Fumo branco nas eleições da Federação Portuguesa de Judo

João CamachoMaio 1, 20235min0

Fumo branco nas eleições da Federação Portuguesa de Judo

João CamachoMaio 1, 20235min0
Já há resultados das eleições da Federação Portuguesa de Judo com Sérgio Pina a receber os votos e a ser nomeado como novo presidente

A eleição para o órgão de Presidente da Federação Portuguesa de Judo-FPJ, decorreu no passado dia 29 de abril. Sem surpresas, Joaquim Sérgio Pina, Vice-Presidente da Direção liderada por Jorge Fernandes, venceu. A surpresa acabou por ser o número de votos que a lista liderada por José Mário Cachada obteve. Joaquim Sérgio Pina contou com 35 votos, num universo de 57, derrotando José Cachada, que somou 21 votos, tendo ainda sido contabilizado 1 voto em branco.

O que esperar de Sérgio Pina?

Na verdade, não espero grandes mudanças relativamente ao modelo e linha de gestão de Jorge Fernandes. Sérgio Pina é o que podemos chamar de “herói acidental”, que uma sucessão de escândalos guindou a candidato, e vencedor quase garantido, para assegurar o termo do mandato de 2020-2024.

Sérgio Pina terá de liderar a FPJ durante, aproximadamente, um ano e meio. No que respeita aos resultados desportivos, terá o enorme desafio para continuar o legado de Jorge Fernandes. Recordo que é o presidente na história da FPJ com o melhor e mais consistente conjunto de resultados. No que respeita à gestão da FPJ propriamente dita, o legado será também desafiante. Com um passivo financeiro, alegadamente, a bater todos os recordes, será necessária alguma contenção e “arrumar a casa” com determinação, para evitar o descalabro de entrar em bancarrota, o que teria um impacto desastroso, para não dizer calamitoso, no Judo Português.

A equipa agora liderada por Sérgio Pina será a mesma que estava em funções no mandato cessante. Fica a dúvida se Jorge Fernandes manterá alguma influência na estratégia e gestão da FPJ, apesar de formalmente afastado, pois tem um grande ascendente e proximidade com muitos dos elementos dos atuais órgãos da FPJ. Fica também a incerteza quanto a Jorge Fernandes poder ser candidato ao mandato 2024-2028.

Tenho de destacar a prestação de José Cachada neste processo eleitoral pois ao conquistar 21 votos num universo de delegados, que no último processo eleitoral deu uma vitória expressiva e arrebatadora a Jorge Fernandes. Não podemos esquecer que foram exatamente os mesmos delegados, já que não ocorreu processo para eleição de novos delegados, que voltaram a votar neste processo eleitoral. Não sei se esses 21 votos refletem, além de algumas conhecidas dissidências, o desagrado, e, provavelmente, alguma revolta, de ver o Judo Português em destaque pelas piores razões, sendo o voto em José Cachada um sinal protesto, ou se correspondem a delegados que realmente acreditam no projeto de José Cachada, muito ambicioso e que prometia ser revolucionário. Como reiteradamente tenho escrito, creio que o elemento mais forte da lista de José Mário Cachada era o candidato a Vice-Presidente, Pedro Caravana, que com este sinal evidente de uma crescente vontade de mudança, poderá dar o passo de se assumir como candidato ao cargo de presidente nas próximas eleições.

Resultados das eleições da Federação Portuguesa de Judo

Campeonatos do Mundo de Doha

Dia 7 de Maio arrancam, na capital do Catar, Doha, os Campeonatos do Mundo de judo de 2023. A ambiciosa estratégia do Catar em organizar grandes eventos desportivos, com natural destaque para o Campeonato do Mundo de Futebol, que decorreu no final de 2022, tem sido alvo de duras críticas, especialmente pelas reiteradas violações dos direitos humanos no País, a falta de dignidade com que os trabalhadores são tratados, alguns sujeitos a situações de autêntica escravatura, e o incumprimento das mais básicas normas e recomendações ambientais. A falta de liberdade de expressão e de imprensa também têm sido alvo de duras críticas. Não basta construir e organizar eventos desportivos de excelência e com projeção global para tentar ocultar a realidade deste País, propagando uma imagem adulterada e falsa de um país que está longe de ser uma referência ou um exemplo! O dinheiro não compra tudo… embora, comprovadamente, dê muito jeito… .

Este mundial ficará também marcado pela polémica em torno da decisão da Federação Internacional de Judo-FIJ em permitir a participação de atletas russos e bielorussos, sob bandeira neutra, e que, alegadamente, não terão tido posições públicas a favor da guerra que assola a Ucrânia há mais de um ano. A Ucrânia protestou e já informou que irá boicotar estes campeonatos do mundo. Sempre fui defensor de que o desporto deverá ser imune a estas polémicas. Apesar de compreender a posição da equipa ucraniana, creio que o desporto deve ser um veículo para aproximar mulheres e homens e, em circunstância alguma, os dividir ou afastar. Isolar é claramente a pior estratégia, que acentua divergências e extremismos.

Polémicas à parte, a participação portuguesa será alvo de um artigo em que irei apresentar todos os judocas portugueses presentes nestes campeonatos do munto, bem como, irei partilhar as minhas expectativas sobre a prestação da equipa portuguesa.

Foto: Doha 2023


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