Hoje choramos nós… uma homenagem simples a Jéremy Mathieu
Mais do que a falta que um jogador como Jéremy Mathieu vai fazer no que resta do campeonato e do buraco que dificilmente será tapado com a sua retirada, hoje choramos a forma cruel como lhe é retirada a possibilidade de abandonar a carreira de futebolista a fazer como que sempre terá certamente querido: por decisão voluntária e a jogar. Crueldade essa que já vinha sendo exercida sobre ele e demais companheiros de profissão e sobre nós, adeptos, ao obrigar a jogar em estádios despidos de multidões e de bruás por via da pandemia.
Com o final da carreira de um dos melhores centrais de sempre a passar pelo Sporting CP fecha-se também, por tempo indeterminado ou de forma definitiva, um ciclo nos leões em que foi possível recrutar jogadores de categoria mundial como Luisinho, Schmeichel, André Cruz ou Balakov. O futuro volta a ser novamente a prata da casa, onde Quaresma e Gonçalo Inácio procuram encontrar o seu lugar ao sol. A possibilidade de Mathieu continuar ligado ao Sporting é uma hipótese interessante desde que seja uma bem enquadrada e não uma decisão sem ser pensada.
Mas regressando a Mathieu, o que realmente trouxe o central ao emblema de Alvalade para poder ser recordado como um dos melhores centrais de todo o sempre? Deixando as questões técnicas para último, o internacional francês apresentou praticamente sempre uma elegância perfumada quando ocupava um dos lugares no centro do eixo defensivo, sendo titular em quase todos os jogos quer fosse com Jorge Jesus, José Peseiro, Marcel Keizer ou Rúben Amorim, impondo uma agilidade de excelência que fez a diferença durante as três temporadas que serviu os verde-e-brancos.
Desde 2017 em Lisboa, Mathieu completou mais de uma centena de jogos (105), com a última época sob o comando de Jorge Jesus ter sido a que mais vezes surgiu na ficha de jogo. Infelizmente, as lesões foram uma constante a partir da 2ª época no Sporting CP, mas regressou sempre com o mesmo valor, fugindo ao “fantasma” das más exibições mesmo que a avançada idade fosse um adversário gigante no seu caminho.
A voz de comando, os olhos sempre apontados para o terreno de jogo, a paixão evocada em cada passada que armava e a forma enorme como fazia sombra aos avançados adversários, são outros elementos que definem o contributo de Mathieu com o leão ao peito. Como André Cruz, o pontapé certeiro nos livres fez mossa e ganhou destaque na Primeira Liga portuguesa, com uma eloquência fenomenal que fez o Estádio de Alvalade e os adeptos do Sporting CP a levantarem-se para celebrarem as “bombas” telecomandadas do central que vão deixar eternas saudades.
Um jogador que nunca poderá ser só lembrado como um simples atleta profissional pois a emoção, o carinho e a paixão que impôs sempre que vestiu a camisola do Sporting CP merece ser eternizada nos melhores pergaminhos dos leões.
Palmarés de Jeremy Mathieu
Barcelona
• Campeonato Espanhol: 2014–15, 2015–16
• Taça do Rei: 2014–15, 2015–16, 2016–17
• Supertaça da Espanha: 2016
• Liga dos Campeões da UEFA: 2014–15
• Supertaça da UEFA: 2015
• Campeonato do Mundo de Clubes da FIFA: 2015
Sporting
• Taça da Liga: 2017–18, 2018–19
• Taça de Portugal: 2018–19