Contagem decrescente… Campeonatos do Mundo de Judo 2022
Os campeonatos do mundo de judo de 2022, arrancam no próximo dia 6 de outubro na capital do Uzbequistão, Tashkent. Portugal irá apresentar uma equipa de 8 judocas (4 femininos e 4 masculinos). O desafio da equipa portuguesa é lutar por uma prestação idêntica à que teve nos últimos dois campeonatos do mundo, Tóquio 2019 e Budapeste 2021. Será uma missão muito complicada, apesar da ausência, imposta, da fortíssima equipa russa, o nível será altíssimo e antevejo uma competição muito forte e com muitas surpresas.
Uzbequistão
Antiga república soviética, o Uzbequistão é hoje uma das potências emergentes do judo mundial. Com diversas medalhas em campeonatos do mundo e jogos olímpicos, tem apostado muito neste desporto, e a contratação do “lendário” campeão do mundo e olímpico, o grego Ilias Iliadis, para liderar a equipa técnica da seleção, foi uma clara demonstração do compromisso e investimento que atualmente o Uzbequistão tem com o judo.
Tashkent é a capital de um país em desenvolvimento, impulsionado por uma economia em crescimento, especialmente desde 2003, muito suportada pelos minérios (ouro, carvão), indústria pesada e a agricultura.
Com perto de 3 milhões de habitantes, disponibiliza infraestruturas desportivas ao nível do melhor que se constrói no mundo. Dada a relevância e reputação do judo na sociedade Uzbeque, é expectável um ambiente animado, muito ruidoso, especialmente quando os atletas da casa estiverem em ação. Serão 8 dias do melhor judo, 7 reservados à competição individual o último reservado à competição de equipas mistas.
A equipa portuguesa
A equipa portuguesa será constituída por 8 judocas, 4 do género feminino e 4 do masculino. A fasquia está alta, as prestações dos mundiais de Tóquio 2019, em que Portugal conquistou um título mundial, uma prata e dois 5.ºs lugares (derrota na luta pelo bronze), ou de Budapeste, com um título, um bronze, um 5.º e um 7.º lugar, foram muito consistentes e colocaram o nosso país no patamar de excelência, terminando em ambas as ocasiões no top 10 do ranking de medalhas, mais exatamente no 3.º e 6.º lugar.
Comparativamente a estes dois campeonatos do mundo, a delegação portuguesa encolheu, em Tóquio tivemos 18 judocas portugueses e em Budapeste 13. Apesar de duas baixas de peso nesta comitiva, Telma Monteiro e Patrícia Sampaio, por lesão, as expectativas continuam em alta, pois teremos o bicampeão do mundo em ação, Jorge Fonseca, e temos vários judocas que poderão aspirar a chagar longe na competição.
Catarina Costa – 48Kg
A atual 4.ª posição do ranking mundial, e 2.ª do sorteio, coloca a judoca de Coimbra como uma das cabeças de série com, legitimas, aspirações a lutar pelas medalhas. O 5.º lugar nos Jogos Olímpicos de Tóquio, o título de Vice-Campeã da Europa deste ano ou o ouro no Grand Prix de Portugal, são reveladores da sua qualidade e consistência. No entanto sabe, de antemão, que as duas japonesas que irão lutar nesta categoria de peso, estão do seu lado do quadro, com duelo previsível nas meias-finais. Catarina terá de ser igual a si própria, metódica, assertiva e focada. Acredito que poderá chegar longe nestes campeonatos do mundo.
Catarina Costa takes her first ever Grand Slam Gold, denying the hosts a fairytale start – unfazed by the home crowd she looked confident and strong – Gold for Portugal!#JudoBrasilia #Judo #Gold #GrandSlam ©️ IJF Media Team – Robin Willingham pic.twitter.com/60CB7aM0Iq
— Judo (@Judo) October 6, 2019
Joana Diogo – 52Kg
Desde que subiu dos 48Kg para os 52Kg, Joana tem demonstrado uma boa adaptação a uma categoria de peso onde Joana Ramos foi a referência nos últimos anos, até ter abandonado os tatamis em 2021, após os Jogos Olímpicos de Tóquio. Joana tem como Grande resultado nesta categoria de peso, o bronze conquistado no Grand Prix de Portugal. Terá uma tarefa muito complicada nestes mundiais, pois não é cabeça de serie e poderá ter um sorteio que a coloca logo nos primeiros combates frente a uma das candidatas às medalhas.
Bárbara Timo – 63Kg
A judoca Luso -Brasileira tem um currículo fortíssimo, onde se destaca a prata e respetivo título de Vice-Campeã do Mundo dos 70Kg, conquistado nos Campeonatos do Mundo de Tóquio, em 2019. Depois dos Jogos Olímpicos, que visitaram esta mesma cidade em 2021, Bárbara tomou a decisão de baixar para a categoria dos 63Kg, após ter enfrentado uma depressão.
Até à data, a decisão parece acertada. Venceu, logo na sua prova de estreia nesta nova categoria, nada mais nada menos que a mais prestigiada e competitiva etapa do circuito mundial, o Grand Slam de Paris de 2021. Este ano foi bronze no Grand Slam de Antália, mas tem tido diversas lesões que a têm afastado de uma presença mais assídua nas etapas do circuito mundial.
