Não podia ter corrido melhor Mister!
Ruben Amorim saiu do Sporting, mas ficará sempre no Sporting um bocadinho de Ruben Amorim porque ele foi a peça que faltava para erguer o futebol deste clube quando a direção tomou posse em 2018, e por ter conseguido esta proeza de se eternizar no clube só podemos dizer: “Obrigado Ruben! Não podia ter corrido melhor!”
Frederico Varandas e Hugo Viana tinham uma ideia para o futebol do clube quando venceram as eleições de 2018, mas faltava aquela que é a peça chave segundo a ideologia da direção: o treinador. Como se soube recentemente, foram vários os nomes de qualidade que rejeitaram o projeto naquela fase super difícil do clube. E é aí que surge logo o primeiro elogio a este grande treinador que não teve medo de entrar neste gigante adormecido e confiou em si para reerguer um clube que parecia não ser possível reerguer. E desde esse dia para a frente este novo trio (Varandas, Viana e Amorim) começou a “limpar” a casa. Começou pelo plantel, limpando nomes sem qualidade para este nível para promover jovens da formação, reduzindo drasticamente a folha salarial do plantel. Depois foi modificado todo o departamento de Scouting com as saídas de olheiros que manifestamente “sabotaram o clube” como se viu nas contratações de Jesé e Fernando no final do mercado anterior. A isto juntou-se o já criado departamento de performance e as alterações na estrutura da academia e as bases estavam lançadas.
A partir daqui os adeptos apenas tiveram que se sentar no sofá e começar a apreciar a mudança para melhor do Sporting de Amorim, com um novo sistema tático, uma nova vontade de vencer e acima de tudo, o regresso ao título mais desejado há quase 2 décadas: o Campeonato Nacional. Algo que nem a direção ou Amorim esperavam conquistar logo no primeiro ano, nem nos seus melhores sonhos, mas que ajudou bastante a trazer estabilidade a um clube dividido e que estava sempre à beira da próxima crise. Amorim tinha agora crédito para os próximos anos.
A segunda época voltou a ser de grande qualidade e a equipa ficou perto do bicampeonato, mas essencialmente estava-se a caminhar para algo maior que era tornar o clube mais equilibrado e mais preparado para lutar sistematicamente pelo título e não apenas esporadicamente. Juntamente a isto tudo conseguiu levar o Sporting aos oitavos da Champions League pela segunda vez na sua história (era moderna), algo que foi permitindo ao clube amealhar dinheiro para ir recuperando os cofres leoninos.
Na sua terceira época a direção teve que trair, um bocadinho, o treinador ao retirar-lhe competividade em prol do pagamento das VMOC’s, uma decisão difícil mas necessária e que necessitou de grande coragem da direção, hipotecando uma época em prol de um futuro muito mais risonho. No final acabou por ser a mesma direção a aguentar (e renovar) com Amorim e a dar-lhe a estabilidade para a sua quarta época, quando surgiam pela primeira vez críticas ao trabalho da equipa técnica por uma minoria dos adeptos.
No seu quarto ano e novamente com a direção a oferecer jogadores chave, Amorim realizou a sua melhor época no Sporting com a conquista de um campeonato dominado por si do início ao fim e que acabou com 2 dígitos de diferença para ambos os rivais na tabela classificativa.
Infelizmente Amorim não foi capaz de rejeitar o Manchester United, numa decisão completamente compreensível mas que surge na pior altura possível para os sportinguistas que levam 11 vitórias em 11 jogos na liga, estão em segundo lugar na nova fase de liga da Champions League, estão na final four da Taça da Liga e continuam em prova na Taça de Portugal. Ficarão para sempre no ar os vários “E se?” de muitos sportinguistas e quiçá do próprio Ruben que ainda tentou ao máximo sair apenas no final da temporada.
Muito foi feito, algumas coisas ficaram por fazer (conquistar a taça de Portugal por exemplo), houve momentos muito duros (a derrota com o LASK; a Supertaça que tínhamos na mão e deixámos fugir; A final da Taça que fugiu no prolongamento), mas mais do que os títulos o que levarei para sempre é esta energia e esta nova mentalidade. Hoje os adeptos entram em Alvalade confiantes na vitória; Hoje os adversários entram em Alvalade derrotados; Hoje os rivais respeitam e temem o Sporting; Hoje o Sporting vai à Liga dos Campeões para lutar e não apenas participar; Hoje o Sporting empata um jogo e os adeptos tem o dia estragado; Hoje somos viciados em ganhar; Hoje é possível virar qualquer resultado; Hoje não é preciso esperar 20 anos.
A tudo isto só posso dizer mais uma vez: “Obrigado Ruben Amorim! Não podia ter corrido melhor!”
Agora é a vez do João Pereira naquela que é a primeira vez que uma sucessão de treinador estava a ser preparada há largos anos no nosso futebol e acontece numa saída de um treinador num excelente momento. A direção já mostrou merecer total confiança e se a direção e Amorim confiam em João Pereira, então eu também confio no João!