Jack and James. A nova sociedade inglesa
Pedro Sousa é autor do projeto Bola na Relva e colaborador do Fair Play!
O futebol inglês está em alta em termos de formação. Os clubes souberam reinventar a forma como formavam os jovens atletas e, cada vez mais, aparecem grandes talentos em Terras de Sua Majestade. Isto é uma realidade não só adotada pelos emblemas inferiores financeiramente, mas também pelos ditos “grandes”.
Dois casos dessa nova filosofia inglesa são Jack Grealish e James Maddison. O primeiro ainda não saiu do clube de formação, no entanto, o número 10 do Leicester City mudou para os Foxes vindo do Norwich City.
O menino que não quer deixar Birmingham
A transferência de Jack Grealish é falada em cada mercado de transferências. Talvez seja uma questão de tempo até que dê o salto que muitos já esperam. Contudo, o capitão do Aston Villa sente-se bem no clube e ainda não deixou os quadros do emblema de West Midlands.
Sempre muito problemático no início da carreira, Grealish parecia que não ia vingar no futebol inglês. Prometeu muito no início, mas a fama de “bad boy” acompanhou-o sempre. E parece que não melhorou muito com a idade. Aos 25 anos e a viver o melhor momento da carreira, Grealish ainda se mete em sarilhos. Porém, entra nas quatro linhas e transporta a energia de “bad boy” e passa a ser o ídolo dos adeptos dos Villans.
Quem acompanha sempre o camisola 10 são as meias curtas. E existe uma explicação para isso. Jack Grealish admitiu que as usa assim por superstição. O craque inglês confessou que, quando era mais novo, as meias encolheram na máquina de lavar e nessa época teve boas prestações, sendo que decidiu optar por entrar sempre em campo assim. E ainda há outra. No ano de subida do Aston Villa à Premier League, Jack teve uma lesão grave a meio da época e quando regressou foi decisivo no regresso à Premier. Até aqui, tudo bem. Só que usou sempre as mesmas chuteiras durante algum tempo, chegando ao jogo do Play-Off de subida com as chuteiras quase desfeitas.
E é dentro de campo que se destaca mais. E pela positiva. Jack Grealish é um jogador que está a despontar numa equipa que costuma estar fora dos grandes holofotes. A capacidade desequilibradora do camisola 10 é fora de série. Pode jogar no centro do terreno, mas é principalmente a partir da esquerda que desequilibra mais. A equipa está bem neste campeonato e muito graças às exibições de Jack Grealish.
A raposa que anda atrás de outra supressa
James Maddison é outro jogador que atua fora do “Top-Six”, mas joga numa formação que anda a intrometer-se muito no meio da luta dos maiores. E Maddison é um dos fatores que eleva o Leicester City a níveis bastantes elevados. Diferente de Grealish, dentro e fora do campo, o camisola 10 dos Foxes também está a ser seguido por muitas equipas de elevado poderio. E não são apenas ingleses. A jogar num nível bastante alto, James Maddison pertence a um grupo pequeno de jogadores que ainda mantêm vivo o papel de “número 10”. Dono de uma técnica acima da média, a inteligência com que aborda os vários momentos do jogo eleva o seu futebol para patamares bem acima do Leicester.
A formação comandada por Brendan Rodgers está, mais uma vez, na parte de cima da tabela classificativa e a desempenhar excelentes performances. O sonho do título paira, novamente, o King Power Stadium. E a par de Jamie Vardy, Maddison é a principal figura do clube, neste momento. Capaz de desempenhar esse papel de “número 10”, o atleta acrescenta a capacidade de bater as bolas paradas de forma exímia. O que para o treinador norte-irlandês é essencial.
Contratado ao Norwich por 20 milhões de euros, em 2017/2018, após uma grande época nos canários, chegou e pegou logo de estaca. Cresceu num clube rival do Aston Villa de Jack Grealish, Coventry, e tal como o colega de seleção está na melhor fase da carreira.