O Caso Darwin Núñez: das dificuldades de adaptação ou algo mais?

Emanuel RicardoJaneiro 10, 20234min0

O Caso Darwin Núñez: das dificuldades de adaptação ou algo mais?

Emanuel RicardoJaneiro 10, 20234min0
Darwin Núñez atravessa um momento menos positivo pelo Liverpool na Premier League, mas será tudo uma questão de tempo até voltar ao normal?

O uruguaio, ex-benfiquista, Darwin Núñez continua a estar nas luzes dos holofotes da média futebolística. Nem sempre pelos melhores motivos. O avançado do Liverpool FC fazia furor nos títulos dos jornais portugueses e levou o hábito para Inglaterra. As suas prestações no SL Benfica juntamente com a transferência, do Estádio da Luz para Anfield Road, pela avolumada quantia de 75M de euros (que pode atingir os 100M, mediante objetivos) eleva o grau de exigência pedido ao avançado. Muitas vezes não correspondido nas exibições realizadas na Premier Legue, que podem ser acompanhadas na ELEVEN Sports.

Na teoria, Darwin, encaixa como uma peça no puzzle de Jürgen Klopp. Rápido, explosivo, com bom timing de desmarcação e capaz de cortar do flanco esquerdo para o meio na procura da finalização. Era substituição perfeita para Sadio Mané, que trocou o Liverpool pelo FC Bayern München. É claramente um jogador de profundidade, capaz de ganhar muitas bolas nas costas da defesa, tal como pede o 4-3-3 de futebol direto priorizado por Klopp. O treinador alemão chegou, inclusive, a tecer o seguinte comentário sobre Darwin: “Gostei muito do impacto que Darwin teve. É uma máquina. É extremamente forte fisicamente. Treina e fica melhor a cada dia. Dá para ver como evolui com o passar dos dias. Está totalmente focado na equipa, mas é claro que quer marcar mais golos e fazer mais assistência. Tudo isso vai acontecer, mas demora tempo”.

Na prática a sua adaptação aos reds não tem sido fácil. Após um começo interessante (dois golos em dois jogos, um contra o Manchester City FC na FA Community Shield), um cartão vermelho na segunda jornada da Premier League retirou algum impacto ao seu início em Liverpool. Seguiu-se uma seca de seis jogos sem golos e fracas exibições. Rapidamente começaram a surgir críticas ao uruguaio, seja pelo valor monetário que custou ao Liverpool, seja pela sua capacidade técnica, seja pela sua fraca eficiência de decisão no último momento. Um déjà vu para quem acompanhou a primeira temporada de Darwin em Portugal.

O próprio comportamento do jogador face às acusações recebidas, também, assemelha-se à sua atitude no Benfica. Mentalmente, Darwin, acaba por quebrar e somar más decisões em momentos cruciais do jogo.

No total da temporada soma 23 jogos onde marcou 10 e assistiu os colegas por três ocasiões. Os números são razoáveis, mas, bastante distantes para a comparação que foi realizada, no início da época com Erling Haaland. O norueguês já apontou 27 golos na temporada realizando o mesmo número de assistências de Darwin, em 22 jogos. Talvez a comparação com o avançado cityzen tenha carimbado uma expetativa irrealista em relação ao uruguaio. Ainda assim, é de salientar as diferentes dinâmicas que cada um dos jogadores desempenha na sua equipa, tal como o momento de forma divergentes que os seus clubes atravessam.

O Liverpool tem realizado uma temporada muito longe das expectativas. Neste momento, ocupa o sexto lugar da Premier League. As próprias prestações individuais dos jogadores dos reds têm sido pouco entusiasmantes. Apesar da falta de golo muitas vezes apontada a Darwin Núñez, o número 27 é o segundo melhor marcador da equipa, apenas atrás do egípcio Mohamed Salah. O Faraó de Anfield já fez abanar as redes por 17 vezes. O próprio treinador, Jürgen Klopp, tem encontrado dificuldades em impor o seu gegenpressing característico na atual temporada, tendo já trocado de sistema e de dinâmicas de jogo, mas quase sempre sem sucesso. A equipa dos reds está, de fato, em sub-rendimento.

As declarações de Thierry Henry sobre Darwin Núñez, após o golo do uruguaio ao SSC Napoli, numa partida a contar para a fase de grupos da UEFA Champions League resumem a temporada do avançado:

“Acho que ele precisa de confiança. E a confiança a que me refiro é de, quando se está num clube e se acha que jogará todas as semanas, vai-se ficando mais frio à frente da baliza. Ele quer muito fazer as coisas bem, quer impressionar os adeptos e, depois, apressa-se. Também passei pelo mesmo. Quando se é a grande contratação do clube e se entra após saída de Sadio Mané (…)”.

A primeira temporada de águia ao peito não demonstrou aos adeptos benfiquistas tudo aquilo de que Darwin Núñez é capaz de realizar dentro das quatro linhas. O mesmo está a acontecer em Liverpool. Com tempo, confiança e trabalho as melhores capacidades do atleta, naturalmente, erguer-se-ão à superfície.


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