Quem é que disse que Pedro Gonçalves era caro?
Pedro Gonçalves chegou esta época ao Sporting, naquilo que foi um pedido expresso de Rúben Amorim. Os leões segundo comunicado adquiriram 100% do passe do atleta e ficaram com a responsabilidade de ceder ao Famalicão 50% do valor angariado numa futura transferência, num negócio que se fechou nos 6.5M€.
Logo vieram à baila as notícias e os comentários de que o ex-Famalicão era um jogador sobrevalorizado e que só valia essa quantia por estar naquilo que é designado por “carrossel” ou “Lavandaria do Mendes”, devido ao seu passado por clubes que possuem boas relações com o empresário português.
Estes comentários só podiam vir de quem não viu a sua participação no clube minhoto na época transata. Porque quem viu a enorme temporada do reforço leonino ficou logo com a sensação de que estava ali um enormíssimo jogador, não em tamanho, mas no que realmente importa, qualidade técnica, tática e inteligência a ler o jogo.
Pote como é carinhosamente tratado no mundo do futebol, marcou 7 golos no Famalicão, Vietto no Sporting fez 8 na mesma época e com mais competições em cima da mesa. Logo por aqui se vê que não se trata de um médio qualquer. É um médio com golo e isso é de extrema importância nos dias de hoje.
Para além de finalizar bem, ainda agora finalizou duas vezes de pé esquerdo, quando é destro, Pedro Gonçalves é um “ratinho” que foge muito bem da marcação na busca pelo espaço, abrindo brechas na defensiva adversária ao baralhar as marcações. Os seus heat-maps não enganam. Pouco importa se começa no lado direito do ataque ou ao centro, Pote vai aparecer um pouco por toda a largura do terreno de jogo.
Com tendência para realizar movimentos interiores Pedro Gonçalves faz um papel muito semelhante ao que foi feito por João Mário no Sporting de Jorge Jesus atuando como falso extremo na ala, mas com uma vantagem já referida: A diferença na finalização.
É precisamente este fator da finalização, longa distância e qualidade na decisão que parecem ter levado Ruben Amorim a colocá-lo numa ala em vez de no meio como jogou em Famalicão. Até porque no Minho tinha atrás de si dois jogadores a compensar a equipa algo que não acontece no meio campo a dois de Alvalade.
Assim Rúben encontrou o espaço ideal para ele na ala onde não é obrigado a recuar para junto dos centrais, onde perde todo o seu potencial de último terço, passando agora essa tarefa a João Mário e Palhinha, dois jogadores maduros, com qualidade no passe e que têm capacidade de decidir como irá atacar o leão, libertando os criativos para a fase decisiva do campo.
Não sendo grande adepto de futurologia parece evidente que Pedro Gonçalves se vai tornar um caso sério no futebol nacional. Caso consiga melhorar ainda mais a sua veia goleadora vai atrair o olhar dos principais clubes europeus (o número de golos marcados foi e continuará a ser a estatística mais importante nos jogadores da frente), as portas da seleção nacional podem abrir-se com a saída de Moutinho por exemplo, e o jogador ganhará outra visibilidade.
É certo que no dia em que for vendido o clube de Alvalade não receberá a totalidade do valor, mas isto não é motivo para alarme, porque na hora de o comprar também só pode contar com a sua qualidade futebolística pagando um valor abaixo daquilo que foi exigido pelo Famalicão abdicando da verba futura.
Como apologista que sou de grandes jogadores digo sem problema nenhum: Melhor pagar 6,5M€ por 50% do Pedro Gonçalves do que 500k, ou 1M ou 2M por 100% de jogadores duvidosos, que raramente calçam, que não desequilibram nem decidem jogos.
Claro que era melhor ter 100% de uma futura venda de Pedro Gonçalves, mas isso implicaria outro esforço financeiro que infelizmente o clube não tem, não faria era sentido deixar escapar a contratação de um jovem desta qualidade apenas porque no futuro a venda não será tão lucrativa como desejaríamos, afinal de contas enquanto joga no Sporting, Pedro Gonçalves joga a 100% e vai decidindo jogos e espalhando o seu perfume pelo campo como se viu frente ao Santa Clara e ao FC Porto.