Prognósticos? Só no final da época!
Findado que está o calendário de ciclismo 2018, pelo menos no que ao World Tour diz respeito, as equipas e os adeptos começam já a pensar na época vindoura. Identificar as transferências mais importantes e analisar a época que termina, são os pontos de ordem dos dias que correm.
Daqui por 3 meses, lá para Janeiro, começaram a ser falados os ciclistas, as equipas e as provas a ter conta. Previsões baseadas nas indicações dadas pelos atletas e equipas, na(s) época(s) anterior(es).
O Fair Play, reconhece a importância do debate em qualquer desporto, e daí a importância dos artigos de análise e de antevisão. A ligação entre estas duas coberturas, que se propõem a dar aos adeptos um pouco mais do desporto que gostam, é um desafio que mais uma vez foi aceite com “Fair Play”.
Como disse João Pinto, “Prognósticos? Só no fim do jogo!”. Neste caso, é mais no fim da época.
Em Janeiro de 2018, foi publicado um artigo que identificava 9 ciclistas a ter em conta para época que se iniciava. 3 atletas por categoria, “voltistas“, “sprinters” e “classicomanos“, que tinham dado indicações de poder afirmar-se e vingar na sua categoria. Agora chegou a altura de saber onde o Fair Play acertou em cheio ou errou profundamente.
No fim, será apresentado o prognóstico final do ano.
Voltistas
3 tiros ao lado! Nem Richie Porte (BMC Racing Team), nem Rigoberto Uran (Team EF Education First-Drapac p/b Cannondale), nem Esteban Chaves (Mitchelton-Scott), se afirmaram como os grandes voltistas que podem ser.
Quando se viu Porte vencer o Tour de Suisse, antes do Tou de France, voltou a ficar a sensação de que poderia lutar pela vitória em França. No entanto, voltou a cair e a abandonar na 9 etapa do Tour e nunca mais viria a recuperar a forma física.
Uran foi outro dos azarados do Tour. Abandonou à 12ª etapa, mas conseguiu recuperar alguma forma física no final da temporada e ainda foi a tempo de fechar um 7º lugar na Vuelta à España e dar nas vistas nas clássicas de Outono, em Itália.
Quanto a Chaves, ainda deu um ar de sua graça no Giro, vencendo a etapa 6 com chegada no vulcão Etna. No entanto, viria a suspender a época pelo facto de lhe ser diagnosticado mononucleose. Não se sabe quando voltará a competir mas espera-se que ainda vá a tempo de voltar a ser o ciclista de qualidade que já foi.
É impossível fechar este capítulo sem falar dos dois grandes nomes desta categoria, da época de 2018. Finalmente Gerraint Thomas (Team Sky) confirmou a sua potencialidade como voltista. Depois de vencer o Critérium Dauphiné, venceu o Tour de forma dominadora, nunca dando a entender a ninguém que seria possível derrotá-lo.
Thomas foi grande, mas o maior nome da categoria foi mesmo Simon Yates (mitchelton-Scott). Fez tremer os grandes no Giro, venceu etapas como um autêntico imperador romano e já todos o anunciavam como o vencedor à chegada à Roma. Quebrou como os grandes, numa quebra que o atirou para bem longe do primeiro lugar. Aprendeu com os erros e voltou à carga na Vuelta. Desta vez sem dar hipótese de respirar aos mais diretos adversários. Quando se esperava que fosse atacado, era o próprio líder a atacar a corrida e a obrigar os adversários a responder. Conquistou Espanha e os adeptos do ciclismos, que ficaram emocionados com um ciclismo que faz lembrar outras épocas. O nome da época, no que toca a grandes voltas.
Sprinters
1 tiro em cheio e dois ao lado!
