O que é necessário para elevar a liga feminina de futsal portuguesa?

Miguel OliveiraJulho 15, 20235min0

O que é necessário para elevar a liga feminina de futsal portuguesa?

Miguel OliveiraJulho 15, 20235min0
A liga feminina de futsal vai conquistando novas metas, mas o que falta para atingir outro patamar? Análise de Miguel Oliveira ao momento

Na minha opinião, o Futsal Feminino em Portugal atingiu uma espécie de planalto desportivo. Esta savana desportiva que existe em quase todas as equipas da primeira divisão, apesar de que sabemos que existem duas que estão fora da savana, por assim dizer, mas o que poderá ser feito para subir o patamar da liga feminina de futsal de uma forma mais rápida?

Acho que a liga tem ainda muito por onde crescer (não está nem perto do que pode vir a ser) e existem lacunas graves que já fui explorando:

Relembrando que só esta época que acabou, 2022/2023 é que a Liga teve “Main Sponsor”, que na prática não se verificou muita evolução por ter o sponsor, a divulgação melhorou qualquer coisa, mas nada de muito significativo, na minha ótica.

Podemos crescer e muito!

E a FPF está cada vez mais a apostar nas seleções jovens. Temos seleções cada vez mais jovens, para começarem pelo menos aí a servirem de guia e de ponto de observação do estado do futsal feminino de formação. Conseguem identificar os problemas e o lema de “fazer as coisas simples bem feitas”, dito pelo selecionador José Luís, é uma máxima incrivelmente feliz para o desporto de formação, e as atletas mais novinhas que queiram evoluir, o mantra tem que ser mesmo este “fazer as coisas simples bem feitas” – este é o começo de tudo. Mas talvez possamos acelerar o processo de trazer talento para a liga, talento efetivo!

Abrindo a liga a jogadoras estrangeiras.

Sim, já sei, “então e a formação?!” … Uma coisa não invalida a outra. Quando falo em jogadoras estrangeiras, a minha ideia é de uma forma responsável, com regras instituídas para com os clubes e a liga em si, trazer jogadoras que, na teoria, acrescentam valor à nossa liga, e isto, na minha opinião, poderá fazer com que o nível da jogadora portuguesa evolua, pelo menos, eu acredito nisto.

Aqui o substantivo correto e importante é qualidade. Não é “trazer” contentores de jogadoras sem qualidade, ou qualidade duvidosa para Portugal. Não, a ideia não é essa. O meu ponto de vista é, com critério, talvez criar uma lista de jogadoras de qualidade e interesse, e se olhar a empresários, jogadas de bastidores, conseguir angariar talento futsalistico para Portugal, dando sempre espaço e margem à jogadora jovem Portuguesa.

Não é ideia pioneira, nem na teoria e sobretudo na prática. Já tivemos exemplos, alguns de insucesso, por exemplo, no Benfica, onde quase ciclicamente ia ao mercado brasileiro angariar jogadoras que não acrescentaram NADA nas suas passagens por Portugal, mas exemplos, como o do Santa Luzia, onde temos a Dinha, jogadora de qualidade, acima da média, e que faz efetivamente a diferença, que na minha opinião é bem-vinda à Liga e ao futsal português.

Até no segundo patamar do campeonato nacional, na segunda divisão tivemos o exemplo do Internacional, com algumas jogadoras ucranianas que quando estavam presentes, acrescentavam bastante à qualidade da equipa.

Acredito que se, pontualmente, com critério e sem cometer loucuras, viessem jogadoras estrangeiras de qualidade, colmatando as necessidades das equipas e dos plantéis, o campeonato iria valorizar, quer a nível técnico, uma vez que iriam trazer dificuldades e novidades às jogadoras portuguesas, quer a nível tático pois terão maneiras de estar, de ser, de ler e interpretar o jogo distintas.

O perfil da jogadora da liga portuguesa, na minha opinião, iria crescer e fazia com que todos evoluíssem, inclusive não só com jogadoras, mas também treinadores estrangeiros, para que hajam novas ideias, novos métodos, etc. A troca e partilha de informação circulam e com isso seria possível melhorarmos cada vez mais até os grupos em que estamos inseridos.

E não, não estou a tentar passar a ideia de que não se deve apostar na formação, pelo contrário aliás. Sou um acérrimo defensor da formação, a jogadora portuguesa tem qualidade, muita qualidade.

Mas acho que expondo as jogadoras jovens a novos talentos, a novas atletas com capacidades diferentes das que estão habituadas, irá fazer com que evoluam mais, podendo ter, a longo prazo, um aumento no nível de talento, tornando a liga mais atrativa e talvez pudesse ajudar a que as lacunas todas que existem na liga, fossem mais facilmente colmatadas e superadas.

No fundo, há espaço para toda a gente, mas que seja gente que queira fazer com que o futsal feminino cresça!


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