UEFA EURO – Cinco Grandes momentos da história da competição
Quando comecei a acompanhar futebol e descobri a Eurocopa foi uma excitação, afinal o intervalo entre as Copas do Mundo era muito grande. E a UEFA EURO é praticamente uma copa do mundo sem Brasil e Argentina. Assim, a cada dois anos separo um mês pra acompanhar essa incrível competição. E neste artigo separei 5 grandes momentos da fantástica UEFA EURO, mas que adoro chamar de Eurocopa.
5. A fantástica Rep. Checa de 1996
A República Tcheca na UEFA EURO 1996 era um time jovem e composto por 15 jogadores que atuavam na sua liga local. Vinha chegando a hora de revelar ao continente as qualidades de jogadores como Pavel Nedved, Karel Poborsky e Vladimir Smicer.
A classificação veio de forma direta. Líderes do Grupo 5, somando um ponto a mais que Holanda e Noruega, os tchecos garantiram a viagem à Inglaterra. E, após o sorteio dos grupos a Rep. Checa caiu no grupo da morte, a equipe teria que deixar pelo caminho seis títulos mundiais, três da Itália e outros três da Alemanha. E, além disso, precisaria ser superior à Rússia.
A equipe se classificou em segundo lugar no grupo, graças a uma vitória sobre a Itália. Nas quartas eliminou a geração de ouro de Portugal, vitória por 1×0. E nas semis, vitória nos pênaltis contra a França.
Na final, enfrentou novamente a Alemanha, 90 minutos, com igualdade no placar, 1 a 1. Na prorrogação aos 95’, um lançamento da retaguarda alemã chegou a Bierhoff que fez perfeito trabalho de pivô para Jürgen Klinsmann. O capitão cruzou a bola de volta para o companheiro, que balançou as redes. Era o gol de ouro de Bierhoff. A Alemanha era campeã.
A derrota foi um desfecho doloroso para aquele time. Mas sua grandeza foi reconhecida
4. Grécia – 2004
4 de julho de 2004, estádio da Luz, em Lisboa, com uma torcida lusitana emudecida só se ouvia gritos em grego e jogadores em azul correndo enlouquecidos por todos os lados. Grécia campeã da UEFA EURO 2004. Com uma aplicação tática sem igual, juntamente com um sistema defensivo impenetrável.
Os gregos não foram aquele time que chegou por sorte na final e ganhou, muito pelo contrário. A Grécia eliminou todos os favoritos daquela competição, primeiro a França, e atuais campeões, nas quartas, depois a Rep. Checa e por fim a seleção de Portugal, que jogava em seus domínios. Sem falar que na fase de grupos eliminou a seleção da Espanha.
3. Gol de ouro Trezeguet – 2000
David Trezeguet teve centenas de motivos para ser colocado na prateleira dos imortais do futebol francês. Goleador no Monaco, campeão mundial em 1998 e lenda pela Juventus. Mas foi um único gol – entre tantos que fez nas duas décadas de carreira – que lhe colocou no hall de imortais do país. Aliás, um “único gol”, não. ‘O’ gol. O mais importante que marcou, exatamente no dia 2 de julho de 2000, há 20 anos.
Um erro na saída de bola italiana, alguns segundos de brilhantismo e de dois dribles em velocidade de Robert Pirès e um cruzamento que só teve um rumo: o pé esquerdo de Trezeguet. O chute meio desajeitado, mas forte e alto, foi indefensável para Francesco Toldo, que caiu para o lado esquerdo e viu a bola balançar as redes no seu canto oposto.
Era a época do famigerado “Gol de Ouro” e, assim, a França desbancava a Itália para conquistar a sua segunda Eurocopa na história.
2. Final de 1964 (Espanha x URSS)
Espanha e União Soviética faziam a segunda decisão de Eurocopa. O general Francisco Franco não era simpático ao colega Josef Stalin e os dois regimes de governo não se entendiam. Para 1964 a UEFA chegou em acordo com Franco, que permitiu que os soviéticos jogassem em solo ibérico. E a final aconteceu no Santiago Bernabéu, em Madrid.
A Espanha completava 25 anos do fim da guerra civil e uma vitória da seleção seria o carro chefe para promoção das realizações do regime. Mesmo assim, o general tinha dúvidas se devia comparecer a final, afinal depois de uma vitória suada nas semis contra a Hungria, estava temeroso pra uma derrota contra a URSS. O que seria pra ele uma vitória dos comunistas em solo espanhol. Muitos dizem que integrantes do partido (falangistas) propunham que drogassem os soviéticos ou que o general se ausentasse.
No entanto, Franco compareceu ao jogo, motivado pelo seu secretário-geral, Solíz Ruiz, pois sua presença era indispensável para a propaganda do regime, assim como para motivar a equipe.
Gols, só no começo e no fim da partida. Pereda abriu o placar aos seis minutos do primeiro tempo e os soviéticos empataram aos oito. O 2 a 1 que valeu a primeira de três Eurocopas à Espanha veio aos 39 do segundo tempo, através do atacante Marcelino.
1. Dinamarca – 1992
Depois de encantar o mundo com boas apresentações na Copa do Mundo de 1986, os dinamarqueses haviam perdido força. Nas eliminatórias da UEFA EURO 92, foram eliminados, ficando atrás da Iugoslávia. No entanto, duas semanas antes de começar a Eurocopa, a ONU estendeu seu veto sobre a Iugoslávia a todas as competições esportivas pelo conflito bélico dos Bálcãs. A Uefa, às pressas, expulsou uma seleção, que se desmembrava entre bombardeios, da fase final de seu torneio de seleções e a substituía pela que tinha ficado atrás dela na fase qualificatória.
Assim de Cinderela a matadora de gigantes, a seleção dinamarquesa caiu num grupo que tinha a Suécia, a Inglaterra e a França, era quase impossível imaginar que os dinamarqueses passassem da primeira fase. Apesar de resultados apertados, a vitória sobre a França na última rodada garantiu o segundo lugar no grupo.
A semifinal reservou um confronto contra a atual campeã, o fortíssimo time dos Países Baixos, com Van Basten, Gullit, Berkamp e Riijkard em seu elenco. Após um 2×2 no tempo regulamentar, o jogo foi para as penalidades e aí brilhou a estrela de Schmeichel, que alguns anos depois cravaria seu nome na seletíssima galeria de ídolos do Manchester United, defendeu a cobrança do craque Van Basten. O gol de Christofte deu o último golpe nas esperanças dos atuais campeões e classificou os dinamarqueses para a decisão.
Na final, em que um mês antes nem podia imaginar, superou a Alemanha por 2×0, que, campeã do mundo, estava em plena renovação. Assim, uma equipe mantida pela figura maiúscula de seu goleiro e catapultada pela solidariedade de alguns jogadores que priorizaram o coletivo ao brilho, alcançou a glória mais inesperada. Um verdadeiro conto de fadas.