Quem foi a MIP da natação portuguesa em 2017/2018?

João BastosAgosto 22, 20188min2
Finda mais uma época da natação portuguesa o Fair Play elaborou o top 10 das nadadoras que mais evoluíram este ano. Vem descobrir quem foram.

Em várias modalidades, maioritariamente colectivas, no final de cada época desportiva para além do MVP (most valuable player), é frequentemente eleito o MIP (most improved player), ou seja, o jogador que mais evoluiu nesse ano.


Na natação, como noutras modalidades individuais, esse é um exercício mais redundante uma vez que a evolução de um nadador é traduzida em marcas cronométricas em cada prova que fez. Mas e se pudéssemos comparar todos os nadadores independentemente da prova que nadassem e elegêssemos aquele que mais melhorou as suas melhores marcas pessoais no espaço de uma época desportiva? Foi isso que fomos tentar fazer e no primeiro de dois artigos começamos pelo sector feminino apresentando as 10 nadadoras que mais evoluíram em 2017/2018. Comecemos antes por explicar o método adoptado:

  1. Apenas consideramos nadadoras que terminaram a época no top-10 de cada uma das 17 provas individuais do calendário competitivo nacional em piscina longa. Foi apenas considerado o top-10 para garantir que as nadadoras que figuram nesta lista são efectivamente nadadoras de topo nacional. A meio da tabela certamente que encontraríamos muitas nadadoras que sofreram uma grande evolução na presente época, mas a ideia é destacar as nadadoras que deram o salto para o topo em 2017/2018;
  2. Apenas consideramos nadadoras juniores e seniores por duas razões: 1) Daremos destaque às melhores nadadoras infantis e juvenis da temporada numa futura publicação sobre as revelações da temporada; 2) Nadadoras mais jovens estão num ciclo evolutivo naturalmente mais acelerado e caso as considerássemos teríamos um top sem nadadoras juniores e seniores;
  3. Para ser possível a comparação, independentemente da prova, consideramos o rácio a cada 100 metros. Por exemplo: se uma nadadora em 2016/2017 tinha de recorde pessoal o tempo de 35.22 aos 50 metros bruços e em 2017/2018 terminou a época com um recorde pessoal de 33.94, terá um rácio de 2,56: (35.22-33.94)x2; se uma nadadora fazia 9:19.14 aos 800 metros livres na época passada e esta época passou a fazer 8:59.57, terá um rácio de 2,45: (9:19.14-8:59.57)/8;
  4. Aplicamos este modelo ao top-10 de todas as provas e seleccionamos as 10 nadadoras que apresentaram melhor rácio de evolução em 2017/2018 e chegamos ao seguinte top-10:

#10 – Ana Filipa Veiga (CAPGE): 2,01

Foto: Facebook CAPGE

A nadadora júnior da Gafanha da Encarnação foi a 10ª nadadora que mais evoluiu este ano, com o rácio de 2,01 que conseguiu nos 100 metros bruços. No início da época o recorde pessoal de Ana Filipa era de 1:16.52 e precisamente na última prova desta época melhorou para 1:14.51. O tempo permitiu-lhe ser 6ª classificada no Open de Portugal e medalha de bronze no Campeonato Nacional de Absolutos, coroando uma excelente época da jovem brucista de Ílhavo.

#9 – Inês Teixeira (CDE): 2,16

Foto: Luís Filipe Nunes/FPN

Mais uma brucista júnior da Associação de Natação do Centro Norte de Portugal. Inês Teixeira é a 9ª do Top graças à evolução que teve nos 50 metros bruços esta época. A nadadora de Estarreja iniciou a época com um recorde pessoal de 35.50 mas no Campeonato Interdistrital de Juvenis, Juniores e Absolutos Piscina Longa que foram nadados em Março na sua terra natal Inês marcou 34.42, o que lhe valeu um rácio de 2,16.

#8 – Alexandra Frazão (CASPAE): 2,29

Foto: Luís Filipe Nunes/FPN

Alexandra Frazão é uma nadadora que, apesar dos seus 16 anos, há algumas épocas que se vem destacando, mesmo a nível absoluto. Este ano, o seu primeiro no escalão de juniores, esteve em grande plano nos Europeus de Juniores de Helsínquia ao conseguir as melhores classificações femininas da equipa nacional com o seu 10º lugar nos 800 metros livres e o 11º lugar nos 1500 metros livres. E foi precisamente com o tempo que fez nos 1500 metros livres (17:01.21) que obteve o rácio de 2,29. Iniciou 2017/2018 com um recorde pessoal de 17:35.54.

#7 – Letícia André (SLB): 2,32

Foto: Luís Filipe Nunes/FPN

Mais uma nadadora júnior e uma presença esperada neste top tendo em conta a época protagonizada pela nadadora do Benfica. Foi uma das grandes revelações da temporada chegando aos seus primeiros recordes nacionais individuais e apurando-se para os Europeus de Juniores. Apesar de ter perdido entretanto o seu recorde nacional de júnior-16 anos nos 100 metros livres, foi precisamente com o seu recorde pessoal nessa prova (57.50) que conseguiu o seu maior rácio de evolução. Tinha 59.82 no início da época e tirou 2,32 segundos.

