De Geração em geração: Os 15 melhores jogadores portugueses
Em todas as modalidades existe sempre a comparação entre o presente e o passado, quem são os GOATs e as melhores gerações, existe também a vontade de criar a dream team, juntar os melhores que jogaram numa só equipa e ser invencível. Neste artigo, vou fazer a seleção de 15 jogadores que representaram as cores nacionais lusitanas na nossa modalidade de Futebol Praia, sem hierarquias, uma convocatória de portugueses para o “campeonato do mundo das estrelas e constelações”.
Quero deixar desde já que são escolhas pessoais, têm algum fundamento e irei justificar as escolhas de tais jogadores, mas alguns serão sem duvida por afinidade e alguma “infantilidade” no sentido de serem os heróis do passado que nos fazem sempre sorrir ao relembrar ver na TV quando eramos pequenos. Que em momento algum se retire mérito a todos os que representaram a seleção das quinas, pois naquele momento eram os melhores para lá estar.
OS REDES
Começando pela baliza, as minhas escolhas recaem sobre José Miguel Mateus, Paulo Graça e Elinton Andrade.
Qualquer um dos três têm uma grande e forte personalidade e isso é uma característica que todos os grandes guarda-redes devem ter, Zé Miguel apesar de não ter o jogo de pés dos outros dois, acaba por ter uma grande leitura e entendimento do jogo e sempre foi, pela minha memória, um guarda-redes seguro entre os postes. Paulo Graça foi talvez o primeiro GR português a mostrar que podia fazer a diferente no marcador com golos, remate fácil e forte e detentor de um lançamento milimétrico é uma escolha óbvia. E por fim, Elinton Andrade, a sua facilidade de manter a bola no ar e a olhar para o jogo torna-o numa arma fatal para a armação do jogo, uma leitura de jogo fortíssima e destemido nos momentos decisivos revelam que qualquer um que jogasse iriam ser um caso sério fazer golos nesta baliza.
OS FIXOS
Para a posição 2, ou fixo, dois nomes contemporâneos, Bruno Torres e Rui Coimbra, ambos fortíssimos defensivamente e grandes lideres, com uma agressividade e um espirito de sacrifício ao nível dos guerreiros espartanos têm todas as características que procuro para jogadores nesta posição. O terceiro nome foi fácil escolher também, seguindo as orientações e traços dos dois anteriores, o seu antecessor de posição representa tudo isso, dono de uma das canelas mais rijas do futebol praia mundial, Pedro Jorge eram um pesadelo para os Pivôs adversários, Eric Cantona que o diga (risos)…
OS ALAS
Para as posições 3 e 4, ou Alas, foram 6 nomes que rapidamente foram surgindo como a água mata a sede. Os primeiros foram a dupla de ouro, os inigualáveis e inesquecíveis, Alan Cavalcanti e Madjer Saraiva, esta dupla fazia-nos acreditar que Oliver e Benji eram reais, faziam coisas inacreditáveis, golos monumentais e no verão todas as crianças que jogavam à bola na praia entoavam uma narração mítica, “pontapé de saída para Portugal, Alan levanta, Madjer chuta e é o Goooooooooooooooooloooooooo!”, Alan com a sua visão de Heimdall (da séria Thor da Marvel), aquele que vê e ouve tudo e Madjer com o seu pontapé canhão rebentavam com qualquer defesa. Depois o Ninja… Hernâni, claro que o eterno número 3 da seleção e capitão tinha de ser escolhido, dono de uma agressividade, vontade e crer que desafiava todos os impossíveis, é uma referência para todos os que jogam esta modalidade, se não é, deveria ser.
Jordan Santos e Bê Martins, por razões obvias, não só parecem a dupla de ouro, como ambos têm características muito idênticas às de Alan e Madjer, Jordan com o seu pontapé fortíssimo e Bê com a sua visão de jogo, talvez a grande diferença seja realmente a evolução que a modalidade, em que Jordan e Bê jogam mais pelo areal enquanto Alan e Madjer jogavam mais a bola pelo ar.
Por fim a minha escolha recai sobre um nazareno de seu nome Bruno Novo e porquê Bruno Novo, não só foi dos jogadores mais inteligentes que vi jogar e dono de uma técnica fabulosa, a sua polivalência e espirito de equipa, sacrificando-se pelo bem maior fazem dele um jogador que todos deviam ter nas suas equipas, pena as lesões não o terem deixado em paz, poderia ter sido tão mais do que o esplendor que foi.
He's a true beach soccer legend, and he played his last #BeachSoccerWC at Paraguay 2019, finishing his story perfectly ?
Thank you for all of the memories, ?? Madjer ??? pic.twitter.com/W1GpOZ4fXt
— FIFA (@FIFAcom) December 2, 2019
OS PIVÔS
E, finalmente, a posição 5, ou pivô, apesar de hoje em dia já não pisar tanto nesta posição, foi nela que apareceu e que me maravilhou com as suas bicicletas, de todo o lado valia e de todo o lado entravam, “daí não dá para sacar uma bicicleta” era uma frase desconhecida para o “Mago” Nuno Belchior, dono de uma das maiores capacidades técnicas que já vi no futebol praia, tinha a capacidade de resolver jogos quer com passes, quer com golos, facilmente sacava uma falta e depois já lá morava, irreverente e quase como um Mustang das areais, é uma escolha que parece obvia, a bola não chora ali. Leo Martins seria a outra escolha, goleador e até a dormir faz golos, todas as equipas precisam disso, para além da sua capacidade goleadora, a sua química com o seu gémeo faz com que ter os dois é praticamente show garantido.
Por último e porque nesta posição penso que é importante ter alguém que seja capaz de também segurar a bola e combater contra fixos mais fortes, ter uma referencia escolhi o Von, porte físico grande, com capacidade de receber e segurar o jogo, boa receção com o peito para a bicicleta e consegue igualmente aos outros dois levantar e bater de bicicleta sempre com perigo e quase sempre em golo quando vai à baliza, tem os recursos para haver jogo direto caso seja necessário, acaba por ter características diferentes.
O TREINADOR
Como os jogadores precisam de um timoneiro, vou incluir a escolha de um selecionador também, a minha escolha seria José Miguel Mateus, trabalhei com ele como jogador e adjunto e obviamente que será sempre alguém que guardo com muita consideração e respeito por tudo o que me ensinou e transmitiu nos dois anos que tive o privilégio de trabalhar com ele.
Mas como já o escolhi como GR, vou optar por não repetir e atribuir neste caso a posição ao até então selecionador mais titulado que Portugal já teve, Mário Narciso, o atual selecionador é bicampeão do mundo (2015 e 2019) e já venceu inúmeros títulos europeus com a nossa armada lusa, fazendo dele a minha segunda escolha imediata sem necessidade de pensar muito.
Estas seriam as minhas escolhas num multiverso em que seria possível juntar todos no seu auge, estes 15 dão-nos a mentalidade competitiva, agressividade, qualidade técnica e tática, a capacidade de jogar organizado ou direto, de jogar no ar ou no areal, a mentalidade vencedora e acima de tudo isso seria sem dúvida um grande grupo de Homens.
Como sei que nunca há consenso nas escolhas e existem sempre outras preferências, porque existem demasiados grandes jogadores para que possam estar todos em 15 convocados, convido-vos a fazerem a vossa própria convocatória e partilharem connosco os vossos 15, de geração em geração.