Futebol de praia: Taça de Setúbal 2024

Tiago PelicanoAgosto 1, 20248min0

Futebol de praia: Taça de Setúbal 2024

Tiago PelicanoAgosto 1, 20248min0
Tiago Pelicano conta-nos em primeira mão como foi jogar e ganhar a Taça de Setúbal 2024, num torneio que meteu lendas do futebol de praia nacional

Neste artigo iremos abordar uma competição pouco conhecida e que é uma recém-nascida, tendo sido este ano a segunda edição da mesma, a Taça de Setúbal 2024. É uma competição disputada ao nível distrital e que este ano contou com seis equipas participantes, a prova foi toda disputada na Praia do Ouro em Sesimbra e sempre disputada a meio da semana, final da tarde, início de noite.

E porque falar desta competição, as taças distritais têm poucas vezes visibilidade, são pouco conhecidas fora da orbital do distrito, mas por vezes levam aos estádios e areais mais publico do que um jogo do campeonato de Elite… Algo que talvez devesse ser pensado, como uma taça distrital enche mais que um jogo da principal divisão da modalidade. É o mesmo que um jogo de duas equipas da distrital terem mais publico que um jogo da Liga 1, estranho? No mínimo dá que pensar.

A primeira edição da Taça de Setúbal foi vencida em 2023 pelo Sesimbra e este ano, tivemos jogos épicos do vencedor, que tive o privilégio de fazer parte e que irei dar-vos a minha perspetiva sobre esta taça e do que senti e vivi durante esta competição, que tive a honra de vencer em 2024, para os mais distraídos, o vencedor foi o Vitória FC.

As equipas participantes este ano foram, GD Pescadores da Costa da Caparica, GD Sesimbra, GD Alfarim, Zambujalense, S. Domingos e Vitória FC.

Existia uma sétima equipa, Paio Pires, mas desistiram da prova.

Os 1/4 de final, disputados no dia 3 de Julho, ditou por sorteio os seguintes confrontos:

  • Paio Pires x Vitória FC
  • Sesimbra x Alfarim
  • Zambujalense x S. Domingos
  • Isento x Pescadores da Costa da Caparica

Apuraram-se para a 1/2 final o Sesimbra, que venceu o Alfarim, Zambujalense que eliminou o S. Domingos, os Pescadores da Costa da Caparica que estavam isentos e o Vitória FC, que por desistência do Paio Pires qualificaram-se sem jogar.

As 1/2 finais, foram disputadas no dia 16 Julho e opôs o Sesimbra contra o Vitória FC e o Zambujalense contra os Pescadores da Costa da Caparica.

Os Pescadores da Costa da Caparica qualificaram-se para a final ao vencerem o Zambujalense por 6×2.

Já a outra 1/2 final, foi digna de uma final, foi talvez uma final antecipada, o Sesimbra que disputa a divisão de Elite e que detinha o título do ano anterior, jogava frente ao histórico Vitória FC, que desde que reativou a modalidade no clube, aos poucos tem tentado regressar ao patamar mais alto do futebol praia nacional.

O jogo foi bem disputado e “quentinho” pois ninguém queria facilitar e o 1º período terminou com as balizas a 0. Já no 2º período o Vitória FC entrou melhor e a ter mais bola, a jogar mais e chegou mesmo ao golo, uma jogada bem desenhada (puxando aqui a brasa a minha sardinha – risos), a bola é jogada na ala para o Belchior, aguardou pela pressão para me colocar 1×1 na frente, deu no Gr, o Sérgio Mata, lançou a bola picada em que só tive de encostar o pé para o Belchior que vinha em transição, sozinho segurou, eu afastei-me da marcação para dentro da área na zona lateral, o Belchior esperou o defesa sair e com um passe tão característico seu, em “colher”, deu para mim por cima do fixo do Sesimbra, a bola vinha tão “redondinha”, que na minha visão eu ia receber, parecia que a bola estava parada no ar, só tive de fazer o movimento da bicicleta e meter a bola dentro da baliza, até pareceu fácil – risos. O Sesimbra iria empatar pouco tempo depois, terminando o 2º período com o placar 1×1. No 3º período, fomos melhores, defendemos, melhor, atacamos melhor e depois tivemos a estrelinha, fizemos o 2×1 e o 3×1 e saímos justos vencedores da 1/2 final.

