Ponto de situação no campeonato de hóquei feminino
São 17 as equipas que esta temporada alinharam para o campeonato nacional de hóquei feminino que, fruto da situação de pandemia que vivemos, foi dividido esta temporada em três zonas durante a primeira fase.
Com algumas das equipas a terem terminado no dia de hoje a primeira fase da prova, mas com outras com um, dois, três, e até quatro jogos em atraso, a primeira fase vai terminar mais tarde que o inicialmente previsto, atrasando por consequência o início da segunda fase e a época desportiva, apesar de 7 das vagas para o grupo A da segunda fase já estarem preenchidas.
Explicar que, esta temporada, 8 equipas seguem para o grupo A da segunda fase (3 primeiras das zonas norte e sul, mais as 2 primeiras da zona centro). As restantes jogaram o grupo B, mas terão ainda possibilidade de lutar pelo título. Após a segunda fase, os quatro primeiros classificados do grupo A apuram-se para um playoff, as equipas que terminarem entre as posições 5 e 8 do grupo A, juntam-se aos quatro primeiros do grupo B para uma prova de qualificação para as restantes quatro vagas do playoff. Quartos, meias e final do playoff serão todas disputadas à melhor de 3 jogos.
Zona norte com vários jogos adiados, e terceiro lugar em aberto
A zona norte tem sido a mais fustigada pelos jogos adiados, neste momento todas as equipas têm jogos em atraso, sendo que as duas equipas que batalham pela última vaga na grupo A da próxima fase aquelas com maior número de jogos adiados, Gulpilhares, actual terceiro classificado, tem 3 partidas por realizar, Infante Sagres, quarto a três pontos do rival, tem quatro partidas em atraso.
Nas duas primeiras posições e já com passaporte para o grupo principal da segunda fase estão Carvalhos e Académico da Feira. O primeiro não é surpresa uma vez que, nas últimas temporadas, tem sido uma das principais equipas da zona norte no nacional feminino, já a equipa feirense, ainda que não seja surpreendente a sua qualificação, tem excedido expectativas ao estar para já no primeiro lugar da série com apenas uma derrota (averbada no dia de hoje no terreno do Carvalhos).
No plano individual, Raquel Santos, atleta de apenas 17 anos do Carvalhos, destaca-se na lista das goleadoras com 38 golos marcados em 8 jogos até agora realizados, uma média superior a 5 golos por jogo. Um registo impressionante da jovem hoquísta que iniciou a época a marcar 10 golos na goleada por 17-2 frente ao Académico do Porto na 1ª jornada, a maior goleada da série até à data. Ligeiramente mais abaixo, mais igualmente com um registo de salutar, Joana Teixeira, goleadora do Académico da Feira, leva 27 golos em 9 jogos, uma média de 3.4 golos por jogo.
Na luta pelo 3º posto, Infante Sagres e Gulpilhares estão nas posições intermédias da tabela classificativa, mas bem atrasados em relação a número de jogos disputados. O actual terceiro classificado Gulpilhares conta com 12 pontos mas 3 partidas por disputar, já o Infante surge com 9 pontos conquistados, mas 4 jogos em atraso.
Nas duas últimas posições do grupo surgem Académico do Porto e Vila Boa do Bispo com os mesmos 3 pontos, conquistados nos encontros entre ambos, e têm já garantida a presença no grupo B da segunda fase.
Zona centro sem surpresas foi decidida cedo
A zona centro era aquela em que, à partida, menos probabilidade de surpresa oferecia. Com cinco equipas participantes (menos uma que a norte e sul), as equipas apuradas para o grupo A da segunda fase são apenas duas, e Académica de Coimbra e Sanjoanense perfilavam-se como claros candidatos a esses dois lugares.
