Em busca da afirmação
Rafinha foi uma das poucas contratações de inverno do Inter, o médio-ofensivo de 24 anos procura em Milão o sucesso (individual) que nunca teve em Barcelona, onde foi sempre segunda e por vezes terceira opção, mas também pelas constantes lesões que o têm atormentado. Poderia continuar na Catalunha onde seguramente continuaria a vencer títulos, no entanto como qualquer jogador de futebol que se preze, Rafinha quer minutos e competição.
Formado em La Masia, juntamente com o seu irmão Thiago, que tem tido mais sucesso do ponto de vista individual, Rafinha sempre deu nas vistas pela óptima relação que o seu pé esquerdo tem com a bola. Técnica e mais técnica, uma cumplicidade que vem desde muito pequeno, o que lhe permite ter uma enorme capacidade de recepção e passe, fundamental para entrar em La Masia. Criativo, tecnicamente muito acima da média e com visão de jogo. No abstracto, Rafinha tem todas as qualidades para ser um jogador de elite, mas, aos 24 anos ainda precisa de ser uma certeza e não uma eterna promessa. Se olharmos para a sua idade – 24 anos – vemos que está no mesmo patamar etário que Neymar, Icardi, Pogba ou Salah. Mas estes jogadores citados já demonstraram o seu talento, Rafinha só em bruto.
Podendo jogar como médio-centro, médio-ofensivo ou até mesmo extremo-direito, Rafinha procura também aqui especializar-se numa posição de forma a que seja visto de outra forma. Durante os últimos três anos com Luís Enrique, sempre foi visto como um “faz tudo”. Jogando em diversas posições e substituindo vários jogadores. Até na posição de Messi chegou alinhar. Não esquecendo as vezes que alinhou como falso lateral direito no sistema 3-4-3 que Luís Enrique experimentou em Barcelona.
A chegada do brasileiro coincide com a saída de João Mário, os dois não sendo incompatíveis no mesmo plantel, pelo contrário, acabam por beneficiar de chegar em alturas diferentes. Uma porque o português já jogava pouco, e, vindo Rafinha, as possibilidades de jogar seriam menores. Para Rafinha é menos um “opositor” na sua chegada para a afirmação em Milão.
Spaletti ainda não lhe deu a titularidade desde que chegou, tem feito aos poucos a sua integração, contando somente com 58′ minutos distribuídos por três partidas – SPAL, Crotone e Bolonha. Na última aparição – com o Bolonha – Rafinha chegou mesmo a ser determinante para o Inter conseguir desfazer o 1-1. Bastou meia-hora para que Rafinha tivesse peso no jogo do Inter e ajuda-se a equipa da capital a voltar às vitórias oito jogos depois. Acabou com a monotonia da sua equipa dando qualidade no terço final, além de colaborar com o 2-1 de Karamoh, teve um acerto de passes de 88% e demonstrou que, não interessa quantas vezes se chega à entrada da grande área, mas sim pela qualidade com que se faz.
O Inter pode ter ganho aqui não só o jogo, e, o 3º lugar, mas, também o verdadeiro reforço que faltava. Rafinha pode assumir a posição de médio-interior ou de médio-ofensivo, em tese pela qualidade que demonstrou assenta-lhe bem a função de tequartista, obrigando assim que Borja Valero baixe no terreno e comece a participar mais na base da jogada. Na realidade, será o ganho de criatividade e lucidez que o meio-campo do Inter necessitava e não só a força e verticalidade. Rafinha deu aqui o primeiro passo à sua afirmação, quem sabe até se ainda não vai a tempo de convencer Tite a levá-lo ao Mundial da Rússia.