Campeonatos do Mundo de Judo – Doha 2023

João CamachoMaio 8, 20239min0

Campeonatos do Mundo de Judo – Doha 2023

João CamachoMaio 8, 20239min0
Doha 2023 vai contar com uma legião de atletas portugueses neste Campeonatos do Mundo de Judo e João Camacho explica quem são

No próximo dia 7 de maio, arrancam na capital do Catar, Doha, os Campeonatos do Mundo de Judo de 2023. Portugal tenta repetir as recentes prestações, com atletas a chegar aos pódios ou, no mínimo, aos combates pela disputa das medalhas. Serão uns Campeonatos do Mundo marcados pelos regressos das equipas russa e bielorussa sob a bandeira “neutra” da Federação Internacional de Judo-FIJ. A polémica está instalada, a Ucrânia já anunciou o boicote a estes Campeonatos do Mundo e muitas federações já partilharam o seu desconforto com esta decisão da cúpula da FIJ, onde, certamente, o Catar deverá ter usado o seu poder de influência para uma decisão neste sentido.

Doha 2023

Como tive oportunidade de escrever no último artigo, estes Campeonatos do Mundo estão a gerar muito desconforto, ou “indignação”, ou mesmo revolta, pela presença das equipas russa e bielorussa. Nos Campeonatos do Mundo de 2022, que decorreram em Tasckent, Uzbequistão, estes dois países foram impedidos de participar devido à invasão da Rússia, com o apoio bielorrusso, à vizinha Ucrânia. Do ponto de vista desportivo, e só este, uns Campeonatos sem a poderosa equipa russa nunca terão o mesmo nível competitivo. Por outro lado, com o boicote anunciado da equipa ucraniana, muito consistente e também poderosa, estes Campeonatos, ficam também um pouco desvirtuados.

O atual corpo diretivo da FIJ tem marcado o seu mandato por algumas decisões polémicas, como fica agora evidente. A influência russa é poderosa e tem marcado os últimos anos da gestão da FIJ, por exemplo, devido aos avultados patrocínios de poderosas empresas russas.

A equipa portuguesa

No que respeita à participação portuguesa, a equipa lusa terá duas baixas de peso, dois judocas que teriam francas probabilidades de chegar ao pódio.

Rochele Nunes teve o infortúnio de se lesionar na etapa do circuito mundial que antecedeu estes Campeonatos do Mundo, o Grand Slam de Antalya. Rochele vê interrompida uma série consistente de resultados em 2023 que a colocaram nos lugares de topo do ranking mundial e dentro da qualificação olímpica para Paris 2024. Rochele deverá regressar dentro de poucas semanas ao circuito mundial.

Jorge Fonseca, que já conta no seu currículo com dois títulos mundiais e um bronze olímpico, teve um início de 2023 muito atribulado. Lesionou-se na etapa que marcava o seu regresso, após lesão…, o Grand Slam de Telavive. Este arranque atribulado coloca Jorge fora dos lugares de qualificação direta para os jogos de 2024. Recordo que até junho de 2023 os pontos ainda só contam a 50%, e a aposta, na minha opinião acertada, de recuperar a 100% antes de voltar a entrar em ação, certamente resultarão num regresso em pleno deste fantástico judoca.

A equipa portuguesa nos mundiais de Doha, é constituída por 11 judocas, 8 do género feminino e 3 do masculino. A equipa caracteriza-se por um misto de juventude e experiência, muita experiência.

Catarina Costa – 48Kg (#6 WRL)

Catarina é a judoca portuguesa mais bem posicionada no ranking da respetiva categoria de peso. Será uma das cabeças de série, posição reservada ao top 8 de cada categoria de peso. O estatuto de cabeça de série permite que só se cruze com as restantes judocas cabeças de série a partir dos quartos-de-final. Catarina teve um início de ano um pouco atribulado, com os resultados a não aparecerem. Por diversas vezes foi surpreendida por judocas menos cotadas, ficando evidente que é uma atleta muito estudada, logo terá de inovar o seu judo, mudar a sua estratégia, de modo a tornar-se imprevisível. Catarina é uma das minhas apostas para chegar longe neste Campeonato do Mundo.

Raquel Brito – 48Kg (#68WRL)

Raquel Brito é uma jovem judoca de 20 anos com um percurso muito consistente na formação. Medalhou em Campeonatos da Europa de diversos escalões (cadetes, juniores e Sub 23). Muito trabalhadora e focada, é uma das jovens em prova e merece esta oportunidade. No entanto, ainda está a atravessar a penosa adaptação à alta roda do judo. Nas poucas presenças no circuito mundial tem dado excelentes indicações, mas é evidente que há um caminho pela frente, que exige muito trabalho, mas acima de tudo, muita rodagem e experiência a este nível.

Joana Diogo – 52Kg (#26WRL)

Joana tem demonstrado uma boa adaptação a esta categoria de peso. Relembro que andou durante muitos anos na categoria abaixo, categoria dos 48Kg. Joana tem como grande resultado nesta categoria de peso, o bronze conquistado no Grand Prix de Portugal em 2022.

