Lacrosse: Os Iroquois Nationals e a batalha pelos World Games 2022

Miguel Veloso MartinsAgosto 30, 20204min0

Lacrosse: Os Iroquois Nationals e a batalha pelos World Games 2022

Miguel Veloso MartinsAgosto 30, 20204min0
Em Julho, entre o entusiasmo à volta do possível futuro olímpico do lacrosse, recebemos a notícia que os Iroquois Nationals não iriam participar nos World Games de 2022. Desde então, temos visto uma enorme batalha para reverter esta decisão do COI e da World Lacrosse. O FairPlay conta-te tudo o que precisas de saber sobre a disputa e o futuro da seleção representante da comunidade Haudenosaunee em competições olímpicas.

Quem são os Iroquois Nationals?

Os Iroquois Nationals são uma equipa que representa a comunidade Haudenosaunee. Haudenosaunee ou Iroquois é o nome dado à confederação que representa seis nações nativo-americanas: Mohawk, Oneida, Onondaga, Cayuga, Seneca e Tuscarora. Este foi o berço do lacrosse, um desporto que se adaptou da tradição nativa. Para os iroqueses, este era o jogo do Criador, servindo para resolver problemas entre tribos e unir as nações num só jogo.

A seleção nacional dos Iroquois surge em 1983, tornando-se membro oficial da International Lacrosse Federation em 1988. Desde então os Nationals tornaram-se numa parte crucial da comunidade de lacrosse mundial. A sua existência e participação em competições internacionais mantém viva a importante ligação entre o lacrosse e a tradição nativa.

A “rejeição” dos World Games

Os World Games (ou Jogos Mundiais) são um evento internacional multidesportivo de quatro em quatro anos, um ano depois do Jogos Olímpicos. Este evento serve maioritariamente para testar modalidades para futura inclusão nos Olímpicos. Esta é obviamente a intenção da World Lacrosse com a sua participação no evento.

A World Lacrosse anunciou que a qualificação para o evento seria feita através dos resultados no Mundial de lacrosse masculino de 2018, onde a Haudenosaunee conquistou o bronze. A World Lacrosse anunciou que iria participar a seleção nacional de Austrália, Canadá, Alemanha, Reino Unido, Irlanda, Israel, Japão e Estados Unidos. Apesar do seu sucesso em 2018, os Iroquois não estavam incluídos na lista de nações elegíveis.

De quem é a culpa da inelegibilidade da seleção indígena? Podemos considerar com uma mistura entre os critérios estritos do Comité Olímpico Internacional e o desleixo da World Lacrosse. Apesar das regras de elegibilidade da COI colocarem em risco a participação dos Iroquois, a WL poderia ter pressionado e discutido com o comité (como veremos a seguir) de forma a viabilizar a participação da equipa. 

A resposta dos World Games

A reação da comunidade de lacrosse mundial mostrou-se focada em fazer com que a mensagem chegasse aos ouvidos da COI e dos organizadores dos World Games. No dia 29 de Julho, a World Lacrosse publicou um comunicado em conjunto com o comité organizador dos World Games. Neste comunicado, as entidades reconheceram a importância da participação dos Iroquois Nationals no evento, afirmando que estavam agora em discussões de forma a criar condições especiais para permitir a sua introdução nos World Games. 

No dia 14 de Agosto, é lançado um novo comunicado pelas entidades organizadoras e a World Lacrosse. Nesta declaração foi anunciado que seleções (masculinas e femininas) representantes da nação Haudenosaunee seriam elegíveis para competir no evento, caso se qualificassem nos critérios criados pela World Lacrosse. Pendente de aprovação pela WL, os Iroquois Nationals estão a poucos passos de participar nos World Games.

Um futuro risonho para os Iroquois

Recentemente tivemos uma atualização por parte do diretor dos Iroquois, Leo Nolan, onde foram confirmadas as constantes discussões com as organizações de modo a estabelecer a elegibilidade da equipa para o evento. Neste comunicado foi também realçado o empenho e paixão dos adeptos e membros da comunidade de lacrosse que tornaram as possíveis conversações oficiais.

A forma como toda a comunidade se juntou para corrigir um erro e tomar medidas atempadas demonstra o respeito e gratidão sentida para com as comunidades que criaram este grande jogo. Desde jogadores e treinadores a adeptos e simpatizantes, todos se uniram e fizeram barulho em prol de uma comunidade na qual muitos não pertencem, mas que todos procuram honrar. Agora a comunidade Haudenosaunee está cada vez mais perto de ver o seu sonho concretizado. Quem sabe se não os veremos em campo nos Olímpicos de 2028.


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