Ginástica Acrobática Portuguesa: medalhados com futuro!
Entre os dias 13 e 15 de Outubro, realizou-se a 9ª Competição Europeia por Grupos de Idade de Ginástica Acrobática, que se realizou em Rzeszow, na Polónia.
A comitiva portuguesa, composta por ginastas de vários clubes nacionais, como o Acrogym Clube de Coimbra, o Acro Clube da Maia, o Gimnofrielas, o Ginásio Clube Português e a Sociedade Euterpe Alhandrense, era uma das maiores presentes na competição: 16 ginastas no escalão 11-16 anos e 15 no escalão 12-18, num total de 31 ginastas. Destes, 22 asseguraram uma participação nas finais das respetivas categorias.
No entanto, se não fosse a regra de acesso à final de um ‘’par/grupo’’ por país, teriam todos os pares e grupos lusos seguido em frente na competição, uma vez que os portugueses estiveram entre o 1º e o 8º classificado.
A seleção lusa revelou uma prestação excecional nos primeiros dois dias de qualificações, ocupando sempre uma posição de destaque.
Escalão 11-16 anos
Na categoria de Pares Mistos, os ginastas Manuel Candeias e Madalena Cavilhas qualificaram-se para a final em 3º lugar, com um total de 54.700 pontos no All Around. Foi notável o desempenho do par luso, com um esquema de dinâmico que contagia o público de alegria, e um exercício de equilíbrio mais dramático, mas de uma beleza enorme. A prestação do par permitiu obter uma pontuação que estive muito perto da obtida pelos pares da Rússia e da Grã-Bretanha, países com uma forte tradição na ginástica acrobática e que têm tido resultados excelentes nas competições internacionais ao longo dos anos.
Já na final, o par misto conquistou a medalha de bronze, com 27.200 pontos, a mesma pontuação obtida pelo par misto inglês classificado em 2º lugar. Havendo um empate técnico, o critério de desempate foi a nota obtida no All Around, o que determinou que o par britânico levasse a prata para casa.
Na categoria de Pares Masculinos, Luís Ferreira e Francisco Semedo (Ginásio Clube Português) somaram 52.750 pontos nos exercícios de equilíbrio e dinâmico, chegando ao 6º lugar na tabela de classificações, enquanto os atletas Dinis Cardoso e Bruno Asseiceiro (Sociedade Euterpe Alhandrense) obtiveram 52.100 pontos no All Around, alcançando o 7º lugar. Sendo certo que ambos os pares masculinos conquistaram uma posição que lhes permitiria ir à final, apenas o par do GCP foi pontuado com 26.500 pontos, que lhe valeu um excelente 4º lugar na classificação final.
Nos Pares Femininos, Madalena Mesquita e Mariana Costa (Gimnofrielas), obtiveram 53.950 pontos, ocupando a 5ª posição nas qualificações. Por sua vez, Mª Leonor Mendes e Mariana Alegre (Acrogym Clube de Coimbra) alcançaram 53.550 pontos, atingindo a 8ª posição.
Na final, o par do GimnoFrielas atingiu os 26,350 pontos, tendo mantido a 5ª posição na tabela. Foi ótima a estreia deste par em competições europeias, tendo-se posicionado logo atrás de pares provenientes de países como a Bélgica, Rússia e Inglaterra.
Nos Grupos Femininos, Margarida Sousa, Margarida Malato e Matilde Vieira (GCP), alcançaram um total de 55.250 pontos, mantendo uma sólida 3ª posição na tabela, permitindo a este trio seguir para a final. Por seu turno, o trio composto pelas ginastas Joana Rebelo, Mariana Pereira e Maria Garcia, também do GCP, somaram 53.400 pontos, ficando-se na 7ª posição. De realçar que estavam em prova 32 grupos femininos, razão pela qual o 3º lugar é um feito extraordinário.
Na final, o trio do GCP arrecadou a medalha de bronze, com 27,450 pontos, demonstrando o porquê de ser um dos grupos favoritos às medalhas.
Escalão 12-18 anos
Na categoria de Pares Femininos, Portugal fez-se representar através das ginastas Maria e Bruna Gonçalves, do Acro Clube da Maia, e de Beatriz Domingues e Marta Oliveira, do Ginásio Clube Português.
Após a etapa das qualificações, o par da Maia obteve um total de 53.650 pontos, ao passo que o par do GCP somou 53.850 pontos. (separados por apenas 0,2 décimas). Apesar de não terem ido à final, o par maiota apresentou no seu esquema de equilíbrio, tanto no Europeu como ao longo da época, elementos de elevada dificuldade.