#6 – Rita Frischknecht (SAD): 2,59

Foto: Luís Filipe Nunes/FPN

A costista cada vez mais especializada na técnica de livres é a primeira nadadora sénior a surgir neste top. Nesta época a nadadora do Algés marca presença nos top-10 das provas de livres dos 50 aos 400 metros, com destaque para o segundo lugar nos 200 metros. Mas foi nos 400 metros livres que Rita mais evoluiu. Iniciou a época com um recorde pessoal de 4:32.51 e terminou com 4:22.17, resultando num “score” de 2,59. Refira-se que Rita só nadou esta prova em piscina longa uma vez esta época. No nacional de clubes da 1ª divisão.

#5 – Raquel Pereira (SAD): 2,68

Foto: Luís Filipe Nunes/FPN

Segunda nadadora do Algés presente no top. A brucista, a cumprir o seu primeiro ano de sénior, teve uma boa época alcançando o seu primeiro recorde nacional absoluto individual e o seu primeiro apuramento para uma grande competição por absolutos, os Europeus de Piscina Longa. A prova que a traz a esta lista é uma prova que ela já não nadava há algum tempo em piscina longa, os 400 metros estilos. Nadou em 4:58.48 nos Nacionais da 1ª divisão e melhorou os 5:09.21 que tinha de RP, resultando num rácio de 2,68 segundos/100 metros.

#4 – Ana Reis Sousa (CNLA): 2,84

Foto: Luís Filipe Nunes/FPN

Também é sem surpresa nenhuma que a júnior do Clube de Natação do Litoral Alentejano está nesta lista. Ana Sousa foi uma das grandes revelações da temporada, tendo batido ao longo da época 9 recordes nacionais individuais da categoria júnior-16 anos. Chegou à meia-final dos 200 livres nos Europeus de Juniores e a nível interno foi vice-campeã absoluta dos 100 livres. O tempo que lhe rendeu o rácio de 2,84 foi o dos 800 metros livres. Nadou nos nacionais do Funchal em 9:02.99 e tinha no início da temporada 9:25.73.

#3 – Inês Fernandes (SCP): 3,05

Foto: Luís Filipe Nunes/FPN

Chegamos ao pódio e no terceiro lugar temos um nome já bem conhecido da natação nacional. Apesar de contar já no currículo com o impressionante total de 55 recordes nacionais, Inês continua a evoluir e este ano esteve em particular destaque na prova de 200 metros estilos sagrando-se campeã nacional absoluta e do Open de Portugal no Jamor. Mas foi o tempo de 2:17.68 que fez na 1ª divisão que passou a figurar como seu novo recorde pessoal. Tinha 2:23.78, melhorando assim 3,05  segundos/100 metros.

#2 – Diana Durães (SLB): 4,36

Foto: FPN

À partida não se esperaria encontrar neste top uma nadadora que já há tantos anos é uma das melhores nadadoras nacionais, ainda para mais tão bem posicionada, mas o que é certo é que Diana Durães por pouco não foi a nadadora que mais evoluiu esta época em Portugal. A nadadora do Benfica foi ao Meeting de Uster nadar uma prova que já não nadava há 8 anos e, naturalmente, estabeleceu um novo recorde pessoal por larga margem. Falamos dos 200 metros mariposa onde marcou 2:20.62. Tinha de RP 2:29.33, resultando num rácio de 4,36.

#1 – Ana Rita Queiroz (CASPAE): 4,47

Foto: Luís Filipe Nunes/FPN

E a Most Improved Player feminina da natação portuguesa em 2017/2018 foi…Ana Rita Queiroz! Um título que assenta bem à nadadora júnior do CASPAE que este ano melhorou muito as suas melhores marcas e naquelas que na época passada já eram as suas melhores provas. Ana Rita terminou a época com um tempo muito próximo do mínimo para os Europeus de juniores nos 800 metros livres, mas foi o tempo de 17:35.16 aos 1500 metros livres que lhe garantiram a liderança do top. Trazia da época passada 18:42.16 e, por isso, este ano melhorou 4,47 segundos em cada 100 metros!


2 comments

  • João Bastos

    Agosto 24, 2018 at 8:48 am

    Caro Professor, obrigado pelo comentário.
    Também pensei fazer a comparação pelos pontos FINA mas como a tabela muda todos os anos aconteciam coisas esta: pela Tabela 2016 uma nadadora que tivesse feito 4:52.14 aos 400E tinha 775 pontos, mas pela Tabela 2017 uma nadadora que tivesse nadado os 400E em 4:50.20 tinha 773 pontos (culpa da Hosszu que baixou muito o recorde do mundo nos JO).
    Também podia calcular os tempos todos pela mesma tabela (a de este ano), mas aí encontrei outro problema que tinha a ver com recordes pessoais muito antigos. Por exemplo, os 2:29.33 aos 200M da Diana Durães pela Tabela deste ano valem 542 pontos, mas em 2010, quando foram feitos, valiam 564 pontos. Por acaso não alterava o top porque a Diana ficaria com uma progressão de 107 pontos e a Ana Rita com 114, mas podia influenciar.
    Sei que o método que utilizei tem fragilidades porque um nadador que passe de 1:00.00 para 58.00 aos 100L tem o mesmo rácio que um nadador que passa de 53.00 para 51.00, daí tentar minimizar esse efeito limitando a análise ao top-10 de cada prova. Ainda assim, há provas que foram mais competitivas que outras, como é natural.

    Cumprimentos!

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  • António Moreira

    Agosto 23, 2018 at 11:16 pm

    parabens pela analise.
    deixo no entanto uma questao, porque nao fazer a seriaçao por tabela de pontuacao?

    Reply

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