Tour de France 2020 – A juventude e a velocidade
Depois da análise ao percurso feita ontem pelo Fair Play, seguimos agora para os candidatos a duas das camisolas mais importantes da época de ciclismo: quem vai envergar a camisola verde nos Campos Elísios e quem será o melhor jovem desta edição do Tour de France.
Os candidatos à camisola branca
São 30 os jovens sub-25 que irão, ao que tudo indica partir de Nice no próximo sábado. O Fair Play faz aqui uma escolha mais reduzida daqueles que irão, em princípio, lutar pela camisola branca:
Tadej Pogačar – O jovem de 21 anos (fará 22 durante o Tour) é claramente um dos principais favoritos a vencer a camisola de melhor jovem. Líder de uma UAE-Team Emirates bem apetrechada para a montanha, com os nomes de Fabio Aru, Davide Formolo, David de la Cruz ou Jan Polanc, o esloveno tem aqui uma grande oportunidade de lutar pelo pódio do Tour, tal como fez no ano passado na Vuelta.
Egan Bernal – O nome mais óbvio que poderia aparecer nesta lista. O vencedor da edição passada volta com as mesmas cores e sem os pesos pesados que poderiam dividir a liderança da INEOS neste Tour, Chris Froome e Geraint Thomas. Ainda assim, a equipa britânica apresenta um elenco muito forte, com Richard Carapaz a ser muito provavelmente o plano B, Michal Kwiatkowski, Andrey Amador ou Pavel Sivakov. No ano passado o colombiano foi o mais forte e superiorizou-se à super Jumbo Visma. Será que este ano, depois do que vimos principalmente no Critérium du Dauphiné, consegue fazer o bis e vencer pelo segundo ano consecutivo o Tour?
David Gaudu – O jovem francês de 23 anos pode confirmar este ano todo o seu potencial, algo que já tem vindo a fazer no último ano. Será o braço direito do líder Thibaut Pinot dentro da equipa da Groupama-FDJ, o que pode prejudicar uma possível candidatura à camisola de melhor jovem, mas vemos neste jovem ciclista a possibilidade de vencer 1 ou mais etapas, o que seria uma estreia, visto ainda não ter qualquer vitória em grandes voltas.
Mads Pedersen – O campeão do mundo de estrada vai estar presente no Tour, inserido na equipa da Trek-Segafredo, onde a liderança estará entregue a Bauke Mollema. O dinamarquês de 24 anos não deverá entrar na luta final pela camisola branca, mas estará muito provavelmente inserido numa ou noutra fuga para vencer etapas.
Enric Mas – O espanhol de 25 anos, ex-Deceunick, será o líder da Movistar, a par do inevitável Alejandro Valverde (a equipa, à hora do fecho deste artigo, ainda não está confirmada). Muito forte na montanha, o 2º classificado da edição de 2018 da Volta a Espanha procurará muito provavelmente fechar dentro do top-10.
A luta pela camisola verde
As etapas com chegada final em sprint, ou em pelotão compacto, não são normalmente as mais emocionantes para o adepto comum da modalidade, mas para as equipas representam uma competição muito importante, à parte da classificação geral. De entre muitos sprinters que procurarão vencer estas etapas, destacamos cinco. Para além dos citados abaixo, menção honrosa ainda para Daryl Impey (Mitchelton-Scott), Giacomo Nizzolo (NTT Pro Cycling), Elia Viviani (Cofidis), o veterano André Greipel (Israel Start-Up Nation), Bryan Coquard (B&B Hotels-Vital Concept p/b KTM) ou Niccolò Bonifazio (Team Total Direct Energie).
Peter Sagan – O eslovaco de 30 anos chega a esta edição do Tour com muito poucos dias na estrada – apenas 22 até ao momento. Não finalizou a participação no Critérium du Dauphiné e na Strade Bianche, e fechou em quarto lugar na Milano-Torino e na Milano-Sanremo. Pré-pandemia, não finalizou também o Paris-Nice, depois de ter feito pódio nas etapas 3 e 5 e fechou no segundo lugar na última etapa da Volta a San Juan, no início do ano. Uma época muito discreta até ao momento para o ex-tricampeão do mundo, mas tem no Tour a possibilidade de vencer pelo oitavo ano a camisola do ciclista com mais pontos (nas últimas oito edições do Tour só não a levou para casa em 2017, vencida na altura por Michael Matthews e onde Sagan foi desclassificado na quarta etapa). Um nome a ter em conta para esta decisão, tal como sempre.
Sam Bennett – Chega ao Tour para completar o ramalhete de vitórias em grandes voltas, depois de três etapas conquistadas no Giro d’Italia em 2018 e duas etapas ganhas na Vuelta em 2019. O irlandês de 30 anos vem de uma vitória recente, na terceira etapa da Volta a Valónia, depois de participações discretas na Milano-Torino e na Milano-Sanremo. O melhor resultado este ano foi a vitória na Race Torquay em Janeiro.
Matteo Trentin – O italiano de 31 anos chega ao Tour inserido na CCC Team e procurará fazer pelo menos uma prestação tão boa no Tour deste ano como a que fez no ano passado, onde venceu uma etapa (tem três na sua carreira). Com 25 dias de competição nas pernas, o melhor resultado em 2020 foi o quarto lugar na Omloop Het Nieuwsblad.
Alexander Kristoff – Nona participação consecutiva do norueguês de 33 anos no Tour, onde venceu até ao momento três etapas (uma em 2018, nos Campos Elísios, duas em 2014). Este ano tem como melhor resultado um segundo lugar na Clássica de Almeria em fevereiro.
Caleb Ewan – Segunda participação no Tour de France para o australiano de 26 anos, na sua segunda época ao serviço da Lotto-Soudal. No ano passado venceu três etapas, em ano de estreia nesta prova mítica. Este ano começou com 2 etapas ganhas no Tour Down Under, mais uma etapa no Tour dos Emirados Árabes Unidos e mais recentemente ficou em segundo lugar na Milano-Torino. Um nome forte a ter em conta nesta edição.