Uma Sky sem Froome. O que resta da equipa sem o britânico?
Desde a sua génese que a Team Sky concentra uma super equipa, em torno de um super líder, para alcançar um super objetivo. A equipa nunca escondeu que o seu objetivo anual é vencer o Tour. Mas será que se pode afirmar que uma equipa como a Sky é exclusivamente Froome e o le Tour de France? Se assim for, o que resta desta equipa se ficar sem o britânico?
É inegável a qualidade e a força do plantel da Sky desde a sua fundação. Uma estrutura forte, construída por muito bons roladores e excelentes trepadores que trabalham para um líder absoluto. A capacidade de aguentar três semanas de competição com um ritmo e responsabilidade acima do normal é outra das características valorizada neste plantel. A sua forma de correr parece simples. Controlar a etapa de início ao fim e sempre que o terreno inclinar asfixiar toda a gente para que o seu líder ganhe tempo aos adversários diretos. Por norma, os adversários já se encontram sozinhos tendo visto os seus colegas sucumbir ao trabalho realizado pela Sky. Há que salvaguardar que nem sempre foi assim e que a equipa levou algum tempo a aperfeiçoar este seu “carácter”. Também não seria a primeira vez que, apesar da uma supremacia aparente, se via a Sky a sucumbir ao ataque de um ciclista mais irreverente ou a ser vítima da sua própria tática.
Na sua forma de correr, a Sky tenta sempre que o seu líder só fique sozinho em último recurso, sendo recorrente ver o líder chegar a meta junto ou com o seu fiel escudeiro logo atrás. É por força deste ADN da equipa britânica que todos os anos são gastos vários milhões na contratação de ciclistas que poderiam reclamar o lugar de líderes numa outra estrutura do World Tour. Foi o caso de Christopher Froome (que é líder da sky), Rigoberto Uran (líder da Cannondalle), Richie Porte (líder da BMC) e Mikel Landa (líder da Movistar). Todos eles foram gregários de luxo numa equipa de luxo.
A verdade é que o projeto tem alcançado o seu objetivo, com a equipa a vencer cinco das últimas seis edições da volta a França. Se focarmos o facto de ter sido fundada há apenas oito anos, elevamos ainda mais a sua dimensão.
Apesar desta sua identidade e do foco em grandes voltas, a equipa britânica sempre apresentou nomes fortes que pudessem garantir outras vitórias e captar a atenção dos holofotes noutras fases da época. Pela Sky passaram nomes como Juan António Flecha, Edvald Boasson Hagen, Mark Cavendish, Simon Gerrans, Ben Swift, Elia Viviani ou Petter Kennaugh, que sempre foram aposta para fazer a equipa brilhar noutros palcos, em especial na altura da primavera. Outros por lá foram ficando como Ian Stannard, Sergio Henao, Geraint Thomas, Wout Poels e Michal Kwiatkowski, garantindo etapas, clássicas, monumentos e outras classificações gerais.
Olhando a 2017, Froome representa menos de 14% das vitórias da equipa. Alargando a análise, se olharmos ao total de vitórias da Sky, o Tour representa menos de 2% das mesmas. Outro ponto estatístico interessante é que se somarmos o total de vitórias de Sir Bradley Wiggins com as de Chris Froome, apenas representam cerca de 1/4 das vitórias totais da equipa. Estes números contabilizam vitórias em etapas e classificações gerais obtidas pelos líderes.
Sendo muito difícil de comparar a importância de vencer um Tour à importância de vencer uma qualquer outra prova World Tour, destacam-se no palmarés da equipa vitórias como o Paris-Nice (5); o Critérium du Dauphiné (5); a Volta a Catalanuya(1); o Tour de Romandie(3). No que a provas de um dia diz respeito, a equipa já venceu a Milano – San Remo (1); a Liege-Bastogne-Liege(1); a Omloop Het Nieuwsblad(3); a Kuurne-Brussels-Kuurne(2); a Strade Bianche(1); e H3 Harelbek(2) e a Clássica de San Sebastian (1). Desta lista, só dois títulos e 5 vitórias se podem atribuir a Froome.
Não obstante da importância inigualável de Froome e do Tour, parece difícil afirmar que a Sky se limita ao seu líder e à conquista de uma prova, quer seja pela força e qualidade da restante equipa, com ciclistas que garantem exibições e vitórias fantásticas. Quer seja pelo número e importância das vitórias que a equipa garante ao longo do ano. Certamente se ficar sem o seu líder para a época de 2018, a equipa tem várias hipóteses de qualidade para apontar à vitória de qualquer tipo de prova World Tour. A época começou há dois meses e a equipa já alcançou quinze vitórias, com sete vitórias em etapas.