Maria Siderot – 52Kg (#32WRL)

Tal como Joana, Maria Siderot também andou nos 48Kg durante alguns anos. Agora que parece ter definido, finalmente, a sua categoria de peso, Maria tem apresentado um judo muito sólido e assume a luta pela vaga olímpica nesta categoria de peso. Em 2023 tem dois 5.ºs lugares, duas lutas perdidas para a medalha de bronze, o que perspetiva que poderá ser uma surpresa. Contudo, o facto de não ser cabeça de série colocou no seu caminho a líder do ranking mundial, a Kosovar Distria Krasniqi, o que constituirá um acréscimo de exigência.

Telma Monteiro – 57Kg (#11WRL)

Bom, o que dizer de Telma? Esta super judoca vai lutar, novamente, por uma medalha nuns Campeonatos do Mundo. Tem qualidade, sabedoria e atitude para chegar longe, mas a longa carreira na alta competição também deixa marcas, e as lesões que a têm apoquentado, poderão condicionar a sua prestação. Telma é uma eterna candidata ao pódio, nós sabemos disso… e a suas adversárias também!

Bárbara Timo – 63Kg (#10WRL)

A judoca Luso-Brasileira tem um currículo fortíssimo, onde se destaca a prata e respetivo título de Vice-Campeã do Mundo dos 70Kg, conquistado nos Campeonatos do Mundo de Tóquio, em 2019, e o bronze conquistado nos Campeonatos do Mundo de 2022, em Tachkent, este na atual categoria de peso dos 63Kg, a única medalha conquistada por Portugal nestes campeonatos do Mundo. Arrancou em 2023 com a vitória no Grand Prix de Portugal, mas seguiram-se algumas lesões que condicionaram a sua participação. Bárbara é outra das minhas apostas para chegar longe nestes Campeonatos do Mundo.

Joana Crisóstomo – 70Kg (#76WRL)

Joana tem um percurso muito idêntico ao de Raquel Brito. Com uma carreira muito consistente nos escalões de formação, é a judoca portuguesa mais inexperiente neste nível de competição. Andou afastada durante um longo período e embora tenha participado em provas do circuito europeu, sabemos que, apesar de competitivo, o circuito europeu está um patamar abaixo das etapas do circuito mundial. Creio que será uma excelente oportunidade para ganhar experiência e perceber o que tem de melhorar para sonhar com uma qualificação olímpica.

Patrícia Sampaio -78Kg (#11WRL)

Patrícia Sampaio dispensa apresentações. Teve um 2022 muito atribulado, com diversas lesões, mas regressou em 2023 a todo o gás, com uma qualidade e consistência impressionantes. Em 2023 têm 3 bronzes e um ouro, conquistado em casa, nas etapas do circuito mundial. Uma das minhas apostas para um pódio.

Rodrigo Lopes – 60Kg (#31WRL)

Rodrigo Lopes persegue um resultado forte, apesar de prestações muito aquém da sua qualidade. Duvido que estes Campeonatos do Mundo sejam a competição ideal para conquistar o resultado que ambiciona. Há talento, qualidade, mas continua a falhar, por vezes inexplicavelmente, cometendo erros, por vezes infantis, em alturas críticas dos combates.

João Fernando – 81Kg (#35WRL)

João Fernando está claramente a crescer e a assumir-se como um nome a seguir com muita atenção. Terá fortíssima concorrência interna, designadamente, Anri Egutidze, para disputar a vaga olímpica. João tem tido uma evolução evidente e já derrotou diversos adversários mais cotados, como o belga Casse. Em 2023 João tem um 7.º lugar no fortíssimo Grand Slam de Paris e um 5.º lugar no Grand Slam de Telavive.

Anri Egutidze -81Kg (#47WRL)

Apesar de já ter no seu vasto currículo uma medalha de bronze conquistada nos Campeonatos do Mundo, em 2021, nesta categoria de peso, a aposta em subir para os 90Kg, em 2021, foi desastrosa e claramente errada. Anri regressou aos 81Kg mas tem denotado muitas dificuldades e acaba por perder, com muita frequência, por castigos, e por clara incapacidade em atacar e ter uma postura ofensiva nos combates. Anri é uma caixa de surpresas, que pode chegar a um pódio ou perder logo no primeiro combate. O sorteio que o colocou, na terceira ronda, frente ao atual campeão do Mundo, o Georgiano Tato Grigalashvili, também foi “ingrato”…

A equipa técnica que irá acompanhar e orientar os judocas portugueses é composta pelos treinadores nacionais Marco Morais e Pedro Soares.

Os Campeonatos do Mundo de Doha decorrerão entres os dias 7 e 14 de maio, com o último dia reservado para a competição de equipas mistas. Estarão presentes 658 judocas, em representação de 99 países. A SPORTTV irá transmitir, em direto, todas as eliminatórias e blocos de finais.

As medalhas do Campeonato do Mundo de Judo (Foto: IJF)


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