Será possível igualar Gilbert e Rebellin?

Diogo PiscoAbril 15, 20214min0

Será possível igualar Gilbert e Rebellin?

Diogo PiscoAbril 15, 20214min0
Apenas existiram duas na história do ciclismo, Rebellin em 2007 e Gilbert em 2011, foram os únicos a conseguir conquistar a semana perfeita nas Ardenas. Não poderá existir falhas para vencer Amstel, Flèche Wallone e Liège-Bastogne-Liège.

Nos dia de hoje, fala-se com alguma leviandade da longevidade de Davide Rebellin. O italiano fechou em Fevereiro, a 6 meses de fazer 50 anos, contrato profissional com a equipa Work Service Marchiol Vega, algo que não pode ser dito de ânimo leve. É brutalmente incrível se pensarmos que o ciclista se tornou profissional no ano de 1992. Rebellin foi um grande classicómano, tendo nas clássicas das Ardenas o ponto forte da sua temporada. Foi o primeiro a conseguir conquistar Amstel Gold Race, La Flèche Wallone e Liège-Bastogne-Liège no mesmo ano, conquistando a semana perfeita no ano de 2004. De entre todas as lendas do ciclismo, seria este o ciclista o primeiro a conquistar a Semana Perfeita.

O fecho da primeira semana perfeita da história do ciclismo com a vitória de Davide Rebellin na Liège – Bastogne – Liège, em 2004. Fonte: cyclingmagazine.ca

Foi preciso esperar 38 anos para a primeira semana perfeita, mas apenas foram precisos outros 7 anos para que se revelasse o sucessor de Rebellin, Philippe Gilbert, o príncipe das Ardenas, . No auge da sua carreira, não será arriscado dizer que, uma vez que as vitórias nas clássicas do norte teimavam em fugir-lhe, a conquista das três provas no ano de 2011, foram a grande afirmação de Phil Gil como um dos grande corredores de clássicas de sempre.

A semana das Ardenas surge na ressaca da sagrada semana dos monumentos do pavês e prolonga o êxtase vivido pelos adeptos na Volta à Flandres e no Paris-Roubaix. Embora o clima de festa seja idêntico, o carácter das provas é completamente diferente, abrindo a porta a um leque muito maior de favoritos.  Na última década, não foram muitos os nomes com capacidade de vencer a Flandres ou Roubaix e vir discutir a vitória no Mur de Huy ou na chegada a Liège. Talvez só mesmo Gilbert fosse o ciclista talhado para tal trabalho.

No ciclismo actual, onde contamos com os mais que repetidos nomes de Mathieu Van der Poel (Alpecin-Fénix), Wout Van Aert (Team Jumbo-Visma) e Julian Alaphilippe (Deceuninck- Quick Step), um feito desses não iria surpreender os adeptos. Não é novidade a extraordinária e abrangente qualidade e capacidade física destes atletas que lhes permite sonhar com quase todo o tipo de vitórias em quase todos os tipos de terrenos. No entanto, dos dois monumentos realizados até momento, nenhum foi ganho pelos três homens que pareciam invencíveis e inalcançáveis à partida da Milão-Sanremo e da Volta à Flandres. Ficou provado que não se trata de ser o mais forte à partida, mas sim o melhor na chegada.

Alaphilippe destronou Valverde no Mur de Huy, em 2018, e ficou perto de vencer a Liège-Bastogne-Liége no ano passado. Fonte: cycling.today

Embora não tão exigentes do ponto de vista da dureza e adversidade das provas, as clássicas das Ardenas acabam por expor, ainda mais, que o ciclismo não se trata só de força e capacidade física, sendo necessário mais inteligência e tática por parte dos ciclistas e das equipas. É preciso saber correr uma clássica ou um monumento, saber ler a corrida, saber estar no sítio certo e saber que movimentações seguir.

O que enaltece mais o feito alcançado por Rebellin e Gilbert é saber que não basta ser um ciclista supra e estar no auge das suas capacidades físicas, para além de não sofrer nenhuma quebra é necessário correr as 3 provas da semana de forma perfeita.

Que ninguém duvide da grande qualidade de Van der Poel, Van Aert ou Alaphilippe! Assim como, ninguém duvide que em pé de igualdade estão nomes como o do vencedor do ano passado da Liège-Bastogne-Liège, Primoz Roglic (Team Jumbo-Visma), a sua sombra, Tadej Pogacar (UAE – Team Emirates), o mais recente vencedor da La Flèche Brabançone, Thomas Pidcock (INEOS Granadiers), o eterno senhor das Ardenas que nunca venceu a Amstel Gold Race, Alejandro Valverde (Movistar Team), e o conquistador do Mur Huy (La Flèche Wallone) de 2020, Marc Hirschi (UAE – Team Emirates), entre muitos outros ciclistas que se apresentam em excelente forma para esta semana.

Num ano de performances fantásticas dos ciclistas que discutem as grandes provas mundiais, haverá alguém capaz de realizar a semana perfeita?


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