Sporting de Amorim joga de olhos fechados
O Sporting está bem e recomenda-se e parece estar na sua melhor fase das últimas décadas no que ao futebol diz respeito. A equipa de Rúben Amorim joga de olhos fechados e é quase impossível os ditos “pequenos” do nosso futebol conseguirem travar os leões.
O Sporting apresenta uma dinâmica com bola cada vez mais interessante com a já tradicional construção a 3 mas que tem uma série de nuances que permite sair de múltiplas formas consoante a zona mais frágil do adversário, estando os atletas cada vez mais rápidos e inteligentes a perceber onde “destapa a manta” das defensivas adversárias.
Um dos movimentos mais típicos e já mais antigos desta equipa passa pela variação longa do flanco de jogo, com a equipa a congestionar um lado do campo e depois a virar para o flanco oposto ou através de um dos médios ou de um dos centrais com mais qualidade de passe (Gonçalo Inácio e Debast), com a ideia de deixar o ala numa situação de 1×1 com o defesa contrário mas com espaço para realizarem o drible longo que preferem.
No entanto com a qualidade de Pote, Trincão, Morita e Bragança o Sporting está cada vez mais confortável a sair pelo meio com toques de primeira e de costas para os colegas com a ideia de irem criando tabelas e progredindo no terreno, sempre com Gyokeres a “prender” os centrais e a servir de último pivô nesta rotação de bola até ao momento da finalização onde, habitualmente, o trio da frente é muito letal.
Com a chegada de Debast o Sporting também começa a utilizar do lado direito algo que já era habitual do lado esquerdo do ataque com a bola a entrar rasteira entre linhas mas na profundidade do ala e não no pé do extremo interior que apenas se movimenta para arrastar marcações.
Por fim a equipa do Sporting utiliza, nomeadamente quando pressionada alta a bola longa na profundidade para a corrida de Gyokeres que depois tentará sozinho arranjar espaço para finalizar, uma vez que é muito forte também no 1×1.
Tudo isto leva a um sem número de recordes na liga em ações na área adversária, remates, posse de bola, golos, passes progressivos, dribles eficazes etc…
No entanto, também defensivamente a equipa evoluiu bastante depois de um início de época mais complicado. A equipa pressiona alto com as referências bem definidas com 2 propósitos: ou roubar a bola alta ou obrigar o adversário a chutar longo onde caberá ao trio de centrais usarem o seu poderio físico para ficar com a bola. Caso a equipa seja apanhada em contra golpe ou não fique com a segunda bola de um remate longo a forma rápida como a equipa desce para trás é impressionante, demonstrando um compromisso gigante com a equipa em atletas como Pote ou Trincão.
O Sporting aumenta bastante o risco nesta sua nova forma de defender (inspirada na Atalanta) onde os 3 centrais ficam homem a homem com os 3 da frente da equipa adversária permitindo que mais jogadores participem na pressão alta da equipa.
Por último esta equipa do Sporting é também competente nas bolas paradas apesar de apresentar maiores debilidades desde a saída de Coates e Paulinho, algo que ficou acentuado com a ausência de Diomande nas últimas partidas ou com a ausência de Inácio noutras, claramente as duas principais referências defensivamente e ofensivamente. Apesar disso o Sporting continua a causar perigo através de cantos e livres laterais já levando bastantes golos conquistados dessa forma bem como lances de grande penalidade.
Isto leva a que também defensivamente o Sporting ocupe alguns recordes na liga como o número de golos sofridos e oportunidades e remates permitidos aos adversários.
Isto é ainda mais impressionante porque o Sporting na liga jogou já 5 jogos fora de casa e dos 4 em casa 1 foi contra o FC Porto, tendo também já jogado mais jogos fora que em casa na Liga dos Campeões.
Uma equipa que enche de orgulho os sportinguistas e que dá gosto de ver jogar, independentemente da cor clubística de cada um.