Pois não foi preciso esperar muito para se perceber que estes dois emblemas iriam mesmo alcançar os dois primeiros lugares do grupo, sendo que cada um deles perdeu apenas por uma vez (Sanjoanense venceu em Coimbra 2-3, Académica goleou em São João da Madeira 1-7). Esta vantagem no confronto directo a favor das estudantes deixa-as no primeiro lugar do grupo com, neste momento, mais três pontos que a Sanjoanense, que jogará no próximo dia 1 de dezembro o único jogo em atraso desta série, no terreno do CENAP.
Nas restantes posições do grupo, o Arazede chega ao grupo B da segunda fase como o terceiro classificado da zona centro, o CENAP independentemente do resultado conseguido frente à Sanjoanense já não sairá no quarto posto, e o Antes termina a primeira fase sem averbar qualquer ponto.
Um dado que não passa despercebido nesta fase é a goleada imposta pela Sanjoanense ao lanterna vermelha por números muito pouco usuais. O Antes deslocou-se a São João da Madeira e saiu derrotado por 36-0. Uma goleada por números nada normais, e que não encontra igual nas últimas 15 edições do nacional feminino.
A Sanjoanense que, para além dos golos marcados, tem um outro dado de realce. Os 7 golos sofridos nos duelos frente à Académica são, até ao momento, os únicos sofridos no campeonato pela turma aveirense. Antes e Arazede por duas vezes, e CENAP por uma, não conseguiram bater Catarina Viola e Daniela Pereira, guardiãs da Sanjoanense. Terá a palavra o CENAP, que terá no jogo em atraso 50 minutos para fazer aquilo que apenas a Académica conseguiu esta época.
A sul Benfica perde record de invencibilidade
Não há dúvidas que o grande destaque da época até ao momento é a derrota caseira do Benfica diante do rival Sporting. Depois de um registo para o campeonato de 102 vitórias consecutivas, após um empate frente ao Stuart em novembro de 2016, as leoas colocaram um ponto final nessa impressionante série, batendo as águias por 2-4 na Luz. Ana Catarina Ferreira, jogadora que em 2016 actuava na equipa da Stuart, foi o grande carrasco das encarnadas ao apontar os 4 golos do Sporting na partida.
Continuando a dissecar os números da história encarnada no hóquei feminino, esta foi apenas a 5ª derrota das águias no campeonato em 210 jogos, e para encontrarmos os outros quatro desaires temos de recuar ao primeiro ano do Benfica no hóquei feminino. Em 2012/13 as encarnadas venceram o título mas averbaram quatro derrotas, frente a Lobinhos (a última derrota do Benfica até ao jogo com o Sporting), Académica, e Turquel, as últimas por duas ocasiões. O clube da “Aldeia do Hóquei”, apesar de não competir no feminino desde 2017, continua a ser a equipa com mais vitórias diante das águias.
Com um jogo ainda por realizar, a recepção do Sporting ao Campo de Ourique, o Benfica lidera a título provisório, podendo baixar ao segundo posto em caso de vítória leonina no jogo em atraso. Aos dois grandes do futebol juntam-se no grupo A da segunda fase o Vilafranquense, que na última jornada “roubou” o terceiro lugar do grupo ao Stuart, relegando para o grupo B. Campo de Ourique surge na quinta posição, já sem chances de alcançar o terceiro, ou até mesmo o quarto posto, e Tojal terminou a primeira fase sem qualquer ponto averbado.
No plano individual o destaque vai para a avançada benfiquista Maria Sofia Silva, que terminou a série com 31 golos apontados, a única jogadora com uma média superior aos 3 golos por jogo. No plano defensivo, o Sporting tem no momento menos 7 golos sofridos que o rival Benfica, com Cláudia Vicente, habitual número 1 da baliza das leoas, em bom plano. Ela que foi outro dos grandes destaques na primeira vitória do Sporting em derbies frente ao eterno rival.
O campeonato feminino pode não ser tão imprevisível como o masculino, mas qualidade não lhe falta. Com ainda muito para se jogar, conseguirão as águias manter o caminho dos títulos, ou poderá a recente vitória do Sporting no derby indicar uma mudança no paradigma do hóquei feminino?
(Foto de Capa: SL Benfica)