conseguiu superiorizar-se aos espanhóis Alex Castejon e Javier Chacon.
Para fechar com chave de ouro ainda fez parte da estafeta júnior do Braga do 4×100 estilos que bateu o recorde nacional do escalão com 3:55.74.
Era difícil pedir mais desta época do jovem nadador…talvez o próprio pedisse menos 13 centésimos, aqueles que o separaram do pódio do Europeu de Juniores, mas o que esta época veio mostrar é que se há coisa que não falta nem vai faltar na carreira de José Paulo Lopes é pódios.
Francisca Martins (FOCA)
No que diz respeito ao nacional de juvenis, Francisca Martins esteve em grande destaque ao vencer todas as provas que nadou. A nadadora de Felgueiras já tinha estado em evidência nos nacionais do Funchal vencendo os 100, 200, 400 e 800 metros livres da sua categoria e nestes nacionais voltou a vencer as mesmas provas mas com uma evolução assinalável e com direito a recorde nacional.
Repare na comparação entre as marcas do Funchal e as marcas do Jamor (estão consideradas as melhores marcas em cada prova, independentemente de terem sido realizadas em eliminatórias ou finais):
A marca estabelecida nos 200 metros livres constitui novo recorde nacional juvenil-A que estava fixado em 2:05.94 e era pertença partilhada de Alexandra Frazão e Tamila Holub.
Prestes a entrar no escalão júnior, Francisca foi uma das maiores revelações da época (há um ano fazia 2:13.45 aos 200 livres) e uma aposta segura para vir a integrar as convocatórias da selecção nacional de juniores.
Mariana Cunha (CFP)
No escalão juvenil não conseguimos escolher só um destaque do lado feminino. Tal como Francisca Martins, também Mariana Cunha venceu todas as provas que nadou. Francisca tem a vantagem de ter batido um recorde nacional mas Mariana tem a vantagem de ter sido tetra-campeã nacional no primeiro ano de juvenil. Ou seja, venceu as suas provas contra nadadoras um ano mais velhas.
A nadadora do Fluvial Portuense venceu os 100 e 200 mariposa, os 200 e 400 estilos, com particular destaque para a marca dos 100 mariposa que ficou muito próxima do seu próprio recorde nacional juvenil-B de 1:03.73. A nadadora portuense venceu em 1:03.80.
A sua vitória nos 200 estilos também merece referência por ter sido conseguida cerca de 40 minutos depois de ter vencido a difícil prova de 200 mariposa…e no último de 4 dias de competições. Um duro teste superado com distinção para a nadadora de 14 anos.
Eduardo Fernandes (HCM)
Do lado masculino do nacional de juvenis, o destaque voltou a ser o nadador do Hóquei da Mealhada, Eduardo Fernandes. Já no Funchal Eduardo tinha dado mostras da sua qualidade ao vencer quatro provas, exactamente as mesmas que venceu agora no Jamor.
Venceu os 200 mariposa, 200 e 400 estilos e ainda os 400 metros livres. Nesta última protagonizou um excelente duelo com o vencedor dos 200 livres, Tomás Lopes. Nas restantes três provas teve a secundá-lo no pódio sempre o mesmo nadador, João Carneiro do Benfica, um nadador ainda juvenil-B.
Eduardo também é uma das grandes revelações da época 2017/2018, um nadador que passou de 4:51.31 para 4:37.31 nos 400 estilos este ano e de 4:20.16 para 4:08.79 nos 400 livres. A manter a evolução continuará a ser destaque também no escalão de juniores.
Os recordistas
Para além das figuras dos campeonatos já referidas, destacamos as marcas realizadas pelos outros nadadores que lograram sair do Jamor com recordes nacionais.
Mariana Barbosa, do Futebol Clube do Porto, nadou os 200 mariposa no novo máximo nacional júnior-16 anos de 2:17.09, superando os 2:17.11 que Ana Rita Francisco tinha marcado já há 22 anos. A nadadora do Porto vinha a realizar marcas muito interessantes nesta prova em competições secundárias (2:18.95 nos regionais da ANNP) e por isso já seria de prever que ia ao Jamor nadar para um grande tempo nesta prova. Assim foi.
Outra nadadora do FCP em destaque foi a juvenil-A Catarina Soares que na mesma prova em que Ana Rodrigues batia o recorde nacional absoluto dos 50 livres, a jovem portista batia o recorde nacional juvenil-A que pertencia precisamente a Ana Rodrigues. Catarina nadou em 26.79, superando os 26.98 do recorde anterior.
Mas o primeiro recorde nacional dos campeonatos foi da responsabilidade de um nadador do Benfica. O juvenil-B Ricardo Pereira nadou logo nas eliminatórias dos 100 metros bruços no tempo de 1:06.16 e bateu os 1:06.44 feitos por André Santos em 2012. Na final o nadador de 15 anos não conseguiu voltar a melhorar o máximo nacional mas foi campeão nacional juvenil, superando os adversários um ano mais velhos.
Outro juvenil-B em destaque foi o nadador do Clube de Natação de Torres Novas, Paulo Vakulyuk. Na prova de 100 metros mariposa nadou em 57.39 e fez o que ninguém em 19 anos tinha conseguido: fazer melhor que os 57.58 que David Ferro fez na categoria juvenil-B. O nadador de Torres Novas já nas eliminatórias não tinha ficado muito longe (58.06) e à tarde não falhou o objectivo.
Por último, quatro recordes de estafetas. O Sporting bateu o recorde nacional juvenil e juvenil-A dos 4×100 estilos masculinos com Diogo Valente, Gabriel Cresta, Ruy Domingos e Vicente Gomes a nadarem a prova no tempo de 4:03.65. O Braga bateu o recorde nacional júnior na mesma prova com José Paulo Lopes, Rafael Simões, Jorge Silva e João Pereira. 3:55.74 foi o tempo final. O Benfica marcou um novo máximo nacional júnior dos 4×200 metros livres com 8:37.33. Fizeram parte da equipa, Ana Graveto, Letícia André, Filipa Rodrigues e Sara Loureiro.