Medley de Abril

João BastosMaio 1, 20188min0
Chegamos a Maio, mas se perdeu as braçadas do mês de Abril não se preocupe, trazemos-lhe o que de melhor se passou na natação nacional e internacional no Medley de Abril

O Fair Play inicia uma nova rubrica mensal que passa em revista os melhores momentos da natação nacional e internacional de cada mês que passa. Fique com os destaques de Abril.

Plano B

Para dar início à crónica de Abril temos ainda de nos reportar a Março, o mês que definiu a composição da selecção nacional para os Campeonatos da Europa de Absolutos. No lote dos principais candidatos a carimbar o passaporte para Glasgow, houve dois nadadores que não conseguiram o apuramento. Diogo Carvalho e Miguel Nascimento, ambos por razões de ordem física.

No caso concreto do nadador do Benfica, o objectivo era nadar abaixo de 1:59.05 aos 200 metros mariposa nos nacionais do Funchal e mesmo ainda convalescente dos problemas respiratórios que o afectaram nos nacionais de clubes, não ficou muito longe do objectivo. Contudo, os 1:59.63 foram insuficientes.

No entanto as hipóteses de apuramento não estavam esgotadas, surgindo o Open de Espanha como a derradeira oportunidade para Nascimento. A competição decorreu de 7 a 11 de Abril, ou seja, 3 semanas depois dos Nacionais de Clubes, configurando-se difícil manter o pico de forma, ainda para mais numa prova como os 200 mariposa. Mas a polivalência é uma das características mais evidentes de Miguel e nos nacionais espanhóis voltou às suas origens para chegar aos Europeus.

Nadou os 50 metros livres, vencendo com o tempo de 22.44, a sua segunda melhor marca de sempre, e 1 décimo abaixo do mínimo exigido para Glasgow.

Nas palavras do próprio, a única coisa que mudou foi o plano, nunca o objectivo. Porque ele pode ter saído da velocidade mas a velocidade não saiu dele.

O pleno dos 200 mariposa

Retornamos a Março para recordar aquele que terá sido o melhor mês da carreira de Ana Catarina Monteiro, nomeadamente no momento em que a nadadora do Fluvial Vilacondense se tornou na recordista nacional absoluta dos 200 metros mariposa em piscina longa com o tempo de 2:10.10 que, igualmente, lhe abriu as portas do Europeu de Glasgow.

No início deste mês, Catarina voltou a nadar na piscina onde estabelecera o seu anterior recorde pessoal – Málaga – para nadar o Open de Espanha e voltou a estar em bom plano, nadando outras duas vezes na casa dos 2:10 (antes de Março deste ano só por uma vez tinha nadado em 2:10, agora já tem quatro marcas dentro desse segundo). Nadou a final em 2:10.85, mas podia ter feito melhor se a touca tivesse colaborado.

Depois do bom desempenho no Open de Espanha veio o Open do Vale do Sousa nos dias 14 e 15 de Abril e com ele veio mais um momento alto da carreira da mariposista. Desta vez em piscina curta, voltou a ultrapassar o recorde nacional absoluto que estava na posse de Sara Oliveira (como estavam todos os recordes absolutos de mariposa em todas as distâncias e em todas as piscinas, até há um mês). Tornou-se mesmo na primeira nadadora portuguesa a nadar os 200 mariposa abaixo de 2:08, o que é particularmente impressionante uma vez que Ana Catarina e Sara são as únicas portuguesas que conseguiram baixar de 2:10.

O novo recorde nacional absoluto dos 200 mariposa femininos em piscina curta é de 2:07.62 e abre as portas do mundial de piscina curta que decorrerá em Hangzhou, na China, de 7 a 11 de Dezembro. De resto, esta marca dava direito a final no último mundial de curta, em Windsor!

Foto: FPN

Felgueiras com domínio feminino

No plano interno a competição de maior destaque foi o Open Vale do Sousa. Ainda na ressaca do primeiro pico de forma em piscina longa, os desempenhos no torneio de piscina curta foram de grande nível.

No total, a competição que decorreu no fim-de-semana de 14 e 15 de Abril produziu 11 recordes nacionais (3 absolutos e 8 de categorias).

