Terão os técnicos lusos a qualidade necessária para a Ligue 1?
A Ligue 1 arrancou, mas os técnicos portugueses não tiveram razões para sorrir neste regresso da competição.
Começando pelo Monaco de Leonardo Jardim, a expectativa era muita sobre o que podia ser realizado pelo técnico depois do enorme fracasso que foi a última temporada, com Leonardo Jardim a ter sido despedido e contratado novamente, e com a manutenção a ser apenas garantida na última jornada.
Com uma boa base portuguesa no clube (apesar da perda de Rony Lopes para Espanha), o Monaco parecia esta época uma equipa com pergaminhos para lutar ao nível do que o seu estatuto pede.
No entanto, na receção ao Lyon, Leonardo não podia ter pedido pior estreia. A jogar no principado, o Lyon atropelou completamente os monegascos, sendo que no final da primeira parte já se registava um parcial de 0-2 e uma expulsão para Fabregas que eram claros sinais do que estava para acontecer.
O 0-3 que se assinalava no placar aquando do apito final, indicavam assim que o Monaco ia começar a época com uma derrota frente a um rival direto na luta pelos lugares cimeiros da tabela e, apesar de ser só uma jornada, os adeptos podem ver novamente o nome do clube encaixado nos lugares que ditam a despromoção, um “deja-vú” daquilo que foi grande parte da época passada no principado.
Leonardo Jardim tem assim que meter os pés ao caminho se quiser reverter esta situação e mostrar realmente que o título conquistado há uns anos não foi obra do acaso, mas sim o resultado da qualidade de toda a estrutura que controla o futebol da região monegasca.
A segunda grande desilusão chama-se André Vilas-Boas que começou o ano com uma derrota em casa contra o Reims. Uma equipa bem modesta na liga francesa conseguiu deitar por terra as aspirações do técnico luso de se estrear na Ligue 1 com uma vitória.
Num ano complicado para o Marselha que está proibido de contratar muitos jogadores, fruto do fairplay financeiro da UEFA, o clube já sabia que ia ter maiores dificuldades para atingir os lugares cimeiros da tabela. No entanto, esta derrota com uma equipa cujo objetivo é a manutenção não deixa de ser um péssimo início para André Vilas-Boas que já enfrentou pela primeira vez o exigente público do Stade Vélodrome que não poupou jogadores, equipa técnico e direção por esta entrada com o pé esquerdo na Ligue 1.
O treinador português têm agora a oportunidade de limpar a sua imagem frente ao Nantes, mas sabe que já não terá muita tolerância para novos erros, no ínicio de um ciclo muito complicado que começa em Nantes e passa por Nice, Saint-Ettienne e Monaco para acabar no Montpellier. Terá o técnico que levou o Porto ao triplete as qualificações necessárias para levar o único campeão europeu francês ao lugar merecido?
A jornada pelo “mundo português” na Ligue 1 só fica concluída com o Bordéus de Paulo Sousa, temos aquele que é um dos casos que mais preocupação deve causar.
O Bordéus perdeu por 3-1 em casa do Angers, mas se olharmos para os restantes resultados vemos que desde 9 de março (data da chegada de Paulo Sousa ao comando do Bordéus), o treinador luso só por duas vezes ganhou na Ligue 1, tendo perdido 7 jogos e empatado 3, num total de 7 derrotas, 3 empates e duas vitórias na Ligue 1 desde que chegou ao clube.
Os números são ainda mais assustadores se incluirmos a pré-época do Bordéus. Em 6 jogos de pré época somou 5 derrotas e apenas 1 vitória num total de 12 derrotas, 3 empates e 3 vitórias nos 18 jogos de Paulo Sousa ao leme do Bordéus.
Com o confronto com o Montpellier e com o Lyon, muito perto de acontecerem, é seguro afirmar que o futuro do técnico está “por um fio” e é uma questão de tempo até a direção se cansar de mais derrotas e tentar outra solução, pelo que o técnico tem que dar imediatamente a volta ao figurino da equipa e colocar de novo o Bordéus na rota dos triunfos consecutivos (Não ganha dois jogos consecutivos desde 20 de janeiro).
Se os técnicos portugueses costumam ser elogiados por todo o mundo pela sua enorme qualidade, também não é menos verdade que por terras gaulesas os inícios não foram famosos, no entanto isto importa é como acaba e a confiança nos timoneiros é grande para darem a volta, resta saber como irão reagir e até onde irá a tolerância das direções.