Tour de France – Le Parcour
Etapas Decisivas do Tour de France
Grandes etapas ou etapas grandes, só depois de finalizadas se saberá. Certo é, que todos os dias poderemos estar perante uma etapa decisiva neste Tour. Estas, são as que à partida devem ser sinalizadas pelas equipas e pelos favoritos para atacarem a vitória na geral.
Chegadas em alto, alta montanha e contra-relógios, perfazem um total de 10 etapas. Certamente 10 grandes etapas para alguns dos favoritos e apenas grandes etapas para outros. Tudo irá depender do sucesso que nelas venham a alcançar.
Logo ao 4º dia esperasse que os nomes grandes sejam chamados ao trabalho. Chegada em alto, em Orcierès-Merlette, aos 1800 metros de altitude, após 10.4 kms de subida, com uma pendente média de inclinação de 6%. Será a primeira grande oportunidade para começar a construir diferenças.
Volvidos 2 dias, na etapa 6, nova chegada em alto, nova oportunidade para os líderes. Desta vez a chegada é feita numa subida não categorizada, abaixo dos 1600 metros de altitude. Os favoritos têm na subida de 1ª categoria situada antes da dificuldade final, a oportunidade de testar os adversários. Quem falhar dificilmente voltará a recuperar até à meta.
O pelotão passa pelos Pirenéus na etapa 8 e 9. Duas etapas de perfil semelhante e sem registo de uma chegada em alto. Sendo a etapa 8 a mais dura, com duas subidas de 1ª categoria intervaladas por uma de subida de categoria extra. Enquanto na etapa 9 são apresentadas também duas subidas de 1ª categoria, intervaladas por 2 subidas de 3ª categoria. As descidas têm cada vez mais influência nas corridas, onde de nada serve atacar a subir se o ciclista não tiver técnica para manter as diferenças a descer. Dois dias de referência.
A etapa 13 marca a passagem pelo maciço central. Mais uma chegada em alto, com a linha de meta situada numa contagem de 1ª categoria. Um dia carregado de sobe e desce, com 7 subidas categorizadas. Três 3ª, duas 2ª e duas 1ª categoria, com os últimos 2 kms da subida final a cima dos 12.5% de inclinação. A chegada a Pas de Peyrol será um dia importante no Tour 2020.
Rumo aos Alpes, o pelotão vai até à região de Ain, para um dos dias mais duros deste Tour. Um perfil de etapa em formato de coroa, naquela que é a etapa rainha do Tour 2020. Serão três o número de vezes que o pelotão terá de escalar o Grand Colombier, com duas subidas de 1ª categoria e uma chegada em alto numa contagem de categoria extra. Primeiro será Montée de la Selle de Fromentel (11.5 kms, 8.1%), com 3 kms finais de cortar a respiração. Em segundo, Col de la Biche (6.9 kms, 8.9%). Por fim, a ascensão ao Grand Colombier, 17.7 kms com dois pontos de “descanso” a rondar os 3%, numa subida que ainda assim apresenta uma pendente média de 7.1%. Um dia em grande, onde um momento de fraqueza pode ser fatal.
No 16º dia de competição, chega o início de três longos dias de alta montanha. Será a derradeira prova à resistência dos ciclistas. No primeiro dia as dificuldades passam por uma chegada em alto de 3ª categoria, a cima dos 1000 metros de altitude, após duas contagens de 2ª e uma de 1ª categoria. Uma etapa mais acessível, mas ainda assim muito dura com muito acumulado de subida.
No dia seguinte, será a altura de enfrentar os pontos mais altos da edição de 2020. Duas contagens de categoria extra, com o Col de la Madeleine, do alto dos seus 1998 metros de altitude, com 15.8 kms de extensão e uma pendente média de inclinação de 8.1%, onde os primeiros 4 kms podem destruir qualquer um. De seguida, para chegar à meta em Meribel, aos 2300 metros de altitude, há que ultrapassar o Col de la Loze. 18.6 kms, onde os 7.7% de inclinação média não fazem jus às rampas de 20% e aos últimos 2.5 kms, com média de 10%. Será uma oportunidade de ouro para sentenciar o Tour, ou para recuperar e voltar a lançar a corrida.
Etapa 18, último dia de alta montanha, terceiro dia consecutivo a subir e a descer. Mais um dia duríssimo, apesar da chegada estar situada após uma subida não categorizada. Até à descida final será necessário ultrapassar duas subidas de 1ª categoria, uma de 2ª e outra de 3ª, e por fim categoria extra no mortal Montée du plateau des Glières (6.1 kms, 10.9%). É bom que o campeão do Tour 2020 tenha a sua vitória construída aqui, pois não terá mais oportunidades na alta montanha.
