Giro d’Italia – Quem pode realmente vencer a classificação geral!
O ciclismo, como todos os outros desportos, não é uma ciência exata. 2 + 2 nem sempre são 4 e existem muitas envolventes externas e internas que influenciam em muito os resultados. Perante este facto parece uma bocado contraditório escrever um artigo que afirma quem “pode”, e quem “não pode”, sair vencedor do Giro d’Italia 2018.
Quedas, furos, dores de barriga, avarias, motas, vento, chuva, expulsões, entre outros, podem ditar o fim da estrada para uns e o caminho da glória para outros. No entanto, todos estes fatores são externos ao ciclista e imprevisíveis. Assim, como a reação do corpo ao longo de três semanas intensas de competição. Tendo isto em consideração, este artigo é elaborado com base nas características e capacidades dos ciclistas, com a forma mostrada até agora na temporada e com a influência que uma equipa mais forte pode ter.
Duelo de Titãs
Já se sabe que Chris Froome (Team Sky) e Tom Dumoulin (Team Sunweb) são os dois grandes favoritos, os homens que toda a gente que ver em combate direto. Um vem defender a camisola que o consagrou como um voltista de grande qualidade. O outro já se sabe a história de trás para a frente, ganhou o Tour por quatro vezes e, até ver, a Vuelta por uma. No entanto o que distancia estes dois ciclistas dos restantes potenciais vencedores não é o seu historial de vencer grandes voltas. O pequeno fosso que é criado entre Froome e Dumoulin e os restantes, deve-se à capacidade de esmagar os adversários em contra-relógio. É por isso que estes são os grandes favoritos à vitória com ligeira vantagem para Froome por estar rodeado de um grande equipa. No entanto, Dumoulin deixou bem claro o ano passado que mesmo com uma equipa mais fraca consegue fazer frente a grandes nomes. A única diferença deste ano para o de 2017 é que não existia nenhum adversário que lhe conseguisse fazer frente na luta com o relógio. Um total de 44.2 quilómetros desta disciplina com especial foco nos 34.5 quilómetros que abrem a última semana de competição. Será um dos pontos chave de toda a corrida.
Em desvantagem…
Partem Miguel Angel Lopez (Astana Pro Team), Thibaut Pinot (Groupama-FDJ), Fabio Aru (UAE Team Emirates) e Esteban Chaves (Mitchelton – Scott), que irão tentar minimizar ao máximo o tempo perdido para os outros dois na luta contra o relógio. São quatro ciclistas atacantes e inconformados com a corrida se ela não estiver a ser feita como eles pretendem. Vão certamente querer aproveitar as 7 chegadas em alto para colocar em dificuldade os rivais e é bem provável que consigam ganhar tempo a Froome e a Dumoulin nestas situações. Contam ainda com mais 4 chegadas em subida para tentar surpreender. Todos os segundos vão ser importantes, inclusive as bonificações, no final das 21 etapas. Destes quatro, dois têm equipas muito fortes, Pinot não se pode queixar, sendo Aru aquele que está menos protegido no que à equipa diz respeito, sem que nenhum possa afirmar que vem para o Giro sem apoio. Em condições normais e sem a intervenção dos fatores influenciadores que foram identificados anteriormente, a lista dos homens que podem realmente chegar à vitória fica por aqui.
De fora ficam…
Ciclistas como Simon Yates (Mitchelton-Scott), Rohan Dennis (BMC Racing Team), Tim Wellens (Lotto Fix All), Michael Woods (Team EF Education First-Drapac p/b Cannondale), Domenico Pozzovivo (Bahrain Merida Pro Cycling Team), George Bennet (Team LottoNL-Jumbo), Louis Meintjes (Dimension Data) ou Davide Formolo (BORA – hansgrohe), à partida, parecem estar fora desta luta. Cada um por diferentes razões, mas será mais expectável que lutem por um lugar no Top 10, Top 5 ou, na melhor da hipóteses, Top 3. Seja pelas debilidades apresentadas no contra-relógio, pela dificuldade em fazer diferença para os restantes na alta montanha ou pela irregularidade apresentada ao longo das três semanas, é muito difícil identificar pontos na corrida em que estes ciclistas consigam fazer diferença em minutos, não para 1, mas para os 6 favoritos identificados pelo Fair Play.