Definição de Quadros Competitivos na Patinagem de Velocidade
A Patinagem de Velocidade tem vindo a perder atletas nos últimos anos, dado que se agravou com os efeitos da pandemia e que foi transversal a praticamente todas as modalidades desportivas. Já aqui falámos das várias oportunidades que devemos criar para tentar ultrapassar essas mesmas dificuldades, e até mesmo aproveitar para recriar o modelo de desenvolvimento desportivo.
O ano de 2021 foi histórico a todos os níveis tal como foi também já escrito no Fair Play. No entanto, as bases continuam a carecer de um forte empenho, sendo a popularização da Patinagem de Velocidade um dos grandes objetivos da Federação de Patinagem de Portugal neste mandato. Considerando que temos dois paradigmas diferentes (estamos no topo da modalidade, conquistando diversos títulos internacionais, mas carecemos de aumentar a base de recrutamento), como conciliar um calendário competitivo que deve dar resposta ao alto nível de exigência competitiva dos patinadores de topo, mas por outro lado deve dar também seguimento a quem ainda está a trilhar o caminho da evolução e captar novos praticantes?
O papel das Associações Territoriais e dos Clubes são fundamentais para que, no terreno, possam pôr em prática as diretrizes apresentadas e discutidas por todos os agentes da modalidade. São as Associações e os Clubes que estão próximos das entidades e da população local, que conseguem ser o braço de ação da modalidade em termos práticos. Assim, toda a dinâmica local é fundamental, havendo a necessidade de criar um quadro de atividades que corresponda às expetativas próprias de cada população, intervindo da forma mais adequada.
Importa, acima de tudo, que todas as áreas de intervenção na modalidade sejam abrangidas: a iniciação, com diversidade de atividades de divulgação da modalidade e atividades pontuais lúdicas para quem dá os primeiros passos na modalidade; havendo já alguma massa crítica, proporcionar enquadramento aos patinadores que comecem a desenvolver o gosto pela competição, seja através de estágios locais, seja através de quadros competitivos partilhados entre Associações. Neste particular, sabemos que a competição regional é fundamental, tentando sempre adequar o nível da competição ao nível de desenvolvimento do patinador.
Quando temos já atletas de nível superior, podemos tentar criar patamares competitivos para que todos se sintam parte de um processo evolutivo e não apenas alguém que já não serve para a modalidade; e depois sim, quadros competitivos com grande qualidade técnico-tática. Este último patamar não será fácil de atingir, devendo apostar-se em criar projetos diferenciados de acordo com o respetivo estádio de desenvolvimento da modalidade na região em que se insere.
O trabalho da Associação de Patinagem da Madeira é um dos projetos mais visíveis da atualidade, com uma elevada qualidade nos seus atletas e um futuro promissor, sendo que a estratificação competitiva foi um processo que levou cerca de 10 anos a atingir. A região tem, neste momento, uma excelente base de recrutamento (onde se encontra praticamente um terço da demografia federada da modalidade) e atletas de referência internacional. No entanto, os trabalhos ao nível da estratificação das atividades mantêm-se dinâmico, recusando-se a ideia de que o modelo é perfeito. Essa análise tem sido fundamental para que o sucesso da Madeira tenha o alcance que tem.
Note-se, porém, que cada região tem as suas especificidades, pelo que é extremamente importante que se faça uma análise cuidada e se projetem ideias a curto, médio e longo prazo. O modelo aplicado na Madeira pode não ser o mais acertado para outra zona do país. No entanto, servirá, com certeza, de um bom ponto de partida.