Se do ponto de vista da performance, a já citada marca de Ana Catarina Monteiro nos 200 metros mariposa foi o grande destaque, do ponto de vista da quantidade de novos máximos, foi a juvenil-B Mariana Cunha, do Clube Fluvial Portuense, a nadadora em maior evidência.

A nadadora de 13 anos nadou por 4 vezes abaixo de anteriores máximos nacionais. Logo nas eliminatórias dos 100 mariposa tornou-se na primeira juvenil-B a nadar abaixo de 1:03, marcando 1:02.85 e na final ainda viria a melhorar mais, não ficando muito longe de ser mesmo a primeira juvenil-B a baixar do 1:02. Deixou o recorde nacional fixado em 1:02.36. Os recordes nacionais de categoria nos 100 mariposa femininos em piscina curta têm agora uma particularidade muito curiosa: o RN infantil-A é melhor do que o RN juvenil-B que, por sua vez, é melhor que o RN juvenil-A.

Mariana continuou a quebrar barreiras e tornou-se na primeira juvenil-B de sempre a nadar os 200 estilos abaixo de 2:20. Completou a distância em 2:19.79. Finalmente nos 200 mariposa, mais um recorde nacional juvenil-B, com a marca de 2:18.29.

Para além de Ana Catarina e Mariana houve mais uma recordista nacional individual. Foi a nadadora do Aquático Pacense, Inês Rocha, que nadou os 400 metros estilos em 4:46.89, novo recorde nacional júnior-17 anos, superando o tempo de 4:48.80 que Victoria Kaminskaya estabelecera em 2011.

Os restantes recordes nacionais foram da responsabilidade das estafetas femininas da selecção nacional júnior de 4×50 estilos e 4×50 livres compostas por Rafaela Azevedo, Luísa Machado, Letícia André e Ana Reis Sousa que no total estabeleceram 5 novos recordes nacionais, dois deles absolutos. O novo máximo júnior e absoluto dos 4×50 livres é de 1:48.75 e o novo máximo júnior e absoluto dos 4×50 estilos é de 1:59.28.

Foto: FPN

3:30.05

Abril foi o mês dos Jogos da Commonwealth, os Jogos do Império Britânico, onde a natação ocupa um lugar de destaque, o que se justifica com a presença de selecções como Austrália, Canadá, Inglaterra ou África do Sul.

Logo no primeiro dia do torneio de natação era nadada uma prova que abria boas perspectivas para obtenção de um recorde do mundo, os 4×100 metros livres femininos, já que entrava em acção a equipa que já detinha esse recorde – Austrália – com a oposição da forte equipa do Canadá que obrigaria as australianas a aplicarem-se para ganhar a prova.

A equipa começou com a menos experiente das quatro, Shayna Jack, de 19 anos de idade, que não abriu com um grande parcial, mas também não comprometeu. Nadou em 54.03 e entregou atrás do Canadá para Bronte Campbell que cumpriu os 100 metros no extraordinário parcial de 52.03. Seguidamente entrou em acção Emma McKeon que também esteve irrepreensível e nadou em 52.99, mas o melhor estava guardado para o fim, quando Cate Campbell fez o parcial mais rápido da História e marcou 51.00.

O tempo final foi de 3:30.05, superando o anterior recorde do mundo de 3:30.65 que as australianas marcaram nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, onde a única alteração em relação à equipa da Commonwealth foi a presença de Brittany Elmslie no lugar de Shayna Jack.

Este foi mesmo o único recorde do mundo obtido nos Jogos da Comunidade Britânica.

Foto: Rick Rycroft

Carlos Freitas distinguido

Em Abril não houve natação só no plano de água. A Associação Portuguesa de Técnicos de Natação organizou o seu 41º Congresso, que teve lugar na cidade de Braga, nos dias 28 e 29 de Abril.

Durante o evento foram distinguidos os melhores treinadores do ano nas diversas vertentes da natação e ainda entregue a distinção máxima, o prémio carreira, que este ano foi atribuído ao Professor Carlos Freitas, reconhecendo o seu trabalho quer como treinador, quer como dirigente e o seu exemplo, reconhecido pelos seus pares.

O Fair Play associa-se à homenagem, já que também com este projecto o Professor Carlos Freitas tem colaborado bastante fornecendo-nos dados estatísticos fundamentais para traçar o perfil da natação portuguesa.

Para além do prémio à carreira, um prémio à paixão a esta modalidade.


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