Assim, o par composto por Beatriz e Marta carimbou o seu passaporte para as finais, onde atingiu 26.750 pontos, o que lhes permitiu ficar em 4º lugar na classificação final.
Na categoria de Grupos Femininos, o trio da SEA, composto por Raquel Fernandes, Bárbara Félix e Ana Álvaro somou 53.350 pontos, o que lhes valeu uma passagem à final, onde se classificaram em 7º lugar com 26.050 pontos. Este trio é, também, estreante numa competição europeia, e apresentaram um esquema na final cuja coreografia transmite harmonia.
Nos Pares Masculinos, participou o par do Gimnofrielas, estreante nestas lides, composto pelos ginastas Bruno Ramalho e Fábio Beco, que se qualificou para a final em 4º lugar com 53.260 pontos. Mesmo com uma penalização por diferença de altura, os ginastas mantiveram-se firmes numa disputa muito renhida, e terminaram a prova na mesma posição, com 26.750 pontos.
Nos Pares Mistos, Pedro Malato e Inês Semedo, do Ginásio Clube Português, apresentaram bons exercícios de equilíbrio e de dinâmico, o que lhes valeu um total de 54.050 pontos, passando à final em 4º lugar. Na final, o par luso conquistou o 3º lugar do pódio com 27.250 pontos.
Nos Grupos Masculinos, a quadra portuguesa composta por Henrique Silva, João Pereira, Henrique Piqueiro e Miguel Silva, do Acro Clube da Maia, todos experientes em competições internacionais, somaram 27.200 pontos no exercício de equilíbrio e 28.350 pontos no exercício de dinâmico. Saliente-se que esta última foi a nota mais elevada atribuída pelo júri no Europeu.
Na final, com o exercício combinado, alcançaram 28.000 pontos, o que lhes permitiu sagrarem-se vice campeões da Europa, ficando apenas a 0,20 décimas da quadra Russa, que classificou-se em 1º. Foi uma prata com sabor a ouro.
Este grupo masculino, medalhado no Campeonato da Europa de 2015 e no Campeonato do Mundo de 2016 com o bronze, sustém o público durante a apresentação dos seus exercícios, com qualidades técnicas e artísticas irrepreensíveis, oferecendo ao público momentos de entretenimento.
O Pós-Europeu e o trabalho extra
De realçar a enorme claque portuguesa que esteve presente em todos os dias da competição – enorme em quantidade e no apoio prestado aos nossos ginastas. Família, amigos, os próprios ginastas que aguardavam a sua vez de entrar em ação. Ali, não houve clubismos. Só houve portugueses a apoiarem-se entre si.
O Campeonato da Europa de 2017 ainda não terminou, uma vez que ainda irá realizar-se a competição no escalão 13-19 anos e nos seniores. Contudo, com o que já foi possível observar até agora, constatamos que temos uma geração jovem de atletas de ginástica acrobática altamente qualificada.
“Podemos referir que a presença de Portugal foi fantástica. Não só pela grande qualidade dos seus pares/grupos, visto que, estivemos em todas as finais da prova e, se não fosse a regra de apenas um par/grupo por país, teríamos muitos mais Ginastas nas finais. No que respeita à quantidade de Ginastas em prova, fomos o segundo país com mais competidores. De salientar a grande tranquilidade e entreajuda de todos os componentes da equipa Portuguesa e, também, da excelente ‘claque’ de apoio que marcou presença em Rzeszów. Este apoio aos nossos Ginastas foi, Fantástico! Portugal provou que, é neste momento, uma grande potência internacional, na Ginástica Acrobática”, sublinha Luís Arrais, Vice-Presidente da Federação de Ginástica de Portugal e Chefe da Delegação Portuguesa.
Estes ginastas, cujo esforço, dedicação, persistência e amor à modalidade são extraordinários, fruto de muitas horas de treino – por vezes, bi-diários – acabam por abdicar de tempo de convívio e lazer com os amigos e família. ‘’Não posso, tenho treino’’ é uma frase comumente utilizada entre ginastas.
A família é o verdadeiro suporte destes ginastas. Na esmagadora maioria dos casos, é ela que financia o maillot utilizado pelos ginastas, o custo das deslocações para as provas nacionais e internacionais, entre outras despesas. Falta à ginástica acrobática apoio financeiro, material e estrutural. Há muitos clubes que nem sequer têm um praticável de competição para treinarem. Mas também falta reconhecimento público, nomeadamente dos meios de comunicação social.
No fim do dia, o maior reconhecimento que os ginastas podem ter é o som dos aplausos no fim de cada exercício que realizam. Por agora, o orgulho e a gratidão que os ‘adeptos’ da ginástica sentiram ao assistirem ao desempenho dos nossos fantásticos atletas é suficiente.
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