Os portugueses de Milão
Longe vão os tempos em que Rui Costa brilhou com a maglia 10 do AC Milan. O português jogou durante cinco temporadas no clube rossoneri, entre a temporada de 2001/02 até 2005/06. Antes, em Florença, ao serviço da Fiorentina já tinha deixado a sua marca. O 10 da Amadora foi durante algumas épocas uma peça chave no sistema de Ancelotti, fazendo parte da equipa que conquistou a Liga dos Campeões em 2003 batendo a Juventus nos penaltis. Portador de uma elegância ímpar, qualidade de passe e visão de jogo, o ex-SL Benfica, deixou saudades em Milão.
João e André por Milão
Em 2017 voltamos a ter um português no AC Milan, André Silva. O prodígio do FC Porto aterrou em Milão antes de se estrear pela seleção na Taça das Confederações. Procura suceder a Rui Costa no protagonismo, ainda que, em posições muito diferentes. André é avançado, Rui Costa era um médio. E por falar em médios, do outro lado da barricada, há João Mário. O ex-Sporting chegou em 2016, vindo precisamente dos leões, para reforçar o plantel à data de Roberto Mancini. Este sim, mais parecido a Rui Costa, até na elegância como joga e pauta os ritmos da partida. Sem esquecer também João Cancelo, o lateral-direito está no Inter emprestado pelo Valência, onde tem sido apontado o seu regresso.
A sorte dos portugueses não tem sido a mesma que há uns anos atrás, Rui Costa, e, depois Luís Figo encontraram em AC Milan e Inter de Milão. Ambos os clubes atravessam uma crise de títulos, mas, sobretudo uma crise de identidade. Vários treinadores passam nos bancos de San Siro, tanto de um lado como do outro, mais recentemente foi Montella a sair do Milan para dar lugar ao famoso Gattuso.
A vida do médio tem sido mais dificultada nos últimos tempos. Spaletti parece não confiar muito no criativo português. No 4x2x3x1 do italiano, é o catedrático Borja Valero que desempenha uma função de organizador-criativo, enquanto Vecino e Gagliardini actuam mais na retaguarda, dando mais ímpeto físico e verticalidade quando em vez. João Mário e Cancelo vão espreitando as oportunidades que vão tendo, não sendo muitas percebe-se que João Mário poderia ter um papel mais preponderante, enquanto o jovem lateral continua a evidenciar os mesmos problemas de cariz defensivo.
Já André Silva, é um caso mais agridoce. Se na Europa o avançado leva 6 golos apontados, já em competições domésticas ainda não saboreou a sensação de fazer abanar as redes italianas. Com Gattuso tem tido a vida mais complicada, o antigo médio-defensivo aposta mais em Kalinic e Patrick Cutrone, embora reconheça talento a André Silva.
Portanto, a vida dos portugueses por Milão não tem sido nada facilitada, além de encontrarem ambos os clubes em situações muito similares, em crise, também os jogadores vivem vidas parecidas. Entre o banco e o relvado, por vezes até na bancada.
Com o Mundial à porta não será de espantar que João Mário e Cancelo possam sair ainda antes do fecho do mercado. Enquanto que, André Silva ficará sempre numa situação mais dúbia, mas as oportunidades têm sido maiores e é mais vezes chamado para entrar do que o caso de João Mário e Cancelo. Com o re-começo da Seria A, espera-se uma segunda volta muito intensa e esperemos que todos os portugueses tenham sucesso, os de Milão e não só.