A final estava marcada para o dia 24 Julho e opôs os Pescadores da Costa da Caparica contra o Vitória FC. Mais um jogo épico e que daria um filme de Hollywood, foi inacreditável, mais um verdadeiro hino à modalidade, os Pescadores da Costa da Caparica entraram no jogo sem qualquer receio de estarem a jogar contra uma equipa da divisão acima e fizeram-nos o mesmo que nós fizemos ao Sesimbra, entraram para vencer o jogo.

Nós a assumir o jogo e a criar algumas chances de perigo, mas sem sermos eficazes e o Costa a defender bem e a sair no contra ataque, o 1º Período terminou 0x0, o que deu confiança ao Costa e fez-nos ficar um pouco ansiosos. No 2º Período, continuou a saga, nós a assumir o jogo, pouco eficazes e o Costa da Caparica, num lance de contra-ataque, fez o 1×0, terminando o 2º Período assim. Se eles já estavam a acreditar que era possível e nós ansiosos, no final do 2º Período, senti que isso se instalou ainda mais…

Entramos no 3º Período e novamente, nós por cima, ataque atras de ataque e o Costa muito calculista e a defenderem com tudo acabaram por novamente num contra ataque fazer o 2×0, aí soaram os alarmes do nosso lado, senti que ia fugir, que íamos perder a final… Depois de tanto trabalho e de um jogo contra o Sesimbra em que saímos vencedores deixar fugir a final seria uma desilusão enorme, mas é nesses momentos que os grandes jogadores vêm ao cimo e aqui inicia-se uma remontada épica, digna de um “All or Nothing” da PrimeVideo. Faltavam 3min, sensivelmente, para terminar o jogo, quando o Formiga sofre uma falta em zona do meio campo ofensivo, parou, respirou, colocou a bola e bem ao jeito dele, sai uma bomba do pé esquerdo cruzada e puff fez-se o 2×1! Que colocação brutal e foi na altura certa, foi super importante o golo, deu uma crença e fez-nos ir para cima, já a terminar o 3º Período. Tinha de ser o Mago a fazer o golo do empate, tal como disse antes, os grande jogadores aparecem nos grande momentos, se antes tinha sido o Formiga a aparecer, desta vez era o Belchior, com uma bicicleta bem característica ao segundo poste, com aquela trajetória em arco. Estava na zona do segundo poste, e parecia a trajetória de um arco iris, entrou na gaveta, 2×2 e fim do 3º Período.

No prolongamento, fechávamos com chave de ouro, um momento incrível, que o futebol praia nos proporciona, ambas as equipas na busca do golo, o jogo meio partido, estavam ambas as equipas a tentar fazer o golo da vitória mas com medo de sofrer, pois ambas sabiam que se alguém marcasse iria quase de certeza vencer o jogo.

Eis que a dois segundos do fim, o jogador do Costa comete falta dentro da nossa área com uma mão na bola, isto significa que qualquer jogador que esteja em campo pode bater a falta… Para quem foi a responsabilidade? Obviamente, para o Mago, Nuno Ricardo Belchior… o que ele fez? Nada mais nada menos que uma bolada na baliza, em arco, para enganar o Gr do Costa e… 3×2 para o Vitória, corremos todos para o abraçar e festejar aquele golo épico, que só jogadores deste nível, dos melhores de sempre pode fazer. Ainda houve tempo para o pontapé de saída, mas não conseguiram finalizar sequer e acabou o jogo!

Vitória para o Vitória FC!

E qual o motivo para escrever sobre esta taça? Porque a minha equipa venceu? Não… O motivo e aquilo que mais me marcou nesta competição foi mesmo as centenas de pessoas que passaram ali para nos verem jogar… Incrível, a meio da semana, final de tarde, inicio de noite e a bancada cheia de pessoas! Quem me dera que todos os jogos fossem para a Taça de Setúbal 2024 e que todos os jogos tivessem este número de pessoas na bancada, o futebol praia seria tão mais bonito e tão mais valorizado.

O que nos valoriza é sem duvida quem nos vê, quem nos assiste, quem perde o seu tempo para ver 10 malucos a correr na areia atras de uma bola, quero deixar um agradecimento a todos os que tiveram presentes nesses dias e deram a Taça de Setúbal um brilho como poucas vezes vivi no futebol praia… A vocês adeptos, um muitíssimo OBRIGADO!


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