Giro d’Italia – Herança pesada na luta pela juventude
Se há um ponto em que o Giro se superiorizou em relação às suas irmãs de França e de Espanha, foi o facto de conseguir alargar o interesse da luta pela vitória da geral à luta pela camisola da juventude.
Não será difícil aos adeptos recordar a ajuda que Bob Jungels deu a Tom Dumoulin na tentativa de reconquistar a Maglia Bianca a Adam Yates, durante a derradeira etapa de mantanha do Giro 2017. Jungles e Yates travaram um duelo de gente grande, que só ficou decidido na última etapa num contra-relógio individual que sorriu a Jungles.
Já em 2018, Richard Carapaz e Miguel Angél Lopez foram protagonistas numa luta onde a vitória da Maglia Bianca tinha também como disputa o último lugar do pódio. Estará bem presente na memória de todos como muitas vezes os dois seguiam no grupo dos favoritos e se atacavam mutuamente, acabando por pressionar os restantes homens da geral. Mesmo quando descolados da frente, os sul americanos prenderam a atenção dos adeptos num jogo de ataque e contra-ataque digno de ser relembrado.
Este ano apesar de uma lista bastante interessante, será difícil aos jovens valores que se apresentam à partida do Giro, lutar por um lugar no pódio. De facto, com a qualidade da lista de candidatos à vitória na geral, será de louvar se conseguirem estar dentro do top 10.
O Fair Play apresenta a lista dos jovens que deverão ter mais capacidde de responder à pesada herança que representa a conquista da Maglia Bianca no Giro 2019.
Sam Oomen (Team Sunweb) apresenta-se como o mais experiente e consagrado jovem valor inscrito. Oomen alcançou o 9° lugar da geral no ano passado, mas ainda assim ficou longe da luta pela vitória na juventude. Apesar de ser o homem mais capacitado da equipa para estar ao lado do seu líder na alta montanha, deve ter liberdade para lutar pela juventude e repetir assim o top 10. Em teoria será o mais forte candidato a chegara Roma vestido branco.
O ano passado, Ben O’connor (Team Dimension Data), chegou ao Giro num grande momento de forma. Vinha de conquistar um grande 7° lugar no Tour dos Alpes. Acabou por ter de abandonar já na reta final da competição após uma queda. Na altura lutava com bravura por um lugar no top 10 e tem agora oportunidade de comprovar que o seu lugar é aí. Será um dos mais fortes adversários à conquista de Oomen.
Depois destes dois nomes temos o caso sério da Team Ineos. Com uma equipa com mais de 50% com idade (e capacidade) para lutar por esta camisola, a ex Sky, chega ao Giro sem o líder que tinha previsto. Egan Bernal ficou fora da competição derivado a uma lesão contraída numa queda em treino. Era um forte candidato à conquista desta camisola e aos lugares cimeiros da geral, mas quiz o azar que ainda não fosse desta que os adeptos poderiam ver o colombiano a lutar por uma grande volta.
A liderança na Ineos não é limitada a um homem (jovem), mas entre Tao Geoghegan Hart, Pavel Sivakov e Iván Ramiro Sosa, qualquer um poderá lutar por um lugar no top 10 e pela conquista da Maglia Bianca. Ficaram dependentes da sua capacidade de andar no contra-relógio e da sua forma para aguentar as 3 semanas, para poderem reclamar a liderança da equipa e lutar pelos seus objetivos. De qualquer forma é expectável que estes 3 nomes gozem de liberdade para atacar a prova à sua maneira.
A restante juventude, apesar de com muita qualidade, parecem estar longe deste patamar. Giulio Ciccone (Trek – Segafredo) seria um bom valor para se intrometer nesta luta, mas o italiano tem por hábito lutar por etapas e desligar-se da luta pela geral.
Esperemos que a luta pelo o melhor jovem em prova mantenha o nível neste ano de 2019, nem que seja numa disputa interna na Ineos.