O futsal nacional não está muito bem nem muito mal. Apenas está
Estamos na altura do ano em que começam a decidir-se os campeonatos das mais diversas modalidades e no futsal não é exeção. O Fair Play lança, por isso, uma análise ao momento da modalidade em Portugal e nos mais diversos escalões.
O futsal sénior masculino é talvez o único escalão que não preocupa minimamente. Sporting e Benfica estão muito bem classificados no ranking de melhores equipas da Europa e a Liga SportZone é muito equilibrada ao nível das restantes equipas. O Belenenses, que há uma década lutava pelo título, é agora uma formação do meio da tabela e equipas como o Viseu 2001, o Elétrico, a Burinhosa ou o Leões de Porto Salvo estão agora a fazer frente às habituais equipas do topo da tabela e que, normalmente, se qualificam para a final 8 do campeonato português.
Se clubes como Fundação Jorge Antunes, Freixieiro, Alpendorada e Instituto D. João V deixaram de constar na lista que compõe o principal escalão nacional, outros como Braga AAUM e Fundão passaram a figurar num segundo grupo de equipas que são candidatos a conquistar o título.
Gondomar foi o mote
Já no futsal sénior feminino, o momento ainda não é o justo para a qualidade que existe, mas para lá caminha caso a FPF consiga manter a aposta nesta modalidade.
O 2º lugar conquistado no Europeu de futsal, que se realizou em Gondomar, deu o mote para aquilo que podemos atingir a nível internacional. Contudo, para que isso possa acontecer é fulcral que os campeonatos sejam competitivos, não só em seniores como também nos escalões de formação. Essa competitividade só vai ser alcançada se existirem mais apoios às associações distritais bem como aos clubes.
Antes do topo, o caminho até lá.
É nas crianças e jovens que é depositado o futuro. O futuro na ciência, na política, na educação, na cultura, no desporto. Em tudo.
É natural por isso que se olhe para os miúdos e graúdos como potenciais atletas de destaque. Nem todos o serão, é certo, contudo, todos são necessários para que possa existir quem o seja.
As associações são neste tema as grandes responsáveis por manter as competições num nível de qualidade aceitável, o que neste momento não acontece. Há uns anos a esta parte que as equipas da formação estão desniveladas em termos de qualidade de trabalho.
O que acaba por acontecer é que quem quer ser campeão acaba por fazer um esforço financeiro para ir tentar “buscar” as estrelas de cada equipa e, assim, formar uma super-equipa. Já os clubes de menor destaque acabam por não conseguir remediar as perdas, não só porque não têm capacidade monetária, mas porque não têm projetos bem preparados.
Inúmeros clubes inscrevem equipas apenas para ter mais apoios e afirmar, “de peito feito”, que têm equipas a disputar todos os campeonatos da formação. Caros diretores e delegados das associações, quantidade não é qualidade.
Apostem em projetos rentáveis e de futuro que, certamente, mais Ricardinhos vão revirar os olhos aos adversários, mais Beneditos vão fazer defesas incríveis e mais capitães como é o João Matos vão aparecer.
Olhando para todo o panorama nacional, pensamos que o futsal em Portugal nem está muito bem, nem está muito mal. Está estagnado.
One comment
Luís Gonçalves
Março 19, 2019 at 10:57 am
Portanto a solução é?
Li e reli e não vejo soluções. Ou será que a proposta era as Associações rejeitarem a inscrição dos Clubes com menores recursos financeiros e deixar apenas os que têm recursos económicos relevantes e projetos estruturados? É isso apostar em projetos rentáveis?