Não falhou Patrick Lefevere, nem falhou o Fair Play. Elia Viviani (Quick-step Floors) foi o melhor sprinter da época. Venceu por 18 vezes, numa equipa com mais de 70 vitórias. Foi superior a todos os seus rivais, inclusive ao seu companheiro de equipa Fernando Gaviria. Uma aposta mais que ganha por Lefevere, que deixou sair Marcel Kittel e foi buscar este italiano que ainda não se tinha afirmado no ciclismo de estrada. Venceu, 4 etapas no Giro, 3 na Vuelta e ainda foi campeão nacional. Depois desta época, vai ter um ano de 2019 com marcação cerrada por parte de todos os adversários.
Algumas quedas no ínicio da época, principalmente a do Paris-Roubaix, deixaram Matteo Trentin longe daquilo que era espectável após o seu fim de época de 2017. O italiano nunca conseguiu recuperar aquela forma vencedora e tem no título Europeu a vitória que faz parecer menos má uma época muito à quem das espetativas. Espera-se que a sduas vitórias no final da época corrente o projectem para uma época 2019 bem melhor.
Dentro do mesmo barco que Trentin ficou Alexander Kristoff (UAE-Team Emirates). Esperava-se que a mudança de equipa fizesse dele aquele sprinter vencedor que parecia existir dentro de Kristoff. Mas mais uma vez esse sprinter não surgiu. A vitória nos Campos Eliseus, na última etapa do Tour, foi a mais importante, e a última, das 5 que teve esta época. O tempo passa e Kristoff é mais uma dos que parece não ser capaz de se afirmar entre os melhores.
Classicomanos/Punchers/All-Rounder
1 tiro que valeu por dois, 1 tiro em certeiro mas que pode vir a falhar e 1 tiro ao lado!
Julien Alaphilippe (Quick-step Floors). Afirmou-se na sua categoria, mas também como trepador, voltista de 1 semana e uma maravilha de corredor. Que prazer é ver Alaphilippe a correr. No mundial não esteve tão bem como muitos desejavam, mas isso não consegue apagar uma grande época. Venceu, finalmente, La Flèche Wallone e a Clássica de San Sebastian. Venceu duas etapas no Tour e a camisola da montanha. E no total contabilizou 15 vitórias entre corridas de um dia, etapas e classificações gerais. Certamente também terá deixado na memória dos adeptos a forma como defendeu o seu colega de equipa, Bob Jungels, na Liege-Batogne-Liege, quando parecia ter capacidade para vencer e abdicou para garantir a vitória do seu amigo. Vamos esperar para ver as épocas vindouras, após a sua afirmação como um dos melhores da sua geração.
Quanto Gianni Moscon (Team Sky), o que mais confirmou esta época é que realmente estamos perante um “pau de dois bicos”. Novamente envolvido no processo de conduta antidesportiva e agressiva, acabou expulso do Tour. Viria depois a andar muito bem nas clássicas italianas que antecederam o mundial, vencendo duas delas. Ficou as portas do pódio no mundial de contra-relógio (4º) e foi 5º na prova de fundo, estando junto do trio da frente durante a parte mais dura. Depois disso venceu ainda o campeonato nacional de contra-relógio e o Tour of Guangxi. Tem imenso talento e potencial, é um jovem com 24 anos ainda. Mas se não ganhar maturidade nunca será um grande ciclista.
Oliver Naesen (AG2R La mondialle), foi o tiro ao lado da categoria. Andou bem nas clássicas primaveris e foi um excelente ciclista na restante época. No entanto, parece que o belga nunca será aquela atleta que é apontado por todos a vencer uma clássica. Não querendo com isto dizer que não possa vir a ganhar algumas, mas não parece provável que consiga construir um grande palmarés, sendo que será sempre um dos melhores nesse tipo de provas.
Prognóstico Final
E o prognóstico final é…
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ALEJANDRO VALVERDE finalmente CAMPEÃO MUNDIAL!!
Ninguém previu no início da época. Muitos já duvidavam que viesse a acontecer, mas aconteceu mesmo. Pouco há a acrescentar sobre Valverde. Grande ciclista, vencedor em todo o tipo de percurso e capaz de fazer frente a quase todos. Era o título que lhe faltava e para descansar os adeptos do ciclismo é finalmente dele. O verdadeiro prognóstico que só poderia ser apresentado no final da época.