Ronaldo ou não Ronaldo? Eis a questão!
A última pausa para os compromissos internacionais, trouxe consigo a primeira convocatória de Roberto Martinez e logo regressou à discussão pública o nome de Cristiano Ronaldo. Deverá ou não o capitão nacional continuar na convocatória da seleção? Deverá ser titular indiscutível? Deveria o próprio renunciar? Tudo questões que têm sido bastante badaladas e para as quais nunca irá existir consenso.
Uma coisa é indiscutível: Cristiano Ronaldo é o melhor jogador português de todos os tempos e a sua marca na seleção nacional vai ficar marcada na história provavelmente para toda a eternidade, ou pelo menos durante largos e largos anos. Se há um antes e um depois na vida da seleção com a geração de ouro, também o há em Ronaldo.
Quando Ronaldo chegou à seleção, a geração de ouro que falhou apenas o campeonato do Mundo de 1998 (no polémico vermelho a Rui Costa) começava a cimentar Portugal como uma presença assídua e temida, principalmente em Europeus de Futebol, e Ronaldo entra no pré-2004 e no final de muitos dos grandes nomes dessa geração como Figo, Rui Costa e Pauleta. Com a chegada de Ronaldo a geração de Ouro alcançou uma final de um Europeu e despediu-se de vez com o 4º lugar no Mundial 2006.
Mas o que seria da seleção sem estas figuras? Voltaríamos ao passado? Seria esta jovem promessa suficiente para segurar Portugal no topo?
E a resposta foi claramente que sim. Desde 2006 e muitas vezes com plantéis bastante medianos, foi sempre Ronaldo quem carregou a seleção às costas e pegou na batuta para remar contra a maré, colocando sempre Portugal nas decisões, quase sempre com a sua contribuição direta em momentos chave.
O Euro 2016 surge depois como o pináculo não só da seleção, mas de toda a carreira do Cristiano, mas mesmo aí não havia a qualidade individual de 2004, ou até de 2002, havia sim outros fatores que alinharam para proporcionar um momento épico. Foi apenas após o fracasso de 2018 que se começou a preparar uma seleção de elevado valor para rodear Ronaldo, com Bernardo Silva, Bruno Fernandes, Cancelo, Rúben Dias e Diogo Jota, tudo atletas que jogavam ao mais alto nível tal como Cristiano Ronaldo.
E neste momento é aqui que nos encontrámos. A seleção melhorou claramente a nível individual e Ronaldo já não precisa de carregar a nação nem de ser sempre ele a aparecer nos momentos decisivos, no entanto, também não me parece adequado que fruto disto se deixe de contar com Ronaldo.
A experiência e a qualidade de Ronaldo, que não sendo a mesma de outros tempos ainda é bastante acima da média, são qualidades que não se podem desperdiçar. E aqui penso que Martinez acertou em cheio ao continuar a contar com o capitão e figura maior do balneário, ao potenciar as suas qualidades colocando-o no campo (4 golos em 2 jogos é sempre um bom registo, independentemente do nível do adversário), mas também a perceber que é preciso ir renovando e dando minutos às alternativas, no caso Gonçalo Ramos. Isto permite à seleção jogar mais coesa e tira a responsabilidade toda de Ronaldo, sem ter a necessidade de exclusão total.
Esperemos agora pelos desafios mais exigentes para ver como reagirá a seleção e de que forma esta gestão do ataque pode continuar a surtir o efeito que teve até ao momento.