Qualificação Mundial 2023 – alternativas à convocatória

Margarida BartolomeuAgosto 25, 20226min0

Qualificação Mundial 2023 – alternativas à convocatória

Margarida BartolomeuAgosto 25, 20226min0
Margarida Bartolomeu olha para a convocatória da selecção nacional na corrida ao apuramento para o Mundial 2023 e deixa algumas notas importantes de reter

O lote das jogadoras escolhidas por Francisco Neto para os próximos 2 jogos integrados na Fase de Apuramento para o Mundial 2023 está escolhido. E se, após o desempenho da seleção no WEURO 2022 e as algumas lesões sofridas pré-europeu, poderiam forçar a alterações à convocatória, a verdade é que apenas houve uma mudança, relativamente à equipa que representou Portugal no supramencionado Campeonato da Europa – saiu Catarina Amado (defesa), por lesão, e entrou Ana Capeta (avançada).

Guarda-redes: Rute Costa (SL Benfica), Inês Pereira (Servette FC) e Patrícia Morais (SC Braga);

Defesas: Alícia Correia (Sporting CP), Carole Costa (SL Benfica), Diana Gomes (Sevilla FC), Joana Marchão (Parma), Lúcia Alves (SL Benfica), Sílvia Rebelo (SL Benfica);

Médias: Andreia Norton (SL Benfica), Andreia Faria (SL Benfica), Dolores Silva (SC Braga), Fátima Pinto (Deportivo Alavés), Kika Nazareth (SL Benfica), Tatiana Pinto (Levante UD) e Vanessa Marques (SC Braga);

Avançadas: Ana Borges (Sporting CP), Ana Capeta (Sporting CP), Carolina Mendes (SC Braga), Diana Silva (Sporting CP), Jéssica Silva (SL Benfica), Suzane Pires (Ferroviária) e Telma Encarnação (CS Marítimo).

Para nós, adeptos e apaixonados por futebol, que acompanhamos o Futebol Feminino português há vários anos, começa a ser demasiado clara a necessidade de renovação a nível da seleção nacional feminina, especialmente agora neste fim de ciclo antes de um Mundial. Não que as jogadoras que lá estão não tenham qualidade suficiente para representar Portugal, longe disso. Mas sim, porque o nível a que se encontram as jovens jogadoras portuguesas é tal, que justifica essa renovação, e a aposta em novos talentos, para dar “sangue novo” e outro tipo de imprevisibilidade ao jogo português, evitando a estagnação, e promovendo a evolução e visibilidade da jogadora portuguesa, quando se aproxima o Mundial. Vou deixar, por aqui, algumas opções que, nesta fase, me parecem bastante válidas.

  • Ana Dias (Zenit) – avançada (pode jogar na zona central ou nas alas), 24 anos, extremamente veloz, e com uma excelente capacidade finalizadora (6 golos em 22 jogos, na primeira temporada. Atualmente, leva 11 golos em 16 jogos);
  • Beatriz Cameirão (Damaiense) – média, com grande capacidade de choque (embora de baixa estatura), com muita qualidade no desarme e construção de jogo. É uma jogadora muito aguerrida e jovem (21 anos). Atualmente encontra-se a representar o Damaiense, após ter tomado a decisão de sair do Benfica no final da época transata (4 anos ao serviço das encarnadas). É presença regular na seleção nacional sub-23;
  • Carolina Beckert (Sporting) – jovem central de 22 anos, veloz e muito forte no 1×1 defensivo, com uma estatura interessante. Sai a jogar com muita qualidade, tanto em progressão, como em passe curto e longo, sendo uma das jogadoras com mais jogos a titular, no plantel leonino, durante a temporada transata. Formada no Sporting desde o início do projeto leonino, e presença constante na seleção nacional sub-23;
  • Bruna Lourenço (Sporting) – jovem central de 23 anos, fisicamente imponente, e forte no jogo aéreo, com excelente capacidade de passe. Mais uma das titulares da defesa do Sporting, que na temporada transata conquistou 2 títulos nacionais (Supertaça e Taça de Portugal). É uma defesa central mais posicional, capaz de marcar as suas oponentes com grande eficiência. Internacional jovem por Portugal nos vários escalões, chegou ao Sporting com 16 anos, e tem sido presença regular na seleção nacional sub-23;
  • Joana Martins (Sporting) – a talentosa média leonina destaca-se pela sua capacidade técnica muito acima da média. O seu drible curto, capacidade de passe longo e curto, visão de jogo, chamam a atenção de qualquer adepto e treinador. A sua estatura parece, muitas vezes, ser uma fragilidade, mas a forma como se desenvencilha das adversárias é notável. Foi, também, uma das jogadoras mais utilizadas por Mariana Cabral durante a época transata, tendo sido das primeiras jogadoras da formação leonina a estrear-se no plantel sénior, ainda pelas mãos do professor Nuno Cristóvão. Ainda só tem 21 anos, e é também presença regular na seleção nacional sub-23;
  • Mariana Jaleca (Sparta Praha) – internacional pelos escalões jovens nacionais, a talentosa média tem construído carreira no estrangeiro. Após 3 anos no futebol universitário Norte Americano, que todos sabemos ser extremamente competitivo e muito físico, a jovem portuguesa regressou ao seu país para representar o Damaiense. No entanto, depressa se mudou de “malas e bagagens” para Itália, onde representou o Orobica. Na época seguinte, representou o histórico Aland United, da Finlândia, seguindo-se o Fenerbahçe e, na presente temporada, o Sparta Praha. Excelente capacidade física e resiliência, boa capacidade finalizadora e visão de jogo, e juventude – 24 anos, aliada a experiência em campeonatos bastante competitivos e exigentes;
  • Ana Seiça (Benfica) – defesa central imponente (170 cm), forte tecnicamente e no jogo aéreo, jovem (21 anos), presença regular na seleção nacional sub-23, tendo já, inclusive, sido chamada por Francisco Neto a estágios da seleção nacional A. Atua, preferencialmente, como defesa central, mas, no entanto, já atuou diversas vezes como defesa lateral, e com competência. Numa equipa encarnada com muita experiência a nível defensivo (Sílvia Rebelo e Carole Costa), Ana Seiça realizou 25 jogos na época transata, 21 dos quais a titular, o que demonstra a sua qualidade e capacidade para se fixar numa equipa recheada de experiência – e que poderia ser importante para o apuramento ao Mundial.

Obviamente que não pretendo com isto dizer que todas estas jogadoras devem ser convocadas imediatamente nesta corrida ao Mundial, e ao mesmo tempo, mas sim que algumas delas justificam, há muito, uma chamada regular à equipa das Quinas, e que lhes seja dada uma real oportunidade de demonstrar o seu valor!

Para finalizar, deixo apenas este desabafo, para que todos pensem comigo. É sabido que o Espaço de Seleção Nacional é um espaço onde contam, e são muito valorizadas, as rotinas entre as jogadoras, o espírito grupal, acima do individual. É um espaço onde é imperativa a rápida assimilação de processos e rotinas entre as jogadoras, num curto espaço temporal. Mas como podem ser criadas essas rotinas, esse entrosamento, essenciais ao sucesso de qualquer equipa, se nunca forem dadas as devidas oportunidades às jogadoras em ascensão, de integrar o grupo, e conquistar o seu lugar? É depois, mais tarde, quando se retirarem 2 ou 3 jogadoras, que se “lançam aos leões” as restantes atletas?


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