Contagem decrescente… Campeonatos do Mundo de Judo 2022

João CamachoOutubro 4, 20228min0

Contagem decrescente… Campeonatos do Mundo de Judo 2022

João CamachoOutubro 4, 20228min0
O contingente luso está a caminho do Campeonato do Mundo de judo, mas sabes quem vai estar lá? João Camacho explica-te tudo neste artigo

Os campeonatos do mundo de judo de 2022, arrancam no próximo dia 6 de outubro na capital do Uzbequistão, Tashkent. Portugal irá apresentar uma equipa de 8 judocas (4 femininos e 4 masculinos). O desafio da equipa portuguesa é lutar por uma prestação idêntica à que teve nos últimos dois campeonatos do mundo, Tóquio 2019 e Budapeste 2021. Será uma missão muito complicada, apesar da ausência, imposta, da fortíssima equipa russa, o nível será altíssimo e antevejo uma competição muito forte e com muitas surpresas.

Uzbequistão

Antiga república soviética, o Uzbequistão é hoje uma das potências emergentes do judo mundial. Com diversas medalhas em campeonatos do mundo e jogos olímpicos, tem apostado muito neste desporto, e a contratação do “lendário” campeão do mundo e olímpico, o grego Ilias Iliadis, para liderar a equipa técnica da seleção, foi uma clara demonstração do compromisso e investimento que atualmente o Uzbequistão tem com o judo.

Tashkent é a capital de um país em desenvolvimento, impulsionado por uma economia em crescimento, especialmente desde 2003, muito suportada pelos minérios (ouro, carvão), indústria pesada e a agricultura.

Com perto de 3 milhões de habitantes, disponibiliza infraestruturas desportivas ao nível do melhor que se constrói no mundo. Dada a relevância e reputação do judo na sociedade Uzbeque, é expectável um ambiente animado, muito ruidoso, especialmente quando os atletas da casa estiverem em ação. Serão 8 dias do melhor judo, 7 reservados à competição individual o último reservado à competição de equipas mistas.

A equipa portuguesa

A equipa portuguesa será constituída por 8 judocas, 4 do género feminino e 4 do masculino. A fasquia está alta, as prestações dos mundiais de Tóquio 2019, em que Portugal conquistou um título mundial, uma prata e dois 5.ºs lugares (derrota na luta pelo bronze), ou de Budapeste, com um título, um bronze, um 5.º e um 7.º lugar, foram muito consistentes e colocaram o nosso país no patamar de excelência, terminando em ambas as ocasiões no top 10 do ranking de medalhas, mais exatamente no 3.º e 6.º lugar.

Comparativamente a estes dois campeonatos do mundo, a delegação portuguesa encolheu, em Tóquio tivemos 18 judocas portugueses e em Budapeste 13. Apesar de duas baixas de peso nesta comitiva, Telma Monteiro e Patrícia Sampaio, por lesão, as expectativas continuam em alta, pois teremos o bicampeão do mundo em ação, Jorge Fonseca, e temos vários judocas que poderão aspirar a chagar longe na competição.

Catarina Costa – 48Kg

A atual 4.ª posição do ranking mundial, e 2.ª do sorteio, coloca a judoca de Coimbra como uma das cabeças de série com, legitimas, aspirações a lutar pelas medalhas. O 5.º lugar nos Jogos Olímpicos de Tóquio, o título de Vice-Campeã da Europa deste ano ou o ouro no Grand Prix de Portugal, são reveladores da sua qualidade e consistência. No entanto sabe, de antemão, que as duas japonesas que irão lutar nesta categoria de peso, estão do seu lado do quadro, com duelo previsível nas meias-finais. Catarina terá de ser igual a si própria, metódica, assertiva e focada. Acredito que poderá chegar longe nestes campeonatos do mundo.

Joana Diogo – 52Kg

Desde que subiu dos 48Kg para os 52Kg, Joana tem demonstrado uma boa adaptação a uma categoria de peso onde Joana Ramos foi a referência nos últimos anos, até ter abandonado os tatamis em 2021, após os Jogos Olímpicos de Tóquio. Joana tem como Grande resultado nesta categoria de peso, o bronze conquistado no Grand Prix de Portugal. Terá uma tarefa muito complicada nestes mundiais, pois não é cabeça de serie e poderá ter um sorteio que a coloca logo nos primeiros combates frente a uma das candidatas às medalhas.

Bárbara Timo – 63Kg

A judoca Luso -Brasileira tem um currículo fortíssimo, onde se destaca a prata e respetivo título de Vice-Campeã do Mundo dos 70Kg, conquistado nos Campeonatos do Mundo de Tóquio, em 2019. Depois dos Jogos Olímpicos, que visitaram esta mesma cidade em 2021, Bárbara tomou a decisão de baixar para a categoria dos 63Kg, após ter enfrentado uma depressão.