O facto de não ser cabeça de serie poderá colocar um desafio adicional, pois poderá defrontar, nas fazes preliminares, atletas mais bem colocadas no ranking, mas também poderá ser benéfico, pois é uma judoca que todas as adversárias querem evitar. Bárbara é um judoca muito completa, terá de estar ao seu melhor nível para repetir a fantástica prestação de 2019.
Bárbara Timo conquista medalha de bronze no Grand Slam de Budapeste, em Judo (-70kg) #COPortugal pic.twitter.com/e2nHmx3TWC
— COP (@COPPORTUGAL) October 24, 2020
Rochele Nunes +78Kg
A nossa representante na categoria dos +78Kg, é uma atleta com uma notável consistência. Várias medalhas no circuito mundial, dois bronzes em campeonatos da europa. A lesão que a manteve afastada dos tapetes durante este ano está ultrapassada e estes campeonatos do mundo marcam o seu regresso à alta roda do judo. A falta de rodagem, ao mais alto nível, poderá ser determinante, mas por aquilo que já mostrou, será sempre uma judoca que poderá surpreender e que vai deixar tudo no tapete.
Rodrigo Lopes – 60Kg
A falta de um resultado forte nos últimos meses poderá condicionar o nosso representante na competitiva categoria dos 60Kg. Ficou às portas da qualificação para os jogos Olímpicos de Tóquio e claramente ficaram algumas marcas. Há talento, qualidade, mas continua a falhar, por vezes inexplicavelmente, cometendo erros em alturas críticas dos combates que acabam por afastá-lo da luta pelas medalhas. É um daqueles casos que me deixa perplexo, pois é um judoca que tenho seguido e por tudo o que tenho observado, tenho a plena convicção que o Rodrigo poderia estar a lutar para o pódio em praticamente todas as competições em que participa. Espero que se foque e nos apresente a sua melhor versão nestes campeonatos do mundo.
João Fernando -81Kg
O engenheiro aeroespacial da equipa tem demonstrado que o sonho de voar mais alto é perfeitamente tangível. O judoca mais novo da equipa portuguesa, conseguiu a sua primeira medalha do circuito mundial este ano, no Grand Prix de Zagreb. João luta na categoria de peso mais competitiva e imprevisível da atualidade e o facto de não ser cabeça de serie poderá colocá-lo, logo no combate inicial, frente a um candidato ao pódio. A sua capacidade de trabalho, resiliência e qualidade são armas que terão de estar na sua melhor versão, bem afinadas, para que consiga chegar longe nesta competição.
Anri Egutidze -90Kg
A medalha de bronze brilhantemente conquistada nos Campeonatos do Mundo e Budapeste, de 2021, na categoria dos 81Kg já vai longe e Anri tem denotado, nas últimas competições, que a adaptação a esta categoria de peso está a decorrer com algumas limitações, apesar de ter conquistado logo na sua primeira prova nesta categoria, o Grand Slam de Paris de 2021, a medalha de bronze. Aparenta ter pouco “peso”, comparativamente aos seus adversários, e acaba por pagar a fatura desta diferença ao ficar visivelmente fatigado nas fases adiantadas do combate, golden score, acabando derrotado, com muita frequência, por acumulação de castigos. É um judoca imprevisível, explosivo e capaz de surpreender a qualquer momento. A pergunta que fica no ar diz respeito às condições físicas que Anri irá apresentar em Tashkent.
Jorge Fonseca -100Kg
O atual Bicampeão do Mundo irá lutar pela revalidação do título. Caso consiga, será épico, tal como foram, confesso, o primeiro, conquistado em Tóquio em 2019, e o segundo, conquistado em 2021 em Budapeste! Não há muito para escrever sobre Jorge, é o judoca português com o melhor currículo da história do judo nacional. Jorge será o “alvo a abater”, muito estudado, terá de ter a capacidade de se reinventar, de surpreender, como fez o ano passado nos Campeonatos do Mundo de Budapeste e nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em que nos brindou com um recital de Judo de altíssima qualidade. Jorge Fonseca é o judoca com maior probabilidade de chegar longe nestes campeonatos do mundo, é o 1.º cabeça de serie da sua categoria de peso, continua num bom momento de forma e a conquistar resultados de excelência.
BICAMPEÃO DO MUNDO! ??
Jorge Fonseca acaba de vencer o Campeonato Do Mundo de Seniores! Que orgulho, Leão! ?#JudoSCP pic.twitter.com/6R2DfIie1e
— Sporting Clube de Portugal (@Sporting_CP) June 11, 2021
A equipa técnica que irá acompanhar e orientar os judocas portugueses é composta pelos treinadores nacionais Ana Hormigo e Pedro Soares.
Os campeonatos do mundo de Tashkent decorrerão entres os dias 6 e 13 de outubro, com o último dia reservado para a competição de equipas mistas. Estarão presentes 575 judocas, em representação de 84 países. Para os interessados, praticantes, curiosos e fãs do judo, partilho a informação que a mais importante competição do calendário deste ano terá transmissão diária, em direto, de todas as eliminatórias e blocos de finais, no canal SPORTTV.
2 WEEKS TO GO #JudoWorlds ??
The countdown begins to our World Judo Championships!
Who do you predict will rise to the top this year? ?
? October 6-13
? https://t.co/Gupw19ZNvy #Judo #WorldChampionships #Champion #Judoka #gold #JudoTashkent pic.twitter.com/917x9IjADe— Judo (@Judo) September 22, 2022