A temporada 2021/22 no hóquei em patins feminino

José NevesJulho 11, 202211min0

A temporada 2021/22 no hóquei em patins feminino

José NevesJulho 11, 202211min0
Com o término da época 2021/22 no hóquei em patins, fazemos a análise da temporada que agora termina, começando pelas provas no feminino.

A temporada 2021/22 foi, mais uma vez, pintada de vermelho e branco no hóquei em patins feminino, com o Benfica a conquistar o Campeonato Nacional (o 9º consecutivo), Taça de Portugal (a 8ª consecutiva), e Supertaça (a 8ª consecutiva). Por outras palavras, desde 2013/14 que a única equipa que sabe o que é ganhar troféus em Portugal é o SL Benfica, e ainda não foi em 2021/22 que o cenário mudou.

Campeonato Nacional

Tal como na temporada anterior o campeonato foi dividido em três fases, com uma primeira fase com três grupos (Zona Norte, Centro e Sul), uma segunda fase com dois grupos de oito equipas cada, e finalmente um playoff, com uma fase preliminar entre 5º e 12º.

Na primeira fase o principal destaque foi o Académico da Feira, que somou por vitórias os oito jogos que disputou na Zona Norte. Para além do CA Feira, também o CH Carvalhos se apurou para o grupo 1 da segunda fase, ao terminar no segundo lugar.

Classificação final da Zona Norte – 1ª Fase do Campeonato Nacional de hóquei em patins feminino (Fonte: FPP)

Na Zona Centro, o único dos três grupos com seis equipas, Sanjoanense e Académica dominaram, terminando ambas nos lugares de qualificação sem qualquer derrota. A diferença entre ambas as formações acabou ser feita logo na jornada inaugural, com um empate das academistas diante do CENAP a traduzir-se em dois pontos perdido que no final das contas acabaram por dar o primeiro lugar da série à AD Sanjoanense.

Classificação final da Zona Centro – 1ª Fase do Campeonato Nacional de hóquei em patins feminino (Fonte: FPP)

Na Zona Sul, e sem surpresas, Benfica e Sporting não tiveram grandes dificuldades para terminar nos dois lugares cimeiros da tabela. Três pontos separaram os dois eternos rivais, fruto da vitória encarnada no Pavilhão João Rocha por 0-4. Na 2ª volta a equipa leonina saiu do Pavilhão da Luz com um empate a 3 golos, naquela que viria a ser a única perda de pontos das águias nesta fase da prova.

Classificação final da Zona Sul – 1ª Fase do Campeonato Nacional de hóquei em patins feminino (Fonte: FPP)

Na segunda fase, o grupo 1, onde se encontravam as oito melhores formações da primeira fase da prova, viu um Benfica mais forte que a concorrência, terminando no 1º lugar sem qualquer derrota. Foram apenas dois os pontos perdidos pela equipa de Paulo Almeida nesta fase da competição, um surpreendente empate em casa por 1-1 diante da equipa que viria a terminar na 4ª posição, a AD Sanjoanense.

As quatro primeiras classificadas (SL Benfica Sporting CP, CA Feira e AD Sanjoanense) garantiram acesso para os quartos de final do playoff, as restantes quatro equipas (5º-8º) teriam de realizar uma eliminatória preliminar juntamente com os quatro primeiros classificados do grupo 2 (9º-12º).

Classificação final do grupo 1 da 2ª fase do Campeonato Nacional de hóquei em patins feminino (Fonte: hoqueipatins.pt)

Grupo 2 esse que viu a formação do Stuart HC Massamá a passar de forma imaculada com um registo 100% vitorioso, 14 vitórias em outros tantos jogos, e com o CENAP logo atrás com 6 pontos perdidos, as duas derrotas diante do líder Stuart.

A estas duas equipas juntaram-se Académico FC e ACD Vila Boa do Bispo na passagem aos oitavos de final do playoff. AF Arazede, APAC Tojal, Escola Livre de Azeméis e CR Antes, terminaram a época nas últimas quatro posições do campeonato.

