Andebol de Praia – Acrobacias, fairplay e espetáculo

Ana CarvalhoAgosto 4, 20237min0

Andebol de Praia – Acrobacias, fairplay e espetáculo

Ana CarvalhoAgosto 4, 20237min0
Ana Carvalho traz-nos o manual do andebol de praia, explicando como se joga e qual a importância desta variante

O andebol de praia está cada vez mais em voga, tendo tido um crescimento exponencial nos últimos anos, especialmente devido à capacidade de atrair mais publico fora da esfera do andebol. Ao longo dos próximos dias iremos debruçar-nos sobre as regras da modalidade e sobre a evolução do andebol de praia em Portugal.

A espetacularidade da modalidade, aliada às sensações positivas que um desporto de praia traz, levam mais pessoas a interessar-se e a parar na praia para ver. Cada vez mais países no mundo inteiro foram investindo na modalidade e estando presentes nas grandes competições, o que levou a que este desporto esteja agora na porta de entrada do calendário dos Jogos Olímpicos. Em 2024, nos jogos Olímpicos de Paris, o andebol de praia será modalidade de exibição, e os amantes da modalidade esperam que tenha vindo para ficar.

O andebol de praia surgiu simultaneamente em Itália e Holanda no final dos anos 80’, como consequência do crescimento interessante do voleibol de praia. Atletas e amantes do andebol de pavilhão pensaram como poderiam transpor as regras da modalidade para a praia e adaptaram o campo de voleibol de praia. Por esta razão, o campo de andebol de praia é retangular, bastante mais pequeno que o de pavilhão, tal como a área restritiva do guarda-redes- uma das primeiras regras bem diferentes do andebol original.

Com um campo menor, o número de jogadores é também diferente: jogam 4 elementos de cada equipa, inicialmente 1 guarda-redes e 3 atacantes. A partir destas regras iniciais, foram surgindo ao longo dos últimos 30 anos atualizações às regras, até chegarmos às atuais.

Percebeu-se que esta modalidade teria mais impacto e mais adesão se trouxesse mais do que só andebol jogado na areia, portanto adicionou-se o fator espetacularidade. E o que queremos dizer com andebol de praia é espetacular? Referimo-nos às acrobacias que os jogadores devem fazer para marcar golos que valham mais que um ponto. Aqui está a grande diferença do andebol de praia: os golos normais valem apenas um ponto, mas golos marcados após a execução de uma acrobacia (pirueta, aérea e inicialmente também cambalhota, mas já retirado do livro de regras) valem dois pontos.

E todos querem executar golos espetaculares para mais rapidamente marcarem pontos. Se nos anos 90´poucos eram aqueles que executavam golos que valiam dois pontos, hoje desde os mais pequenitos que todos treinam e trabalham para conseguirem executar golos espetaculares. Para além dos golos acrobáticos há ainda um jogador que tendo um equipamento diferente (anteriormente designado de joker e atualmente referido como especialista e guarda-redes), os seus golos normais valem sempre dois pontos. No entanto, um golo acrobático executado por este jogador especialista não vale quatro pontos.

Várias outras regras poderíamos referir aqui acerca do andebol de praia, mas deixemos isso para os próximos artigos.

No último fim de semana muitos foram os atletas jovens que rumaram até ao Município da Nazaré para a fase final nacional de andebol de praia. Depois de terem competido a nível regional durante junho e julho, aqueles que se qualificaram para o top 6 nacional lutaram pelo título nacional. Entre os dois géneros e distribuídos pelos escalões de sub-14, sub-16 e sub-18, foram 36 as equipas que participaram nesta fase final, com mais de 430 atletas em competição.

Destas 36 equipas, muitas pertencem ao mesmo clube, tal como acontece com os clubes EFE Os Tigres, GRD Leça e Nazaré BHT que conseguiram apurar equipas para todos os escalões em competição tanto no género feminino como masculino. Outras são apenas grupos de amigos que escolhem juntar-se para se divertirem durante o período transitório do andebol de pavilhão, e acabam por ter competências para estar presentes na fase final.

Existem vários clubes de praia ligados a clubes de pavilhão e que colocam as suas equipas numa atividade complementar durante o Verão, como existem clubes organizados e criados para se especializarem no andebol de praia e que juntam nos seus planteis atletas de uma variedade grande de clubes de pavilhão. Este tipo de alternativas competitivas é também outro dos pontos que alicia bastante os praticantes e os próprios pais.

A Nazaré, um município que desde o início dos anos 90´está na génese do andebol de praia em Portugal, tem sido um local de muito andebol de praia nos últimos anos e este ano coroou uma vez mais os campeões nacionais da formação.

Nas sub-14 femininas e sub-16 femininas duas estreantes na competição, Nazaré BHT e AS Académico Leiria, venceram nas respetivas finais a equipa de Leça, os GRD Leça-Love Tiles. A equipa de Leça fez o pleno nas finais do género feminino, conseguindo no escalão de sub18 levar para casa pelo segundo ano consecutivo o título nacional, ao vencer as sub18 EFE Os Tigres.

No masculino, a equipa de Espinho fez novamente o pleno, tal como tinha acontecido no ano anterior, ao tornar-se bicampeão nacional em sub-14, sub-16 e sub-18. A equipa do Porto Associação Desportiva Os Sem Nome foi o finalista vencido nos escalões de sub-14 e sub-16, enquanto na final de sub18 Nazaré BHT arrecadou a segunda posição. As classificações finais de todos os escalões encontram-se no final do artigo.

Para estes jovens, a época de andebol de praia terminou, aproximando-se novamente a época de pavilhão, mas para o escalão sénior a época termina só em Outubro, tendo começado já em Março, com os primeiros estágios de seleção nacional de andebol de praia. Iremos percorrer todas as competições nacionais e internacionais de seniores num próximo artigo.


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