Até à data, a decisão parece acertada. Venceu, logo na sua prova de estreia nesta nova categoria, nada mais nada menos que a mais prestigiada e competitiva etapa do circuito mundial, o Grand Slam de Paris de 2021. Este ano foi bronze no Grand Slam de Antália, mas tem tido diversas lesões que a têm afastado de uma presença mais assídua nas etapas do circuito mundial.

O facto de não ser cabeça de serie poderá colocar um desafio adicional, pois poderá defrontar, nas fazes preliminares, atletas mais bem colocadas no ranking, mas também poderá ser benéfico, pois é uma judoca que todas as adversárias querem evitar. Bárbara é um judoca muito completa, terá de estar ao seu melhor nível para repetir a fantástica prestação de 2019.

Rochele Nunes +78Kg

A nossa representante na categoria dos +78Kg, é uma atleta com uma notável consistência. Várias medalhas no circuito mundial, dois bronzes em campeonatos da europa. A lesão que a manteve afastada dos tapetes durante este ano está ultrapassada e estes campeonatos do mundo marcam o seu regresso à alta roda do judo. A falta de rodagem, ao mais alto nível, poderá ser determinante, mas por aquilo que já mostrou, será sempre uma judoca que poderá surpreender e que vai deixar tudo no tapete.

Rodrigo Lopes – 60Kg

A falta de um resultado forte nos últimos meses poderá condicionar o nosso representante na competitiva categoria dos 60Kg. Ficou às portas da qualificação para os jogos Olímpicos de Tóquio e claramente ficaram algumas marcas. Há talento, qualidade, mas continua a falhar, por vezes inexplicavelmente, cometendo erros em alturas críticas dos combates que acabam por afastá-lo da luta pelas medalhas. É um daqueles casos que me deixa perplexo, pois é um judoca que tenho seguido e por tudo o que tenho observado, tenho a plena convicção que o Rodrigo poderia estar a lutar para o pódio em praticamente todas as competições em que participa. Espero que se foque e nos apresente a sua melhor versão nestes campeonatos do mundo.

João Fernando -81Kg

O engenheiro aeroespacial da equipa tem demonstrado que o sonho de voar mais alto é perfeitamente tangível. O judoca mais novo da equipa portuguesa, conseguiu a sua primeira medalha do circuito mundial este ano, no Grand Prix de Zagreb. João luta na categoria de peso mais competitiva e imprevisível da atualidade e o facto de não ser cabeça de serie poderá colocá-lo, logo no combate inicial, frente a um candidato ao pódio. A sua capacidade de trabalho, resiliência e qualidade são armas que terão de estar na sua melhor versão, bem afinadas, para que consiga chegar longe nesta competição.

Anri Egutidze -90Kg

A medalha de bronze brilhantemente conquistada nos Campeonatos do Mundo e Budapeste, de 2021, na categoria dos 81Kg já vai longe e Anri tem denotado, nas últimas competições, que a adaptação a esta categoria de peso está a decorrer com algumas limitações, apesar de ter conquistado logo na sua primeira prova nesta categoria, o Grand Slam de Paris de 2021, a medalha de bronze. Aparenta ter pouco “peso”, comparativamente aos seus adversários, e acaba por pagar a fatura desta diferença ao ficar visivelmente fatigado nas fases adiantadas do combate, golden score, acabando derrotado, com muita frequência, por acumulação de castigos. É um judoca imprevisível, explosivo e capaz de surpreender a qualquer momento. A pergunta que fica no ar diz respeito às condições físicas que Anri irá apresentar em Tashkent.

Jorge Fonseca -100Kg

O atual Bicampeão do Mundo irá lutar pela revalidação do título. Caso consiga, será épico, tal como foram, confesso, o primeiro, conquistado em Tóquio em 2019, e o segundo, conquistado em 2021 em Budapeste! Não há muito para escrever sobre Jorge, é o judoca português com o melhor currículo da história do judo nacional. Jorge será o “alvo a abater”, muito estudado, terá de ter a capacidade de se reinventar, de surpreender, como fez o ano passado nos Campeonatos do Mundo de Budapeste e nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em que nos brindou com um recital de Judo de altíssima qualidade. Jorge Fonseca é o judoca com maior probabilidade de chegar longe nestes campeonatos do mundo, é o 1.º cabeça de serie da sua categoria de peso, continua num bom momento de forma e a conquistar resultados de excelência.

A equipa técnica que irá acompanhar e orientar os judocas portugueses é composta pelos treinadores nacionais Ana Hormigo e Pedro Soares.

Os campeonatos do mundo de Tashkent decorrerão entres os dias 6 e 13 de outubro, com o último dia reservado para a competição de equipas mistas. Estarão presentes 575 judocas, em representação de 84 países. Para os interessados, praticantes, curiosos e fãs do judo, partilho a informação que a mais importante competição do calendário deste ano terá transmissão diária, em direto, de todas as eliminatórias e blocos de finais, no canal SPORTTV.


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