Andebol feminino português: nova época, planteis renovados pt.3
Continuamos a análise dos planteis das equipas femininas presentes na primeira divisão nacional de andebol e hoje vamos falar de 2 equipas que tem apresentado alguma volatilidade na classificação de época para época.
AC Alavarium
Um emblema que na última década apareceu como potência no andebol feminino, conseguindo 3 títulos consecutivos entre 2012 e 2015, atualmente passa por um momento de restruturação total. Algum desinvestimento espelhado nas saídas de nomes maiores como Mónica Soares, Soraia Fernandes, Carolina Monteiro, Andreia Costa ou Constança Sequeira veio trazer uma total reformulação do plantel. A próxima época trará um Alavarium muito mais jovem, com muitas atletas da casa, mas também com alguma falta de experiência para se colocarem na luta pelos lugares cimeiros. A manutenção de atletas como Diana Oliveira (lateral direita), Leonor Gonçalves (ponta direita) e Carolina Justino (lateral esquerda) irá equilibrar o plantel em termos de experiência. Eulália Silva (central) terá a grande oportunidade de se mostrar como a lider da equipa no ataque. No entanto a época não começará da melhor forma para a equipa de Aveiro, já que Diana Oliveira, Carolina Justino e Eulália Silva começam lesionadas e com algum tempo de paragem.
Para colmatar as saídas, o Alavarium reforçou-se com atletas jovens de clubes da zona como a pivot Francisca Neto (ex-Feirense) e a primeira linhaMaria Pinho (ex-Sanjoanense). Fez também regressar ao plantel atletas como as primeiras linhas Rita Vieira (ex-ABC), Beatriz Miranda (ex-ARCA), Inês Cruz (ex-ACD Monte) e Gisela Marques (sem atividade na última época).
Da época anterior mantêm-se ainda Inês Leite (ponta direita) e Sara Rodrigues (ponta esquerda), duas internacionais jovens que terão finalmente a sua oportunidade de mostrar o seu talento, até aqui sem espaço para jogar regularmente no plantel principal, e Joana Teixeira, uma pivot na quarta época no clube, mas com muito poucos minutos jogados.
Na minha opinião será na baliza que o AC Alavarium manterá a qualidade, pois mantém a experiente Andreia Génio, uma guarda-redes muito inteligente e que vence muitos duelos com base na sua experiência e leitura do jogo ofensivo, Maria Antunes, guarda-redes jovem com qualidade e já com alguns anos de sénior, e com a aquisição de Maria Miguel Moreira (ex-Sanjoanense), uma guarda-redes de futuro. Pela amostra que deu no Torneio de Santo Ovídeo, Maria Moreira poderá ser uma agradável surpresa neste campeonato pois apresenta uma grande margem de progressão.
A nível de liderança, o AC Alavarium mantém o treinador que terminou a última temporada Eugénio Bartolomeu, depois de na época passada ter trocado duas vezes de equipa técnica. Pelo modelo de jogo apresentado no torneio de Santo Ovídeo, acredito que embora a qualidade do plantel tenha reduzido, o trabalho está a ser bem conduzido para criar uma equipa agressiva na defesa com interesse em ganhar bolas e acelerar para finalizações rápidas.
A equipa de Aveiro apresenta para já um plantel curto, que irá ser completado com certeza por atletas jovens da formação. Será um ano de adaptação a uma nova realidade e com a redução novamente do número de equipas na primeira divisão de andebol, será certamente um campeonato bastante difícil para este novo Alavarium.
Sir 1º Maio/ADA CJB
A equipa da Marinha Grande tem sido na última década um emblema que se classifica quase sempre na primeira metade da tabela do campeonato nacional de andebol, exceção feita à época 2020/2021, que ficou a dois pontos de descer, conseguindo a manutenção na última jornada. Na última temporada conseguiu voltar a colocar-se na primeira metade da tabela, conseguindo o 7º posto.
Após duas épocas de restruturação a nível de plantel e também a nível técnico, este ano aparece como um dos planteis mais semelhantes ao da época anterior, com aquisições que vieram colmatar as pequenas lacunas que apresentaram no ano passado. É um dos planteis mais experientes, com menos atletas jovens, uma característica distintiva da maior parte das equipas que têm os planteis construídos maioritariamente com atletas sub21 ou sub23.
Filipe Oliveira mantém-se no comando da equipa de andebol do Sir 1º Maio/ADA CJB, depois de ter assumido o cargo a meio da temporada anterior. Mantem-se na baliza Diana Roque, a capitã e líder da equipa, uma figura do clube já que acumula estas funções com as funções de treinadora da formação. Um exemplo para as atletas mais jovens dentro do clube. A acompanhá-la mantém-se Isabel Cardoso e a jovem Carolina Pereira, com apenas 18 anos.
Nas pontas manteve as quatro da época passada: Carolina Gomes, Marta Santos e Joana Correia (sub-21) na ponta esquerda e Diana Ferreira (sub21) na ponta direita. Contratou ainda a ponta direita Adriana Bastos ao Boden Handball (um regresso) e Maria Nunes ao ARC Alpendorada. Para a zona direita do ataque manteve a lateral direita Joana Espinha. Como primeiras linhas o clube apresenta a atleta internacional Maria Pereira, Patrícia Periquito (sub21) e Ana Gante. Patrícia Fernandes mantém-se também no plantel, tendo nas últimas épocas tido mais funções defensivas, mas sendo uma opção válida para primeira linha ou para pivot.
Ao JuveLis foram buscar uma atleta com enorme progressão, Joana Oliveira (sub-21), e ao CDE Colégio de Gaia contrataram o melhor reforço para esta nova temporada, a central Daniela Mendes. Ainda como organizadora de jogo mantiveram a central Carolina Cintra. A posição que parece mais deficitária é a posição de pivot onde apenas apresentaram a experiente Helena Côrro. Dificilmente esta atleta conseguirá aguentar os 60 minutos de jogo durante toda a prova, como tal acredito que poderá aparecer ainda até ao início do campeonato mais algum reforço. No entanto, Patrícia Fernandes poderá também aparecer neste posto específico como já referi.
O jogo do Sir 1º Maio/ADA CJB caracteriza-se por um ataque bastante posicional, pouco ênfase na fase de ataque rápido e muito mais em ataques demorados, com grande organização. Apresenta atletas capazes de tiro exterior e com as contratações de Daniela Mendes e Joana Oliveira ganharão maior dimensão ao nível do jogo de penetração aos 6metros, aumentando assim as possibilidades de conclusão do ataque. Com pontas eficazes como apresenta, acredito que a finalização neste posto específico será uma das armas utilizadas pela equipa da Marinha Grande. A nível defensivo apresentam sempre defesas posicionais, mas muito fortes fisicamente, derivado da elevada estatura das suas atletas, quando comparado com os restantes planteis.
Acredito que se posicionará próximo dos lugares cimeiros deo campeonato nacional de andebol, mas não acredito que se consiga intrometer na luta pelo 1º lugar. No entanto acredito que irá causar problemas mesmo aos candidatos ao título.