Giovinco. Recordações de um génio na hora da despedida
Poucas horas depois da surpreendente transferência de Sebastian Giovinco para o Al-Hilal da Arábia Saudita, o Fair Play e a MLS Portugal analisam as consequências que a saída do mágico italiano poderão trazer para a equipa canadiana. Sendo certo que o futebol é cíclico e as mudanças são inevitáveis, é inegável que os adeptos da Major League Soccer sentirão falta de um jogador do calibre de Sebastian Giovinco.
Chegar, ver e vencer
Poucos são os casos de jogadores que conseguiram mudar um clube da forma como Giovinco o fez com os Toronto FC. Para se ter noção, antes do italiano chegar à MLS, a formação canadiana nunca tinha chegado aos playoffs da competição. Depois da “Formiga Atómica” aterrar em Toronto (fevereiro de 2015), o conjunto liderado por Greg Vanney só por uma vez não chegou à fase decisiva da prova.
É certo que Giovinco não joga sozinho (para o sucesso recente dos Toronto FC muito contribuíram jogadores como Jozy Altidore, Michael Bradley e Victor Vázquez), mas é impossível não se associar o fantasismo e o talento do italiano aos bons resultados da equipa nos últimos anos.
Em 2015, na sua primeira temporada na Major League Soccer, Sebastian Giovinco apontou 23 golos e fez 14 assistências, tendo terminado o ano como melhor marcador da competição. No ano seguinte, o jogador de 32 anos fez balançar as redes adversárias em 22 ocasiões, dando ainda 16 passes para golo aos colegas. Em 2017, temporada em que os Toronto FC venceram a MLS pela primeira e única vez na sua história, Giovinco apontou 20 tentos e fez sete assistências. Na época transata, o mago italiano apontou 18 golos e assistiu 14 vezes os companheiros de equipa.
Mais do que os números, ficam na memória dos adeptos as movimentações inteligentes, as combinações de olhos fechados com Altidore e os golos de livre (foram 14 no total em quatro anos de MLS). Os 83 tentos apontados em 142 jogos ao serviço dos Toronto FC conferem, muito provavelmente, o título de melhor jogador de sempre do clube a Sebastian Giovinco, assim como um dos melhores da história da Major League Soccer. Por fim, e se dúvidas existissem sobre a influência do avançado, basta referir-se que Giovinco conquistou cinco títulos (uma MLS Cup Final, uma Supporters’ Shield e três Canadian Championship) em quatro anos nos Toronto FC para estas serem rapidamente dissipadas.
O que esperar dos Toronto FC em 2019?
A faltar cerca de um mês para o início do campeonato, os Toronto FC já asseguraram a contratação de alguns “pesos pesados” da competição. A equipa canadiana contratou o experiente Laurent Ciman (para além das qualidades do belga, a contratação de Ciman não deixa de ser um ligeira provocação aos “vizinhos” Montreal Impact) e Nick DeLeon, atleta bastante versátil que atuava nos DC United. Para além disso, o conjunto liderado por Greg Vanney conseguiu contratar em definitivo Auro, lateral brasileiro que mostrou bons predicados na temporada passada.
Se a defesa parece ser um setor bem composto e com várias soluções, do meio campo para a frente não se pode dizer o mesmo. A saída de Giovinco é importante e difícil de colmatar e o mesmo se pode dizer da ida de Victor Vázquez para o Qatar. O médio espanhol era o verdadeiro playmaker dos Toronto FC, a ponte entre a zona intermediária do terreno e o ataque. Sem ele e sem Giovinco, torna-se evidente que a formação canadiana ficou desprovida de grande parte da criatividade que apresentava em campo.
A tudo isto é importante somar-se as constantes lesões de Jozy Altidore. O avançado norte-americano apresenta imensas valias, mas também é sabido que tem uma condição física que deixa um pouco a desejar. Assim sendo, e tendo em conta que a equipa tem um lugar de “Designated Player” por preencher, torna-se evidente a importância de os Toronto FC recorrerem novamente ao mercado antes do arranque oficial da temporada.
Artigo escrito por Diogo Matos, administrador e fundador da página MLS Portugal.