Classificação final do grupo 2 da 2ª fase do Campeonato Nacional de hóquei em patins feminino(Fonte: hoqueipatins.pt)

Nos playoffs, sempre com eliminatórias à melhor de 3 jogos, apenas 1 das 11 eliminatórias necessitou de um 3º jogo.

Nos oitavos de final todos os embates foram decididos em duas partidas, o 5º classificado Campo de Ourique eliminou o 12º Vila Boa do Bispo com duas vitórias contundentes (4-0 e 10-1) e marcou presença nos quartos frente ao 4º Sanjoanense.

A Académica de Coimbra, 6ª classificada, deixou pelo caminho o 11º Académico FC, com vitórias por 4-3 e 5-3, apurando-se para os quartos de final onde teria à espera o CA Feira.

O 7º classificado da segunda fase, Gulpilhares, foi surpreendido pelo 10º CENAP, perdendo dois jogos pela margem mínima (2-1 e 4-3), o que significou que o CENAP, equipa oriunda do grupo 2, avançaria até aos quartos de final onde tinha à espera o Sporting CP.

Mas o Gulpilhares não foi a única equipa a ser surpreendida, também o 8º classificado Carvalhos foi derrotado pelo Stuart HC Massamá, equipa que manteve o excelente momento que trazia da segunda fase, e bateu o Carvalhos por 7-1 e 7-4, avançando para os quartos onde enfrentaria o SL Benfica.

Nos quartos de final, os dois grandes favoritos avançaram com duas vitórias, o Benfica bateu o Stuart por 4-0 e 3-1, já o Sporting goleou o CENAP por 11-1 e 11-0. Também o CA Feira deixaria pelo caminho a Académica com vitórias por 11-7 e 4-0.

O outro quarto de final acabaria por ser a única eliminatória em todo o playoff a ir a um 3º jogo. Sanjoanense e Campo de Ourique dividiram os dois primeiros jogos, com vitória do Campo de Ourique por 2-1 no primeiro, e triunfo da Sanjoanense por 3-1 no segundo. No jogo 3, em São João da Madeira, acabariam por ser as visitantes a levar a melhor com nova vitória por 2-1, levando o Campo de Ourique às meias finais do playoff.

Nas meias finais Benfica e Sporting não tiveram grandes dificuldades para voltar a marcar presença na final. As águias bateram o Campo de Ourique por 6-3 e 12-3, já as leoas levaram a melhor diante do Académico da Feira por 8-1 e 6-2, voltando a agendar um Derbi para os jogos da final.

Final essa que, não tendo sido desequilibrada, acabou por não ir além das duas partidas. A formação do Benfica venceu ambos os jogos pelo mesmo resultado (3-2) e abdicou do terceiro jogo para voltar a levantar o troféu de campeão, numa época em que conquistou o título sem derrotas.

Marlene Sousa e a chilena Catalina Flores foram as figuras da final, marcando todos os seis golos da equipa encarnada (3 cada). A capitã do Benfica acabou a época como a melhor marcadora do campeonato, com um total de 63 golos marcados, mais 7 do que Catarina Costa da Académica que apontou 56, e mais 9 que a leoa Ana Catarina Ferreira que marcou 54.

Quadro final do playoff do Campeonato Nacional de hóquei em patins feminino (Fonte: hoqueipatins.pt)

Taça de Portugal

A final da Taça de Portugal foi uma reedição da final do Campeonato Nacional, Benfica e Sporting não se encontraram no caminho para a final, e confirmaram o favoritismo em todos os jogos até à tão desejada final, ainda que, para uma destas equipas, o caminho não tenha sido de todo fácil.

No caso do SL Benfica, chegou à final com três goleadas, 7-1 frente ao CENAP nos oitavos de final, 22-1 diante do Gulpilhares nos quartos, e 9-3 diante do Campo de Ourique. O resultado frente ao Gulpilhares entrou mesmo na história como a maior vitória da equipa encarnada na Taça de Portugal.

