Paciência. A melhor amiga de um treinador de futebol

Pedro SousaJaneiro 1, 20214min0

Paciência. A melhor amiga de um treinador de futebol

Pedro SousaJaneiro 1, 20214min0
Um bom treinador só terá sucesso se tiver paciência e tiverem paciência com ele. Vê aqui como esta coisa simples pode mudar uma carreira!

Pedro Sousa é autor do projeto Bola na Relva e colaborador do Fair Play!


Um treinador de futebol está sujeito a uma pressão incrível. Para além de viver em constante necessidade de vitórias, hoje em dia, o jogar bom futebol também está aliado à profissão. Os bons resultados e também os títulos não significam que o cargo de treinador está seguro. É preciso sempre mais e os níveis de exigência nunca foram tão altos. Porém, os factos dizem-nos outra coisa. A pressão de vencer no imediato nunca é boa conselheira e a paciência é sempre recompensada a médio/longo prazo. E há exemplos que compravam isso.

Sir Alex Ferguson (1986 até 2013) – o mestre da paciência

A caminhada do escocês à frente do Manchester United não foi sempre cheia de brilhantismo e títulos. Quando assinou pelos Reds, Alex Ferguson passou por momentos bastante complicados. Chegou a estar a um jogo de ser despedido, mas um triunfo sobre o Nottingham Forest, a contar para a FA Cup, salvou o técnico, na época de 1989/90. Nessa temporada, os Reds conquistaram a Taça de Inglaterra, mas as prestações no campeonato não estavam a ser as melhores. Por isso, apesar dessa conquista, as dúvidas e incertezas estiveram sempre presentes.

Na época seguinte, Ferguson somou mais dois títulos ao palmarés do United, no entanto, o título de campeão inglês continuava a escapar. Apenas em 1992/93 é que surgiu o primeiro grande título inglês, onde muitos comentadores consideraram a contratação de Eric Cantona como fator importante para a conquista. A partir dessa temporada, e apoiado num núcleo forte de jogadores (David Beckham, Gary Neville, Phil Neville, Roy Keane, Nick Butt, Ryan Giggs, entre outro), o sucesso aterrou mais vezes em Old Trafford e a paciência dos dirigentes dos Reds em Sir Alex Ferguson trouxe frutos duradores e bem saborosos.

Jurgen Klopp (2015 até ao presente)

O carismático treinador alemão chegou a Anfield com a missão de reerguer um gigante adormecido. A saída de Brendan Rodgers foi anunciada no início de outubro e a contratação de Klopp dias após à saída do galês. O treinador alemão chegou, assim, a Inglaterra e estava ciente da tarefa que tinha em mãos. Na conferência de antevisão deixou tudo bem claro. Pediu tempo e paciência.

Um exemplo de sucesso na Premier League e na Champions (Foto: Getty Images)

Os dirigentes deram isso a Klopp e os resultados foram sempre em crescendo, apesar de a primeira época ter acabado em desilusão. O clube de Liverpool terminou em oitavo na Premier League e falhou o acesso às competições europeias, perdendo a final da Liga Europa, diante do Sevilla. A época seguinte lutou apenas internamente e terminou com a qualificação para a Liga dos Campões, um desejo dos adeptos dos Reds. O regresso à prova milionária foi digno de registo e apenas o Real Madrid foi mais forte que o Liverpool na final de Kiev. Um final duro, mas que fortaleceu a equipa de Klopp para na temporada seguinte conquistar a Liga dos Campeões e terminar em segundo lugar na Premier League.

Na última época, o alemão saciou, definitivamente, os adeptos do emblema de Merseyside, com a conquista do campeonato inglês. Apoiado numa estrutura que cresceu ano após ano, os dirigentes do Liverpool mostraram paciência e acreditaram no projeto Klopp. Um clube que cresceu muitos sob a vigência do alemão e que promete continuar a abrilhantar a europa.

 

Tuchel foi uma das vítimas da falta de paciência (Foto: Getty Images)

Estes são os maiores exemplos que a paciência recompensa mais tarde. Contudo, há clubes que não a tem e estão constantemente a trocar de timoneiro. Um desses emblemas é o PSG. O último crucificado foi Thomas Tuchel. O alemão chegou à final da Liga dos Campeões, na época passada, e venceu tudo internamente. Este ano, as coisas têm estado mais tremidas, mas a saída de Tuchel está relacionada com o falhanço na conquista da prova milionária. As feridas não sararam e o caminho do alemão terminou agora, em dezembro.

O clube da capital francesa é um projeto milionário que, apesar de dominar internamente, tem falhado constantemente na Liga dos Campeões. A não conquista da prova tem crucificado treinadores e nem Carlo Ancelotti, um treinador com bastante experiência na prova europeia, conseguiu sobreviver no mar de milhões.


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