[Aqua Moments] Daniel Gyurta, o miúdo de Atenas

João BastosAbril 1, 20183min0

[Aqua Moments] Daniel Gyurta, o miúdo de Atenas

João BastosAbril 1, 20183min0
O húngaro Daniel Gyurta anunciou o abandono da sua carreira de nadador de alta competição.Depois de conquistar um ouro olímpico e de ser tricampeão mundial dos 200 bruços, relembramos onde tudo começou.

A passada semana ficou marcada pelo anúncio do final da carreira de Daniel Gyurta, o brucista húngaro que foi campeão olímpico de Londres’2012 e tri-campeão mundial desde Roma’2009 até Barcelona’2013, sempre na sua especialidade, os 200 metros bruços.

Mas foi em Atenas’2004 que mais deu que falar. Tinha apenas 15 anos e encontrava os consagrados Kosuke Kitajima e Brendan Hansen, mas o jovem magiar não se intimidou e marcou logo o melhor tempo das eliminatórias e também das meias-finais, nadando a final na pista 4, ladeado pelos favoritos.

Já antes do tiro de partida para a final Gyurta era a principal nota de destaque mas o seu desempenho na prova decisiva mereceu-lhe a maior dose de protagonismo mesmo não vencendo. A nadar de tanga, com evidentes incorrecções técnicas (repare no vídeo na posição da cabeça no final do percurso subaquático), com um estilo de nado pouco ortodoxo e com uma passagem lenta nos primeiros 100 metros, fez uma segunda metade de prova estrondosa que lhe permitiu chegar à medalha de prata.

Foi o medalhado mais jovem da natação dos Jogos Olímpicos de Atenas.

Depois de ter sido a revelação de Atenas, Gyurta não participou nos Mundiais de 2005 e nos Europeus de 2006, que se disputaram na Hungria, ficou-se pelas meias-finais. Com efeito, durante vários anos não voltou a exibir o nível que tinha demonstrado em Atenas, dando a sensação que tinha sido mais uma vítima do desejo de sucesso instantâneo ao qual muitos treinadores não resistem.

Mas quem prestava atenção a Gyurta reparava que o nadador já não parecia o mesmo. Depois de Atenas, o húngaro mudou radicalmente a técnica de nado – caso não o tivesse feito é provável que tivesse uma carreira muito curta, já que a sua técnica era fisicamente muito exigente – e só em 2008, em Pequim, Gyurta pareceu estar de volta ao seu melhor, quando bateu o recorde europeu dos 200 bruços logo nas eliminatórias. Na final ficou fora das medalhas, mas o caminho de sombras de Daniel Gyurta estava percorrido.

Depois de Pequim, Gyurta atravessou a melhor fase da sua carreira. Foi campeão do mundo em 2009, 2011 e 2013 dos 200 bruços (único tricampeão mundial dos 200 bruços da história), campeão europeu em 2010 e 2012, tendo o seu apogeu em Londres, nos Jogos Olímpicos, onde chegou ao ouro com o novo recorde do mundo de 2:07.28.

Em 2015 conseguiu um bronze nos mundiais de Kazan mas daí para cá, a carreira de Gyurta já não conheceu mais momentos de vitória internacional. Nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro (os seus quartos JO, com apenas 27 anos) ficou-se pelas eliminatórias (ficou a 2 centésimos do 16º lugar) e nos mundiais que disputou em casa, no ano passado, repetiu o 17º lugar do Rio.

Aos 28 anos, Gyurta achou que era altura de colocar um ponto final na sua carreira, uma carreira singular de um dos melhores brucistas da história da natação mundial e que se deu a conhecer em Atenas há 14 anos, no palco onde nasceram várias figuras mitológicas. Gyurta foi mais uma, já que a sua carreira acaba mas o seu mito perdura.


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