“Underrated” ou simplesmente “esquecíveis”? – Marcos Senna

Pedro AfonsoAbril 7, 20203min0

“Underrated” ou simplesmente “esquecíveis”? – Marcos Senna

Pedro AfonsoAbril 7, 20203min0
Nesta nova rubrica do FairPlay, trazemos-lhe alguns dos jogadores que a História do Futebol "esqueceu". Simplesmente "underrated" ou "esquecíveis", estes jogadores marcaram uma era do futebol. Hoje, trazemos-lhe Marcos Senna.

A temporada de 2007/2008 marcou o início da afirmação da Espanha como grande potência no panorama Internacional. Bebendo das bases lançadas pelo treinador Frank Rijkaard no FC Barcelona (apesar do 3º lugar na La Liga nessa época), Luís Aragonés foi capaz de construir uma seleção que ganharia as 2 grandes competições internacionais seguintes (Mundial de 2010 e Euro 2012). Obviamente que as pessoas se lembrarão, em primeira instância de Iniesta, Xavi, David Villa e Fernando Torres, mas um dos grandes esteios da equipa de “nuestros hermanos” foi um herói tão improvável como rapidamente esquecido.

Uma constelação onde Senna se afirmou (Fonte: Yahoo Esportes)

Marcos Senna chegou à Europa no ano de 2002, já com 26 anos, proveniente do São Caetano. Um jogador experiente nas lides sul-americanas, mas totalmente inexperiente em futebol internacional, o espanhol chegava a uma equipa espanhola modesta, lutando para não descer. Não obstante, a sua chegada parece marcar um ponto de viragem no futuro do “submarino amarelo”. No ano seguinte, ficariam em 8º lugar, chegariam às meias-finais da Teça UEFA, e contavam com estrelas como Coloccini, Belletti, Pepe Reina, Riquelme, Cazorla e José Mari.

Um Super-Villareal (Fonte: Denis Doyle/Getty)

Os anos seguintes foram marcados com classificações no Top-5 da Liga, bem como um 2º lugar na época que precedeu o EURO 2008. Seria então óbvio que Senna, que se mantivera no plantel do clube de Villarreal, se assumia como um dos líderes e um dos pêndulos da equipa de Manuel Pellegrini. E chega então a altura de convocar os 23 eleitos para lutar pelo título Europeu. Aragonés via no Brasileiro (entretanto naturalizado Espanhol) o complemento perfeito para o virtuosismo de David Silva, Xavi, Fàbregas e Iniesta. Numa altura em que Busquets se preparava para dar o salto para a ribalta, Senna abriu o caminho para um novo estilo de médio-defensivo, que se afastava do género de Makelélé: o Construtor de Jogo Recuado.

Senna não era apenas um exímio destruidor de jogo: os seus 31 anos e a sua experiência com Pellegrini deram-lhe a capacidade de jogar simples e bem, sempre a 1-2 toques, capaz de entregar sem problemas a bola a quem faria o trabalho do meio-campo para a frente. E estas recuperações não se faziam na base da agressividade e luta pura e dura. Era com “perfume”, ocupação de espaços inteligente e antecipação.

O espanhol abriu as portas para um grande número de jogadores, como William Carvalho, que se destacam pela sua exímia capacidade de leitura de jogo, apesar da sua lentidão física. Dotado, também, de um “pé-canhão”, não é incomum encontrar vídeos com enormes golos do médio-defensivo, com remates de meia distância espetaculares. Não é por acaso que o 4-3-3 se reformulou após o Europeu de 2008, com mudanças de rotinas e necessidades por posição, tentando emular aquilo que Aragonés havia sido capaz de fazer.

A verdade é que, tão depressa como apareceu, Senna desapareceu. Apenas com 28 jogos pela Seleção Espanhola e não participando em mais nenhuma Competição Internacional,  Senna fez o resto da sua carreira no Villareal e no New York Cosmos, onde se viria a reformar em 2015, após 3 épocas. Mas o seu lugar na história da Seleção Espanhola não deve ser menosprezado e jogadores como Xavi, Iniesta e, principalmente, Busquets, devem a este “herói esquecido” parte do seu sucesso.


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