Para o Sporting o trajeto foi mais sinuoso, nos oitavos de final uma vitória caseira frente à AD Sanjoanense por 3-2, nos quartos novamente com uma vitória pela margem mínima, desta vez em Massamá diante do Stuart, numa partida que o Sporting perdia ao intervalo, e em que Inês Vieira vestiu a capa de heroína ao apontar os dois golos verde-e-brancos, com o golo da vitória a ser apontado a 33 segundos do final do tempo regulamentar. Nas meias finais veio o jogo mais tranquilo, com goleada por 19-0 perante o Vila Boa do Bispo, igualmente a maior vitória de sempre do Sporting na prova.

A final, disputada no Seixal, mostrou um Benfica mais dominador, levando a melhor por 3-1. Tal como nos jogos da final, Marlene Sousa e Catalina Flores foram essenciais marcando um golo cada, com o outro tento a ser apontado por Maria Sofia Silva.

Um resultado que permitiu às encarnadas levar a 8ª Taça de Portugal para o seu museu, isolando-se no topo do palmarés da prova, ultrapassando o CD Nortecoope que venceu 7 edições (1995/96, 1998/99, 2000/01 até 2004/05).

SL Benfica conquistou a 8ª Taça de Portugal consecutiva (Foto: Cátia Luís / SL Benfica)

Supertaça

Realizada em Alverca do Ribatejo, colocou frente a frente o campeão nacional e vencedor da Taça de Portugal, SL Benfica, e o semifinalista da Taça, Campo de Ourique, uma vez que o finalista vencido, Infante Sagres, extinguiu a sua equipa sénior feminina para a presente temporada.

Num jogo em que a formação do Campo de Ourique vendeu cara a derrota ao favorito Benfica, a equipa encarnada acabou por triunfar por 3-1 com golos de Marlene Sousa, Maria Sofia Silva e Catalina Flores, levando para casa a sua 8ª Supertaça.

Catalina Flores e Marlene Sousa foram decisivas na conquista do “triplete” (Foto: Victoria Ribeiro / SL Benfica)

Liga Europeia Feminina

SL Benfica e AD Sanjoanense representaram Portugal na Liga Europeia, mas foi novamente uma formação do país vizinho que levou a taça para casa. Com 10 equipas inscritas na prova, 5 das quais espanholas, o quadro competitivo alinhava, numa primeira fase, dois grupos de 5 equipas cada, com os dois primeiros classificados de ambos a apurarem-se para uma final-4.

No grupo A, a equipa do Benfica tinha como principais adversárias Telecable HC e CP Voltregà, para além das duas representantes francesas, o US Coutras e CS Noisy le Grand.

Com a fase de grupos a ser disputada apenas a uma volta, a equipa das águias conseguiu apuramento para a final-4, saindo derrotada de Gijón por 3-1, mas batendo o Voltregà, no Pavilhão da Luz, por inequívocos 6-1, para além de duas goleadas frente às representantes francesas (1-10 vs Coutras, 13-2 vs Noisy). Terminando assim o grupo A na 2ª posição, e marcando lugar nas meias finais diante do vencedor do grupo B.

Grupo B esse onde se encontrou a AD Sanjoanense, juntamente com as espanholas do HC Palau Plegamans, CP Manlleu, e Cerdanyola CH, e as italianas do Roller Matera.

A equipa da Sanjoanense foi incapaz de se impor perante as adversárias espanholas, com derrotas por 9-1 contra o Cerdanyola, 0-4 frente ao Palau, e 10-0 diante do Manlleu, fechando a fase de grupos com uma vitória frente ao Matera por 8-2. Nas contas do grupo, o Palau Plegamans terminou em primeiro e o Cerdanyola em segundo, apurando-se ambas para a final-4.

Na final-4 realizada no pavilhão do Palau, a equipa da casa superiorizou-se ao Benfica nas meias finais por 3-2, e ao Telecable por 2-1 na final, sagrando-se bi-campeã europeia, e dando à Espanha a sua 14ª Liga Europeia em 15 edições.

Palau Plegamans venceu a 2ª Liga Europeia consecutiva (Foto: António Lopes / WSE)

 

(Foto de Capa: Victoria Ribeiro / SL Benfica)


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