O triste exemplo de Neymar sobre o poder no futebol
Neymar está a agitar o mercado futebolístico neste verão devido à sua insistência em sair do PSG onde está há duas épocas depois de ter chegado em 2017 pelo valor record de 222M€, valor que cobria a sua cláusula no Barcelona.
Neymar perdeu bastante protagonismo desde que chegou ao país gaulês e a enorme infelicidade que teve com as lesões levou a que tenha perdido o protagonismo que outrora teve no futebol e pretende relançar a sua carreira, uma vez que com apenas 27 anos, ainda está muito a tempo de o fazer.
Até aqui não há nada de relevante, o jogador está insatisfeito e pretende mudar de ares, mas Neymar está a tentar fazer prevalecer a sua vontade com toda a força e sem qualquer pensamento na outra parte, o Paris Saint-Germain.
O Paris Saint-Germain rubricou com Neymar um contrato até 2022 com uma cláusula de 400M€. O PSG não obrigou Neymar e o seu pai (que é o seu agente) a assinar esse acordo, pelo que à data era um acordo com o qual Neymar concordou. Deste modo, o jogador não pode nunca levar a mal o facto do PSG só o aceitar vender pelo valor que o mesmo PSG bem entender.
O brasileiro veio a público demonstrar o seu desagrado por o clube da capital francesa não ter acedido às ofertas do Barcelona para o resgatar e faltou mesmo ao início dos trabalhos para a nova época, algo que levou à introdução de um processo disciplinar ao jogador por parte do clube.
Esta atitude de menino mimado protagonizada por Neymar e pelo seu pai, põem a nu um dos maiores problemas do futebol moderno: o enorme poder que os jogadores têm nas suas respetivas equipas.
Hoje em dia um jogador (como é óbvio existem excepções) não se sente minimamente obrigados a cumprir com os contratos assinados, quase como se aquele documento não valesse de nada, visto que o vínculo só dura até onde me apetecer, dando-se ao “luxo” de poder faltar ao trabalho, uma vez que o dinheiro que recebem por esse trabalho é tão elevado que podem pagar as respetivas multas sem que tenha nenhuma moça financeira na vida do jogador.
Neymar foi ameaçado pelo presidente do PSG de que ficaria sem jogar até junho de 2022, algo que o pai de Neymar prontamente respondeu, pondo a nu toda a influência do jogador no clube e o poder que o mesmo tem sobre a direção.
O pai de Neymar afirmou que isto provocaria um motim no plantel, uma vez que jogadores que treinavam e trabalhavam todos os dias estavam a receber bem menos que os 47M€ anuais de Neymar que estaria sem fazer nada, reforçando ainda que em 3 semanas, Mbappé pediria 100M€ por ano.
Esta situação de Neymar, depois de ter provocado os dirigentes parisienses aquando da afirmação de que o melhor momento na carreira foi a vitória por 6-1 ao PSG (mesmo que sincero, o timing e tendo em conta a ligação contratual ao clube, deveriam ser razões para não o ter dito), deixou o clube francês de mãos atadas, pois parece que qualquer situação prejudicaria o PSG.
Vender o jogador significaria perder o dinheiro investido e perder um dos seus maiores ativos e para o qual provavelmente não encontraria substituto, já manter o jogador parece algo impossível pois o mesmo recusa-se a treinar e a jogar e tem poder para iniciar um “motim” no balneário prejudicando o PSG em todos os jogadores.
Desta forma o PSG já sabe que vai ter que ceder às exigências e quem “sai a rir” é Neymar que continua a receber um contrato milionário e não lhe faltam clubes dispostos a oferecer um lugar de destaque, nomeadamente Barcelona, Real Madrid e Juventus.
Para a reputação do jogador, este é, no entanto, mais um rude golpe numa carreira com mais polémicas que sucessos e onde transmite um péssimo exemplo para os mais jovens sobre o futebol atual e sobre o significado de chantagem, quando assinou um contrato há apenas dois anos, mas que hoje parece valer tão pouco.