O “novo” Sporting CP de Amorim: ilações da batalha no Castelo
Tratando-se de um primeiro jogo após uma paragem muito mais longa do que um simples período de defeso, seguido de uma espécie de pré-época sem jogos de preparação é ainda cedo para retirar conclusões definitivas do que vai ser Sporting de Rúben Amorim. Há porém alguns sinais que importa considerar desde já:
- Vai haver uma linha coerente relativamente ao sistema e modelo de jogo. A equipa vai jogar como treina durante a semana, sem invenções de última hora, coisa que infelizmente nem sempre aconteceu esta época;
- Jogarão os jogadores que na cabeça do treinador ofereçam mais garantias de ver as suas ideias executadas em campo, independentemente da idade. Assim se compreende que Quaresma jogue na mesma linha que Mathieu, que Matheus Nunes seja escolhido para substituir Wendel, por exemplo.
Esta postura de Rúben Amorim é benéfica para uma equipa causticada no seu amor-próprio por uma época de irregularidade nos resultados, na liderança técnico-táctica e a sofrer as consequências de um planeamento que foi um hino ao erro, para ser simpático. Não é porém suficiente para fazer o reset necessário, como se viu nos erros cometidos, especialmente com consequências no segundo golo do Vitória, decalcado de tantos outros semelhantes que vimos acontecer esta época.
Mas foi suficiente para já para revelar que esta equipa pode fazer mais e melhor e que só assim foi possível fazer frente a uma equipa da casa muito bem orientada e que sabe o que quer. Particularmente na segunda parte, onde o Sporting apareceu mais confiante, mais desenvolto e ligado entre sectores. Confiança que desapareceu juntamente com as pernas e que a falta de soluções no banco não permitiu alterar após o segundo golo sofrido. E já no período em que joga em superioridade numérica o Sporting revelou-se cansado e órfão de qualidade individual para criar soluções para desfazer o empate.
- O erro de Max foi quase decalcado do Marchesin. Têm onze de idade e experiência a separá-los. Não sendo portanto por esse erro mas somando ao computo geral das suas actuações o Sporting tem de perceber que o custos na sua aposta são reembolsáveis. A idade pode ser invocada mas as referências para aquele posto tão exigente põe-lhe a fasquia muito elevada.
- Para quem não gostaria de ser um lateral direito Rúben Amorim está a oferecer a Camacho a ala direito. Que aproveite.
- Quaresma tem um potencial tremendo que só beneficiará da presença de jogadores com a classe de Mathieu
- A primeira de Matheus Nunes foi assim, assim. Talvez precise de conseguir libertar-se mais para tarefas de construção, mas o treinador pede-lhe acima de tudo fiabilidade na oposição e recuperação de bolas. E ai cumpriu.
- Jovane melhorou muito na segunda parte e melhorará muito quando for menos irregular. A ver vamos, como diria o cego.
- Irregularidade e ofuscamento são os apelidos de Vietto. Não fora isso e estaria noutras ligas. Claramente ainda em processo de aperfeiçoamento após paragem.
- Bem Sporar, a fazer exactamente aquilo que se pede a um ponta-de-lança perante as oportunidades e a ser o primeiro defesa da equipa quando a bola era perdida no ataque.
- Apesar de ser um jogador de quem muito se espera e do todo o potencial que se reconhece a entrada de Plata acabou por ser inútil e decepcionante. Um jogador que quer ser uma referência internacional está obrigado a fazer muito mais do que vem conseguindo, sem apelar à idade e mesmo considerando a instabilidade que o rodeia.
Notas finais:
Apesar do resultado não ter sido o desejado nem tão pouco o que parecia possível é claro que existem ideias bem definidas, bem trabalhadas e aqui ali bem interpretadas pelos jogadores. Nomeadamente no ataque, em claro contraste com o passado recente. É necessário ver qual vai ser a resposta a dar nos próximos compromissos, sobretudo ao nível de consolidação, evolução do nosso jogo e como vai a equipa responder à medida que a nova disposição e novos executantes começarem a ser melhor conhecidos pelos adversários.