O último grande dia de competição será a penúltima etapa. Uma crono escalada com chegada a La Planche des Belles Filles. Serão 36.2 kms com uma subida de 6 kms a 8.3% de inclinação média. Um contra-relógio individual que parece favorecer mais os trepadores do que os contra-relogistas puros. Será o dia da confirmação ou da reviravolta no resultado final. Seja como for, será um grande dia de competição.
Oportunidades não faltam. Num Tour que se caracteriza pela muita montanha e pelo pouco contra-relógio, será a oportunidade perfeita para os ciclistas que ano após ano vêem o seu sucesso no Tour fugir-lhe nas etapas realizadas fora das alturas.
Chegadas ao Sprint
Olhando ao perfil das etapas 1, 3, 7, 10, 11, e 21, estes parecem ser os dias mais fáceis de controlar pelas equipas que procuram a vitória através do seus homens rápidos, numa chegada em pelotão.
De todas estas etapas, as mais complicada de controlar pelo pelotão serão a 1ª, a 3ª e a 7ª, onde os ciclistas enfrentam alguma média montanha, com a passagem por subidas de 3ª e 4ª categoria e algumas não categorizadas. O pelotão, tem no final destas etapas, espaço suficiente para anular qualquer fuga existente e fazer explodir os seus sprinters para a vitória.
Chamadas as etapas de transição, no 10º e 11º dias de competição, os ciclistas enfrentam os percursos que mais antipatia nutrem por parte dos adeptos. Bastante necessários para dar oportunidade a outro tipo de ciclistas de se “mostrarem”, estas etapas têm mais influência do que à primeira vista se consegue perceber. Embora não sejam tão interessantes do ponto de vista do espectáculo, não oferecendo grandes dificuldades aos corredores, uma etapa plana tem a utilidade de fazer acumular kms nas pernas que podem fazer a diferença em etapas mais interessantes. Nem só da luta pela geral vive o Tour e as equipas mais pequenas precisam de tempo de antena para os seus patrocinadores, mesmo que percam o sprint final.
Por fim, a tradicional chegada nos Campos Elisios, onde é espectável o tradicional sprint , antes da cerimónia que irá coroar os reis do Tour. São esperadas 6 chegadas em grupo neste Tour, para que os homens bomba possam explodir e fazer vibrar os adeptos.
Etapas “puncheurs”
É sempre difícil prever como será uma etapa do Tour. No entanto, há aquelas etapas especiais que por mais que sejam analisadas, prever o que irá acontecer é simplesmente impossível.
Por norma essas etapas especiais, acabam por ser conquistadas também por ciclistas especiais. Os denominados puncheurs, os todo o terreno (all rounders), os tão adorados e acarinhados caça etapas. Homens duros, de trabalho, que nunca se cansam de tentar. Nunca se cansam de ir para a fuga e rolar dias seguidos na esperança de ser aquele o dia em que conseguem fugir ao pelotão e discutir a vitória entre si.
Logo na etapa 2, poderá surgir um dia desses. Apesar de duas contagem de 1ª categoria, que podem indicar que os homens da geral roubem o protagonismo da etapa, trata-se apenas no segundo dia de competição. Existe ainda muita força de trabalho e as grandes dificuldades estão a mais de 80 kms da meta. No entanto, a etapa parece muito dura para ser controlada pelas equipas dos sprinters, pelo que a vitória poderá surgir de um ataque feito nas dificuldades finais.
A etapa 5 será mais fácil de controlar pelas equipas dos sprinters, não apresentando grandes montanhas. Mas a inclinação dos quilómetros finais deverá deixar de fora os sprinters puros e permitir aos puncheurs testarem quem é o mais rápido.
A etapa 12 e 19 têm o perfil preferido deste tipo de ciclistas. Sobe e desce constante, um parte pernas de média montanha, que permite ataques e contra-ataques e transforma qualquer perseguição numa tarefa difícil. Dias ideais para os poucos especialistas em clássicas presentes em prova.
À imagem do que acontece na etapa 2, na etapa 14, deverá ser difícil fazer os sprinters passar a montanha e controlar a fuga para uma chegada em massa. As dificuldades finais podem permitir a saída de alguns ataques, o que também contribui para anular uma possível chegada ao sprint.
Apesar da muita montanha, é sem dúvida um percurso muito completo o do Tour de 2020. Todos os ciclistas têm a sua oportunidade de brilhar assim tenham força, inteligência e qualidade para isso.